terça-feira, 1 de setembro de 2015

Segunda feira é noite de TV Cultura

Segunda-feira é noite de assistir ao ‘’jornal da Cultura’’. Lá está o brilhante historiador, Marco Antonio Villa, a desancar o Governo Dilma e apontar o dedo acusador para Lula. E lá está – com menos brilho, é verdade – o ex deputado Airton Soares que, apesar de suas escorregadas petistas, repete, com precisão, serem os bancos os grandes vilões da crise. E, de quando em vez, é noite de, no mesmo canal, assistir ao programa ‘’Roda Viva’’. O de ontem, 31, reuniu algumas personalidades para discutirem a crise – e são várias em uma só – e possíveis saídas para ela. Como não poderia deixar de ser, fez-se um pouco a apologia do obvio, como diria o eterno Nelson Rodrigues. Fazer a reforma administrativa, diminuindo o tamanho do Estado; fazer a reforma tributaria, como forma de melhor distribuir os ônus e a riqueza; fazer a reforma trabalhista, restringindo o poder dos sindicatos e flexibilizando as relações de trabalho; fazer a reforma política, diminuindo o número de partidos, de modo que apenas sobrevivam os que, realmente, tenham representação popular. Tudo isto quem tenha um mínimo de lucidez, já sabe. As perguntas, que ficaram sem resposta, foram: como fazer tais reformas e quem as farão. Todos estiverem de acordo que a Presidente Dilma perdeu a capacidade de governar o País, então ela não o será. Todos estiverem de acordo que o Congresso, que aí está, além de ‘’rachado’’ internamente, é movido por interesses pessoais. Então, ele também não o será. Todos concordaram que a oposição carece de um líder capaz de galvanizar ‘’a voz das ruas’’ e fazê-la ecoar em Brasília. Então, a oposição também não o será. Assim, o debate, em que pese o nível dos debatedores, caiu no vazio. Duas notas dissonantes: o economista Mailson da Nóbrega afirmou que há exagero, que a crise não é tão grave, como se a descrevem. É compreensível! Ele, como ministro da Fazenda do Governo Sarney, produziu a maior inflação da historia do Brasil: 90% ao mês. O segundo ponto negativo foi o Presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, dar, como exemplo de criatividade, o aumento de 100% em algumas custas judiciais. Desde quando aumentar encargos fiscais é exemplo de criatividade? No caso especifico das custas judiciais, tal exacerbado aumento apenas servirá para inibir o cidadão que, vilipendiado em seu direito, tem, no Poder Judiciário, a última esperança de ver esse direito restaurado. E, no caso do aumento anunciado, os ativos financeiros arrecadados, não se reverterão a favor do Poder Judiciário, que continuará com sua máquina paquidérmica e seus funcionários, assoberbados de trabalho, ganhando remuneração aviltada. Apenas à guisa de exemplo: uma petição, protocolada hoje, somente chegará as mãos do Juiz, na melhor das hipóteses, daqui há 02 meses. A advocacia, atualmente, é um doloroso exercício de paciência, para advogados e clientes. Os serventuários da Justiça e os Magistrados estão asfixiados com o excesso de trabalho (as ‘’turmas’’ do Tribunal de Justiça chegam a julgar 200 recursos, numa única sessão), e o Poder Executivo não se sensibilizou com o problema do jurisdicionado, preocupado, que está, em resolver seu problema de caixa. Fernando Capez é nova, jovem e auspiciosa liderança, que surge, egresso de sólida Instituição, que é o Ministério Público. Tem ele se sobressaído, pelo seu dinamismo, na presidência da assembléia legislativa paulista. Todavia, no episódio do aumento das custas judiciais – que conta com o repudio da OAB/SP – melhor fora que o jovem deputado propusesse que o Poder Executivo Estadual reduzisse o tamanho da máquina administrativa.

De qualquer maneira, o ‘’Roda Viva’’ de ontem foi prazeroso. Afinal conversa, entre pessoas inteligentes, traz, sempre, aprendizados. 

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