sexta-feira, 29 de maio de 2015

Símbolos sexuais de ontem e de hoje


Informa-me revista semanal que determinada atriz global (cujo nome não revelo por discreção e prudência) é considerada, atualmente, símbolo sexual do Brasil. Há cerca de 03 meses, ela e eu viajamos, lado a lado, na ponte aérea Rio - São Paulo. Fiquei sabendo quem era, quase ao final da viagem, quando a comissária de bordo veio pedir-lhe autografo. Não tenho o hábito de conversar, em viagens. Mergulho os olhos, no livro ou na revista, e só os tiro, quando o trem de pouso toca na pista. Quando nos levantamos para desembarcar, olhei para a “nova musa brasileira”. Se tanto, 1,60m, pesando, se muito, 50 quilos. Depois de ler a noticia, recostei na cadeira e fiquei a recordar os “meus símbolos sexuais”, ao longo da vida. A primeira, nos meus longínquos 15 anos, foi Brigite Bardot, com seus lábios carnudos. Lembro-me de que a conheci, através de uma foto, em que ela aparecia com os seios à mostra. Contemplando aquela foto, prestei reiteradas homenagens ao deus Onam. Mais tarde, fui seduzido pelos olhos negros e o sorriso de Claudia Cardinali, isto quando o cinema italiano “bombou”. Depois James Bond, o primeiro e único, presenteou-me com Raquel Weich, loiríssima, coxas descomunais, que revejo saindo do mar, olhar pidão, maiô branco colado, mostrando a exuberância de suas formas. E, finalmente, fixei-me em Share Stone, a rainha das coxas, com seu andar cadenciado e que, quando cruzava as pernas, tirava-me o fôlego. Pelas nossas plagas, lembro-me de Cristiane Torloni, em uma peça, lá pelos anos 80, em que ela saia nua, da banheira. O teatro era o “Princesa Isabel”, no Rio e, naquele momento, o silencio ensurdeceu o ambiente. E, é claro, teve a Sonia Braga, de “Eu te amo” e “A dama do lotação”, onde ela, sem tirar a roupa, toma um banho de cachoeira que é verdadeiro curso de doutorado em erotismo.
  Ficamos todos velhos. Mudaram os gostos e a exuberância foi substituída pela anorexia. Como tem gosto para tudo, prefiro ficar com minhas memórias, até porque, eu mesmo, sou apenas memória.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Porque o Botafogo, ontem e sempre


Indaga-me desconhecido leitor de minhas ‘’mal-traçadas’’, o porquê de eu, morador paulistano, viver a invocar o Botafogo e se não sou simpatizante de time daqui. Vai a explicação: sou migrante! Aqui cheguei, aos 15 anos, para continuar meus estudos, vindo do interior de Minas Gerais, onde, naquela época, só chegavam as rádios e os jornais do Rio que era, em todos os sentidos, a Capital do País. Devo dizer que, de Minas para cima, todos éramos, culturalmente, submissos ao Rio. A opção pelo Botafogo – que se eternizaria – surgiu no começo dos anos 50, quando dividíamos com o Vasco a supremacia do futebol carioca. Mesmo vindo morar em São Paulo, acompanhava, na alegria e na tristeza, o Botafogo, até porque quase todo fim-de-semana estava por lá e, depois da praia, o Maracanã era destino certo. Entre 1970 e 1982, fui morar no Rio, no bairro do Leme, bem próximo ao estádio do ‘’glorioso’’. Nesse período assisti a, pelo menos, 80% dos jogos do Botafogo e, por vezes varias, fui a treinos do clube, ali na ‘’General Severino’’. Era a época de Jairzinho, Gerson, Paulo Cesar ‘’Caju’’ e outras ‘’feras’’ que nos fazia o melhor dentre melhores, modéstia à parte. Ao falar de minhas constantes idas ao Maracanã, imprescindível fazer referencia a um amigo de vida inteira, Oswaldo Jurema, hoje morando em João Pessoa. É ele filho de Abelardo Jurema, ex-ministro da justiça do governo João Goulart e que eu, lacerdista, até a raiz do cabelo, detestava e em quem, antes de 1964, cheguei a jogar tomates, quando veio participar de um programa de televisão, em São Paulo. Já falei sobre isto! Quando Dr. Abelardo retornou do exílio, eu, já amigo do filho, fui conhecê-lo. Foi paixão a primeira vista. Dr. Abelardo foi um dos homens mais cultos e cordiais, que conheci e cuja integridade transparecia na vida modesta, que levava. Nunca ouvi dele qualquer palavra de ressentimento e olha que ele, arrancado da família, pela Revolução de 64, ‘’comeu o pão que o diabo amassou’’, em seu exílio, no Peru.  Mas volto a falar do filho. Ele era Fluminense, tão fanático quanto eu era Botafogo. Pois quando jogavam os dois clubes, íamos juntos ao ‘’Maracanã’’, sentávamos lado a lado, nas cadeiras, torcendo tresloucadamente, mas sem tripudiar sobre o vencido. Amizade, que se superpõe às diferenças futebolísticas e ideológicas, dura, realmente, para sempre!

