Segunda-feira é noite de assistir ao ‘’jornal da Cultura’’. Lá está o brilhante historiador, Marco
Antonio Villa, a desancar o Governo Dilma e apontar o dedo acusador para Lula.
E lá está – com menos brilho, é verdade – o ex deputado Airton Soares que,
apesar de suas escorregadas petistas, repete, com precisão, serem os bancos os
grandes vilões da crise. E, de quando em vez, é noite de, no mesmo canal,
assistir ao programa ‘’Roda Viva’’. O
de ontem, 31, reuniu algumas personalidades para discutirem a crise – e são
várias em uma só – e possíveis saídas para ela. Como não poderia deixar de ser,
fez-se um pouco a apologia do obvio, como diria o eterno Nelson Rodrigues.
Fazer a reforma administrativa, diminuindo o tamanho do Estado; fazer a reforma
tributaria, como forma de melhor distribuir os ônus e a riqueza; fazer a
reforma trabalhista, restringindo o poder dos sindicatos e flexibilizando as
relações de trabalho; fazer a reforma política, diminuindo o número de
partidos, de modo que apenas sobrevivam os que, realmente, tenham representação
popular. Tudo isto quem tenha um mínimo de lucidez, já sabe. As perguntas, que
ficaram sem resposta, foram: como fazer tais reformas e quem as farão. Todos
estiverem de acordo que a Presidente Dilma perdeu a capacidade de governar o
País, então ela não o será. Todos estiverem de acordo que o Congresso, que aí
está, além de ‘’rachado’’
internamente, é movido por interesses pessoais. Então, ele também não o será.
Todos concordaram que a oposição carece de um líder capaz de galvanizar ‘’a voz das ruas’’ e fazê-la ecoar em
Brasília. Então, a oposição também não o será. Assim, o debate, em que pese o
nível dos debatedores, caiu no vazio. Duas notas dissonantes: o economista
Mailson da Nóbrega afirmou que há exagero, que a crise não é tão grave, como se
a descrevem. É compreensível! Ele, como ministro da Fazenda do Governo Sarney,
produziu a maior inflação da historia do Brasil: 90% ao mês. O segundo ponto
negativo foi o Presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, dar, como
exemplo de criatividade, o aumento de 100% em algumas custas judiciais. Desde
quando aumentar encargos fiscais é exemplo de criatividade? No caso especifico
das custas judiciais, tal exacerbado aumento apenas servirá para inibir o cidadão
que, vilipendiado em seu direito, tem, no Poder Judiciário, a última esperança
de ver esse direito restaurado. E, no caso do aumento anunciado, os ativos
financeiros arrecadados, não se reverterão a favor do Poder Judiciário, que
continuará com sua máquina paquidérmica e seus funcionários, assoberbados de
trabalho, ganhando remuneração aviltada. Apenas à guisa de exemplo: uma
petição, protocolada hoje, somente chegará as mãos do Juiz, na melhor das
hipóteses, daqui há 02 meses. A advocacia, atualmente, é um doloroso exercício
de paciência, para advogados e clientes. Os serventuários da Justiça e os
Magistrados estão asfixiados com o excesso de trabalho (as ‘’turmas’’ do Tribunal de Justiça chegam a
julgar 200 recursos, numa única sessão), e o Poder Executivo não se
sensibilizou com o problema do jurisdicionado, preocupado, que está, em
resolver seu problema de caixa. Fernando Capez é nova, jovem e auspiciosa
liderança, que surge, egresso de sólida Instituição, que é o Ministério
Público. Tem ele se sobressaído, pelo seu dinamismo, na presidência da
assembléia legislativa paulista. Todavia, no episódio do aumento das custas
judiciais – que conta com o repudio da OAB/SP – melhor fora que o jovem
deputado propusesse que o Poder Executivo Estadual reduzisse o tamanho da
máquina administrativa.
De qualquer maneira, o ‘’Roda
Viva’’ de ontem foi prazeroso. Afinal conversa, entre pessoas inteligentes,
traz, sempre, aprendizados.
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