sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O novo conflito nas praias cariocas

Tive o privilégio de morar no Rio de Janeiro, entre 1971 e 1982 e, mesmo quando retornei para São Paulo, mantive, até 1992, o apartamento do Leme, colado à praia do mesmo nome, que eu e minha família freqüentávamos, com habitualidade. Já naquela época, a praia sofria, aos domingos, invasão de moradores dos subúrbios, aumentando, substancialmente, a ação dos ‘’ratos de praia’’, que, com destreza, incomum, subtraíram qualquer objeto, que o banhista desatento deixasse, sob sua barraca. Por isso, aos domingos, pela segurança dos meus, preferíamos o clube, que ficava ao lado. Ainda não havia os ‘’arrastões’’ dos dias atuais, mais freqüentes, em Ipanema e Leblon, preferidas por turistas. De notar, que toda a orla marítima é serpenteada por favelas, foco da bandidagem, o que não constitui qualquer novidade. Por outro lado, o efetivo policial-militar é exíguo, para se formar, exclusivamente, uma ‘’policia de praia’’. Em boa hora, o competente Secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, resolveu atacar o problema em seu nascedouro: os pontos iniciais dos ônibus dos subúrbios. Deduziu ele, com total razão, que o individuo que demanda à praia, vestindo sunga, mas sem dinheiro para comer um mísero pastel, e portando pedaços de madeira ou barras de ferro, é assaltante, em potencial e deve ser impedido de chegar a seu destino. Sua estratégia ia dando resultados, até que um juiz, provavelmente membro da ‘’esquerda caviar’’, proibiu ‘’blitz’’ da Polícia Militar nos ônibus e o resultado foi o dantesco espetáculo, mostrado pela televisão, com hordas de meliantes – a maioria menores – levando pânico aos freqüentadores daquelas praias. Noticia-se, agora, que os moradores de Copacabana, Ipanema e Leblon estão conclamando todos, pelas redes sociais, a formarem milícias para reprimirem os vândalos invasores. Desenha-se, assim, nas mais badaladas praias cariocas, verdadeiro estado de guerra que, por obvio, afastará quem não quiser expor sua segurança e de sua família, inclusive turistas, nacionais e estrangeiros que procurarão outras plagas, para curtirem seu lazer. É claro que a praia é do povo, independentemente de sua condição sócio-econômica ou seu bairro de origem. Todavia, não se pode admitir que, em nome dessa inefável liberdade de ir e vir, ampare-se o marginal e se castre o direito do cidadão de bem, que só quer dar um mergulho e ‘’pegar uma corzinha’’, jogando conversa fora e bebendo uma cerveja com os amigos. Se advierem conflitos entre ‘’milicianos’’ e meliantes, é de colocá-los na conta desse juiz que, com uma decisão desconectada com a realidade, inibiu a ação preventiva da polícia militar.


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