Quanto aos clubes de São Paulo, quando aqui cheguei só podia pender para o Santos, de Pelé e companhia, mas era simpatia de momento, que desapareceu, com o tempo. Tenho um filho, doentiamente corintiano e uma filha, são paulina idem, a quem veio juntar meu neto mais velho. Assim, só me resta simpatizar, sem maiores emoções, pelos dois. Paixão mesmo, primeira e definitiva, na alegria e na tristeza (atualmente, mais essa que aquela) é pelo Botafogo, cujos símbolos tenho-os todos, inclusive a camisa do Jairzinho, dele recebida nos anos 70 e conservada limpa e passada, pronta para ser meu ultimo traje.    

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A legitimidade das vaias



As cabeças coroadas do petismo já não podem sair às ruas, frequentar restaurantes e nem mesmo se cuidarem em hospitais. São hostilizados, como ocorreu com os ex-ministros, Guido Mantega e Alexandre Padilha. Mantega, então comandando a Pasta da Fazenda, foi o artífice do engodo econômico, que propiciou a reeleição da Presidente Dilma, bomba de efeito retardado, que estoura, agora, nas costas do trabalhador brasileiro. E é importante esclarecer que trabalhadores somos todos nós, assalariados, profissionais liberais, empresários, que ‘’ralamos’’ todos os dias para pagarmos nossas contas e mantermos nossas famílias. Pois as consequências da irresponsabilidade econômica do ex-ministro Mantega repercute no cotidiano dos que têm seus empregos ameaçados, dos profissionais liberais que veem seus clientes escassearem, dos empresários que veem seus negócios murcharem. O Ministro Padilha foi responsável pela mais desastrosa gestão à frente da Pasta da Saúde, que relegou a plano secundário, para priorizar sua campanha a governador de São Paulo, tendo obtido pífia votação. Seu principal projeto, o + médicos, revelou a utilização, quase na condição de escravos, dos médicos cubanos, em benefício dos interesses econômicos daquele País. Por outro lado, a falta de uma politica preventiva de combate ao mosquito transmissor da dengue, resultou em inusitada propagação da doença, que alcançou nível de epidemia, ceifando milhares de vidas humanas, por todo o País. Acresce-se, a tudo isto, que ambos integram um governo e um partido politico, responsáveis pelo maior e mais longo período de escândalos financeiros da historia do Brasil. Assim, mesmo que não estivessem diretamente envolvidos em tais escândalos, integravam a orquestra. Foi contra tantos desatinos que a população saiu às ruas e bateu panelas.

