Estudante, à época, do curso primário, (nome antiqüíssimo do
ensino fundamental), quando tirava nota baixa, escondia-me das chineladas de
minha mãe, no fundo do quintal da casa, coberto por capim alto. Esconderijo
logo devassado e as chineladas recebidas, porque dadas com doçura e justiça,
nunca se transformaram em lesões psicológicas e delas as lembro, até com
saudade. Por que estou eu a remexer em minha caixa de recordações? Porque Dª
Dilma teve a nota de seu (des)governo rebaixada, com a ameaça de, se não
melhorar, rapidamente, poderá sofrer novo rebaixamento. A punição já foi
aplicada: o nome do Brasil foi para o ‘’Serasa Internacional’’ e o governo não
dispõe de crédito, nem para trocar a geladeira do Palácio da Alvorada. Todavia,
a pergunta que paira no ar, mas com pouso definido, é: como Dª Dilma vai
melhorar seu desempenho para, pelo menos, não sofrer novo rebaixamento de sua
nota? A redução do número de ministérios, por mais radical que seja, terá
efeito meramente simbólico, vez que a economia resultante será pífia, em
relação ao tamanho do rombo financeiro existente. Além disso, sabemos bem, os
beneficiários de funções gratificadas e cargos de confiança, que serão vitimados
com tal extinção, são apaniguados da já frágil base aliada, que restará menos ‘’base’’ e muito menos ‘’aliada’’. A criação de novos impostos,
mesmo se contar com o hipotético – e põe hipotético nisto – apoio do Congresso,
não trará eficácia imediata, vez que, em respeito ao principio constitucional
da anterioridade, tais novos tributos somente passarão a vigorar a partir do
próximo ano. Sobrou, assim, para Dª Dilma um único caminho: aumentar as
alíquotas dos impostos já existentes, solução obvia, já apresentada pelo
Ministro Levy, cuja situação se assemelha à daquele jogador, que entrou em
campo, nos últimos minutos da contenda, com a obrigação de virar o placar
adverso, mas os companheiros recusam-se a passar-lhe a bola. E quem são esses
‘’companheiros’’? Os partidos que lhe
fazem oposição; a própria ‘’base aliada’’, que não quer sofrer o desgaste
político de aprovar medidas impopulares; o empresariado, já atacado pela
recessão e que não suporta nem a carga tributaria existente e o povo, em geral,
em cujo, digamos, ‘’anus’’ o pau
acaba sempre, quebrando. Onde a saída?, pergunto a alguns amigos, empresários e
economistas, de boa cepa. Os mais honestos respondem: ‘’não sei’’; outros, honestos e vividos, apenas dizem: sem aumentar
impostos, melhor repetir Fernando Pessoa e esperar que se ‘’abra uma porta, ao pé de uma parede sem porta’’. Por enquanto, a
ordem é sobreviver. Joaquim Levy volta à cúpula do Bradesco (de onde, aliás,
nunca deveria ter saído) e Dª Dilma monta em sua bicicleta, rezando para ser
atropelada e ficar em coma, pelo menos, até o réveillon.
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