Escrevo, no mesmo dia e com algumas horas que antecedem à
sabatina, a que o Senado vai submeter o Dr. Luiz Fachin, indicado para ocupar a
vaga, deixada, no Supremo Tribunal Federal, pelo ex-Ministro, Joaquim Barbosa.
Estabeleceu-se inusitada celeuma, na escolha do novo Ministro, não tanto pelo
incontestável saber jurídico do candidato, mas porque o Presidente Renan
Calheiros anda às turras com o Palácio do Planalto. Pretextos os mais variados
vem sendo utilizados para bombardear o Dr. Luiz Fachin: fez campanha para
Dilma, em 2010; é a favor da poligamia (oba!); faz restrições à propriedade
privada, etc, etc. Tudo pretexto para escamotear os subalternos interesses
políticos que estão sendo jogados na mesa. O Dr. Luiz Fachin vai integrar um
colegiado, onde, por obvio, suas posições pessoais terão que se afinar com a
dos seus pares. O que se une afigura como absurdo – até porque estupra o
principio constitucional da independência entre os Poderes -, é o próprio
processo de escolha dos membros dos Tribunais Superiores, que obriga os
candidatos a realizarem, por si e através de amigos, verdadeiro lobby, junto ao
Executivo e Legislativo. Tudo isto terminaria se o Poder Judiciário fosse
integrado, exclusivamente por juízes, que ingressam, na carreira, por concurso
publico, de provas e títulos. O chamado ‘’quinto
constitucional’’, que permite a advogados e promotores ingressarem no
Judiciário, ‘’pela janela’’, é a
origem de todos os males, já que ambos – advogado e promotor -, via de regra,
em polos opostos, não tem experiência, nem mesmo o ‘’cacoete’’ de julgar. O Supremo Tribunal Federal deve ser o ápice da
pirâmide, que o Magistrado galgou, depois de percorrer longa estrada, que
começou, via de regra, naquela modesta cidade do interior, que foi sua primeira
Comarca. Ao longo da carreira, enfrentou dificuldades, incompreensões, pressões
políticas e até risco de morte, nesta difícil tarefa de ‘’dizer o direito’’, onde sempre há um perdedor inconformado. Nesse
atribulado trajeto, adquire conhecimento e experiência suficientes que o
impedem de colocar suas convicções pessoais, principalmente as politicas, acima
de sua dificílima obrigação profissional. Os que não seguem essa regra, caem,
pelo caminho. Conheci um Juiz, à época titular de uma Vara de Família, que, em
tormentosa separação, após julgar o caso, disse-me: ‘’nunca simpatizei com seu cliente, mas ele tinha razão’’. Esse é o
papel da esmagadora maioria de juízes, que conheci ao longo de mais de 40 anos
de diuturno exercício da advocacia e que não fazem da judicatura uma “ação entre amigos”. Pois são esses
juízes que, depois de escalar os árduos degraus da carreira, merecem chegar a
nossa Corte Suprema, sem se curvar, a pedirem favores ao Executivo e ao Legislativo.
A fórmula é bastante simples: o Ministro do Supremo seria eleito pelos e entre
os Ministros do Superior Tribunal de Justiça e estes, por sua vez, viriam, sob
sistema de rodízio, dos Tribunais de Justiça dos Estados Poder Judiciário, que
depende do Executivo e do Legislativo, produz aberrações como Toffoli, que
virou Ministro, mesmo tendo sido reprovado em concurso para ingresso na
magistratura paulista. Ex-advogado do PT, serve ao PT, na Corte, envergonhando
a Casa, onde já teve acento homens do estofo moral e intelectual de Orozimbo
Nonato, Nelson Hungria, Moreira Alves, Evandro Lins e Silva, a quem nunca se
perguntou que ideologia politica professavam. O Supremo Tribunal Federal é o
órgão máximo do Poder Judiciário e só por isso deveria ser, integralmente,
composto por juízes de carreira.
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