Então, é de se perguntar: é justo serem tais ministros hostilizados, quando surgem, em lugares públicos? Pode-se dizer que estão sendo eles cerceados, em seu direito de ir e vir? A adequada resposta a esta pergunta só é possível, quando se mensura o nível de indignação do homem comum, que constata que o grito, que gritou nas ruas, ecoou no vazio; que o Governo, continua certo da impunidade dos reais beneficiários do ‘’petrolão’’, que a cúpula, envolvida no ‘’mensalão’’, menos de um ano após as condenações sofridas, já está em plena liberdade; que o Poder Central, que nos empurra goela abaixo esse ajuste fiscal, que nos atingirá a todos, menos aos bancos, é claro, continua com seus formidáveis quase 40 ministérios, dos quais, pelo menos, 10, não significam absolutamente nada; que representações diplomáticas, no exterior, têm sofrido corte de luz, por falta de pagamento, enquanto aviões da FAB cruzam os céus, levando mentores do governo e políticos adesistas para convescotes. Paira, no ar, no semblante e na consciência das pessoas, profunda indignação e irremovível sensação de impotência. E é esta indignação e é esta sensação de impotência que, mesmo como gota d’agua, dão legitimidade aos apupos dirigidos a Mantega, a Padilha e a outros, seus iguais, que surgirem em público. É como se dissessem: se não os posso vê-los punidos, pelo mal que fizeram ao País, pelo menos nos façam o favor de se retirarem do ambiente, que frequento e que vocês poluem com suas presenças. 

terça-feira, 26 de maio de 2015

A oposição, mais uma vez, chega atrasada

Leio no ‘’Google Noticias’’ que o Professor Miguel Reale Jr. está elaborando petição, a ser entregue ao Procurador Geral da República, imputando ilícitos penais à Presidente Dilma e, via de conseqüência, seu impeachment. Reale Jr. é o mesmo jurista que redigiu a petição de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello e age a mando do PSDB. Para quem gosta de historia, lembra ele o jurista Francisco Campos, convocado por Vargas sempre que se precisava dar aparência de legalidade a um ato arbitrário. Foi ele o redator da Constituição Federal de 1937, vulgarmente conhecida como ‘’A Polaca’’. O regime militar também teve seu jurista para assuntos de arbítrio. Foi o também Professor das ‘’Arcadas’’, Gama e Silva, conhecido como ‘’Gaminha’’. É claro que Reale Jr. não comunga com o arbítrio, como o fazia seus antecessores citados. Vem de outro linhagem, filho que é do insigne Miguel Reale, esse, sim, jurista, na acepção plena do termo, fundador e militante do velho Partido Integralista, de Plínio Salgado, com origem ideológica no nazi facismo.
Todavia, não estou a falar de juristas de plantão, hoje e ontem. Deles os haverá sempre, para todos os gostos. Destaco – isto sim – a impropriedade do meio empregado e do fim almejado, por essa oposição desnutrida, que sempre perde o ‘’tempo da bola’’, deixando-a cair nos pés do competentíssimo PMDB. A oposição, que tem a pretensão de ser uma nova UDN, deveria ter se bebido nos ensinamentos de Carlos Lacerda, o maior homem público, que este país conheceu  e que sabia a hora certa de sacar sua arma e alvejar o inimigo. A Presidente Dilma, seja por argúcia, seja por falta de opção, retirou-se de cena e entregou o Governo a Michel Temer e a Joaquim Levy. O primeiro protege-lhe a retaguarda política; o segundo, representando os bancos, protege-lhe a retaguarda econômica. A oposição, por falta de coragem, ficou fora do jogo e, agora, querendo ganhar no ‘’tapetão’’, convoca Reale Jr, que vai redigir quilométrica petição, acusando a Presidente disto e aquilo, que o Procurador Janot, interessado em ser reconduzido ao cargo, vai concluir, depois de meses de analise, que não há embasamento legal para processar a Presidente e proporá o arquivamento do pedido. E a Presidente, já na UTI, recebe considerável sobrevida. Se a oposição – pelas mãos e inteligência de Reale Jr – quer mostras serviço ao País, volte a suas baterias sobre o PT e o lulismo, todos envolvidos na ‘’operação lava-jato’’, recebendo gordas propinas e se enriquecendo, às custas de tanta maracutaia.
Acorda, oposição!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Considerações inúteis sobre o ajuste fiscal

Afinal o governo anuncia o corte no orçamento, sem a presença do Ministro Levy, que se irritou, porque queria cortar mais. Dentre os Ministérios mais atingidos, figuram o ‘’Das Cidades’’, o ‘’Da Saúde’’ e o ‘’Da Educação’’, o que evidencia as prioridades dessa pífia administração. Menos 17 bilhões (54%) para o primeiro, responsável por investimentos em obras de infra-estrutura urbana e pelo programa ‘’minha casa minha vida’’, causa direta da eleição da Presidente. Sem os repasses do Poder Central, as Prefeituras serão fortemente prejudicadas, isto com as eleições municipais, batendo à porta. Verdadeiro tiro no pé! Em nome da ‘’pátria educadora’’, foram sugados 10 bilhões (20%) da Educação que, assim, vai empurrando o Brasil para a segunda divisão dos países, que investem naquele setor. E isto – o corte – acontece em um momento em que as principais Universidades Públicas vivem tormentosa crise financeira, o Ministério da Educação não dispõe de recursos para atender à demanda, por bolsas de estudo e pululam, por todo o País, greves de professores. O Ministério da Saúde perdeu 12 bilhões, enquanto a televisão mostra, todos os dias, o estado caótico dos hospitais públicos, sem leitos suficientes, com doentes acumulados pelos corredores, sem verba para material de consumo imediato. O problema do corte no orçamento não é político, é de gestão. O Governo aumentou em 5% a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos bancos (CSLL). Apenas 03 bancos anunciaram ter obtido, no primeiro trimestre, um lucro líquido de 04 bilhões, o que significa que, ao final do ano, terão, juntos, produzido um lucro líquido de 64 bilhões. Se a esses bancos juntarmos os demais, não será exagero afirmar que o lucro líquido gerado, pelas instituições financeiras, que atuam, no Brasil, chegará, ao final do ano à astronômica cifra de 100 bilhões. Se o aumento da ‘’CSLL’’ subisse para 25% (+10%) entraria no caixa do governo mais 10 bilhões, o que minimizaria os efeitos do corte sobre a saúde e educação. É claro que sabemos porque isto não foi possível: afinal Joaquim Levy foi colocado no Ministério da Fazenda pela ‘’FEBRABAN – Federação Brasileira dos Bancos’’ e está lá exatamente para proteger o interesse dos mesmos.   
Por outro lado, quando examinamos a relação de Ministérios existentes, concluímos que, pelo menos, 11 poderão desaparecer, transformando-se em Departamentos de outros Ministérios. Senão vejamos: O Ministério das Micro e Pequenas Empresas seria absorvido pelo Ministério do Desenvolvimento da Industria e Comercio; Os Ministérios da Pesca e Desenvolvimento Agrário seriam absorvidos pelo Ministério da Agricultura; Os Ministérios da Cultura e dos Esportes seriam absorvidos pelo Ministério da Educação; O Ministério dos Portos seria absorvido pelo Ministério dos Transportes; Os Ministérios da Igualdade Racial e o de Política para Mulheres seriam absorvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social; O Ministério dos Direitos Humanos seria absorvido pelo Ministério da Justiça; O Ministério do Turismo seria absorvido pela Embratur, a qual, por sua vez, ficaria subordinada ao Ministério do Desenvolvimento da Ind. e Com; e o Ministério da Integração Nacional seria absorvido pelo Ministério das Cidades. Assim, departamentalizados os Ministérios absorvidos, teríamos substancial redução de seus ‘’custos de manutenção’’, além dos cortes efetuados, poder-se-ia obter uma redução de gastos da ordem de, pelo menos, mais 03 bilhões de reais, inclusive, dando-se mais agilidade às ações do governo.
É claro que a proposta acima é mero devaneio de manhã ensolarada de domingo, pois a Presidente, manietada em suas ações, ela mesma, expulsa das negociações políticas e econômicas, é mera inquilina do Palácio do Planalto, sem qualquer poder para efetuar as mudanças políticas e econômicas, que possam trazer frutos ao Brasil, sem atingir os trabalhadores e os setores econômicos menos privilegiados.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Resposta sobre preferência

