quarta-feira, 20 de maio de 2015

A respeito do Céu e do Inferno



Bateu uma vontade danada de falar da incongruência ideológica do governo petista (ou peemedebista, sei lá), que vai transferindo tudo que pode para a iniciativa privada, no afã de diminuir o rombo do Estado-Patrão. Até a Ponte Rio - Niterói foi de embrulho. Consta que Dª Dilma até mandou refazer o guarda-roupa, para receber o chinês bilionário que vem para comprar a América Latina. Se ele aceitar a Petrobrás, leva de brinde o Palácio da Alvorada para montar uma ‘’clínica de massagem’’, no que oriental é muito chegado. Mas vou conter o impulso. Meu irmão, ainda crédulo no lulismo, rompeu comigo. Exigiu que eu não mais lhe enviasse meus escritos. Atira-os ao lixo, sem os ler! Agora, meu sobrinho escreve-me para dizer que curte minhas ‘’mal traçadas’’, menos quando falo de política, porque aí, segundo ele, sou vexame completo. Então vou à cata de outro assunto que, na verdade, surgiu em minha cabeça, no domingo, após a missa, frequentador habitual que o sou. Não é que o Sacerdote, homem cultíssimo, professor de Teologia, comunicador de rara habilidade, em sua homilia (no meu tempo de criança dizia-se ‘’sermão’’) afirma que o céu não fica em nenhum lugar específico e é, na verdade, um estado de espírito? Fui para casa, preparei o uísque dominical, à espera do almoço e fiquei a pensar nas palavras do Sacerdote, que me honra com sua especial atenção. Lá no livro do ‘’Genesis’’ está dito que, no segundo dia ‘’Deus fez uma divisão que separou a água em duas partes: uma parte ficou do lado de baixo da divisão, e a outra parte ficou do lado de cima. Nessa divisão Deus pôs o nome de ‘’céu’’. Na ‘’Profissão de Fé’’, que rezamos logo após a homilia, diz-se que Cristo ‘’subiu ao céu’’. No último domingo, celebramos a ‘’ascensão do Senhor’’, isto é, a subida de Jesus ao céu, onde se sentou à direita de Deus. (Isto pra meu irmão e meu sobrinho verem que, nem no céu, a esquerda tem vez). No Evangelho de ontem, 19, ‘’Jesus falou, elevando os olhos ao céu’’. Confesso que, na minha ignorância teológica, só consigo ver o céu, como um ‘’lugar físico’’, acima de todas as galáxias, habitado por poucos privilegiados que passaram por esta vida, cheia de tentações e não sucumbiram  a nenhuma delas. Por outro lado, a crer nas palavras do meu querido Sacerdote, se o céu é apenas uma metáfora, por conclusão, o inferno, com seus caldeirões de água fervente, com o diabo a nos fustigar com seu tridente, também o é, vale dizer, não existe, como local físico, o que me fez respirar aliviado, reforçando a dose de uísque. Quanto mais velho vou ficando, maior meu temor de me apresentar ao juízo final. Sou contumaz infrator dos 10 mandamentos e quanto aos ‘’pecados capitais’’, prefiro não os recordar, tanto neles me atolei. Mas, se não existe, fisicamente, céu e inferno – e o purgatório, caminho transitório, árduo e espinhoso – como será nosso julgamento final? Preocupado com o respeito ao direito de defesa, preciso preparar a minha, que a hora não tarda. Se condenado – e só almejo receber pena menos pesada, porque da condenação sei que não me livrarei -, resta saber onde vou cumprir a pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário