O Papa Francisco, cada dia mais, vai se firmando como grande
líder, não só da Igreja Católica, mas de todo o mundo. Em sua recente visita
aos Estados Unidos, onde apenas 20% da população é católica, foi recebido de
forma apoteótica, tendo rezado missa, cujo comparecimento chegou a 2 milhões de
fiéis. O próprio Presidente Obama reconheceu ter sido essencial o papel de
Francisco, no refazimento das relações com Cuba. Ao lado de tão relevante
missão diplomática, o Papa, na ONU, abordou, de forma precisa, a questão
ambiente, já analisada, de modo mais precisa, na encíclica ‘’Laudato Si’’
(‘’Louvado Seja’’), onde avalia ‘’o urgente desafio de proteger a nossa casa
comum... e unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento
sustentável’’. Releva observar que o Papa não adota posição extremada, em
defesa do meio-ambiente. Sabe ele, muito bem, que ambos – natureza e ser humano
– não são excludentes, vez que a primeira fornece ao segundo meios essenciais
de sobrevivência. O que o Papa condena como, de resto, qualquer pessoa de bom
senso – é a exploração desordenada dos recursos da natureza, como as queimadas,
a poluição dos rios, a pesca e a caça predatórias. O paralelismo entre
‘’casa’’, como moradia familiar e ‘’natureza’’ é de absoluta precisão. Todos
gostamos de usufruir do conforto de nossas casas, mas, para isto, temos a
obrigação de conservá-la limpa e arrumada. Do mesmo modo, todos apreciamos o
lazer no campo ou na praia, mas não o teremos, por muito tempo, se dilapidarmos
um ou outra. O Papa, na encíclica citada, de leitura obrigatória a todos os
cristãos, exorta-nos a um debate serio, sem facciosismo, em todos os segmentos
sociais, desde o núcleo familiar até os organismos internacionais, cada qual
dando sua contribuição, repensando sua relação com o meio ambiente. Sabemos
que, via de regra, os interesses econômicos, por serem imediatos, sufocam as
preocupações com o meio ambiente. O exemplo mais recente é o da ‘’Volkswagen’’,
a maior e, até outro dia, considerada a mais ética indústria automobilística do
mundo. Pois, através de adulteração nos motores dos carros fabricados,
camuflava a emissão de gases poluentes. Aqui entre nós, a poluição da Baia de
Guanabara e a dos rios Tietê e Pinheiros mostra o descaso da Administração
Pública com as questões levantadas pelo Papa. É da natureza do ser humano só se
conscientizar da gravidade de um problema, quando submetido à ameaça de sanção,
principalmente de ordem pecuniária, a que devem ser submetidos também os
agentes públicos. A oração, proposta pelo Papa, ao final da ‘’Laudato Si’’, é
de profunda beleza, a merecer nossa reflexão. Todavia, mais do que reflexão,
precisamos de ações concretas que nos obriguem a todos, tomarmos conta da
‘’casa comum’’.
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