Sendo da geração dinossauro, não canso de me surpreender com a velocidade e alcance das redes sociais. Digo isto porque meus poucos escritos que, no início, alcançavam não mais que 50 vítimas, hoje já são elas mais de 500. Recebo mensagens – para o bem e para o mal – de pessoas das quais nunca ouvira falar, antes, inclusive recomendando-me livros e até tratamento psicológico, por achar que sou suicida, em potencial, pela insistência que faço morrer meus raquíticos personagens. Respondi que não tenho culpa, que se matar é decisão de cada um, na qual não interfiro. Ontem, alguém me disse que minha fixação por coxas é problema ‘’freudiano’’, que merecia ser investigado, antes que eu cometa um desatino. É claro que se trata de exagero. Consta que a bunda é a preferência nacional, inclusive entre as mulheres. E daí? Isto não significa que os apreciadores do ‘’derrière’’ alheio vão sair por aí, cortando-as, em nacos, para fazer pastel, como acontecia em antigo filme nacional , chamado, se não me engano, ‘’Aqui, tarados’’. Nada tenho contra ‘’bunda’’, parte do corpo feminino que também me agrada, desde que sem o exagero dessas ‘’mulheres-frutas’’ que aparecem na televisão. Na época em que fui professor de português, uma das matérias do programa eram as ‘’figuras de linguagem’’, dentre as quais se inclui a ‘’onomatopéia’’, que consiste em utilizar palavra que, pelo som da pronuncia, faz lembrar a coisa significada. Para dar exemplo, deixando a aula mais descontraída, nas turmas exclusivamente masculinas, eu mencionava a palavra ‘’bunda’’, enchendo as bochechas para pronunciá-la, demonstrando, assim, a identificação do som produzido com a palavra (os glúteos). Mas, por que estou a deitar informação tão inútil? Apenas para provar ausência de preconceito, em relação à bunda e preferência, e relação a coxas. Também tem a questão da compostura. As coxas são vistas de frente, o que permite disfarçar ao contemplá-las. Já a bunda, para ser adequadamente avaliada, exige, via de regra, que se volta a cabeça, o que, convenhamos, além de vulgar, é inapropriado a quem, como eu, já atingiu a idade provecta.

Espero ter me justificado com a amável correspondente, quanto a minha preferência pela parte do corpo feminino.   

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Comentários sobre o governo hermafrodita



Como sabemos, a Presidente Dilma, acuada pela sua incompetência administrativa e tentando salvar seu mandato, o que, a esta altura, de nada lhe vale, dividiu o governo em duas partes: a coordenação política transferiu-a para o vice, Michel Temer e a econômica, para o Ministro Joaquim Levy. Para ela, sobrou representar o governo em eventos e assinar acordos internacionais, sobre os quais ela, pessoalmente, não terá qualquer ingerência. Melhor assim. O Brasil vive em regime hermafrodita, meio presidencialista, meio parlamentarista. Como este é um País maluco, talvez a coisa funcione, principalmente com o PT fora do jogo, tentando se salvar do mar de lama, onde mergulhou. Temer é raposa felpuda, que forma com Eduardo Campos e Renan Calheiros, verdadeiro triunvirato, experiente, em negociação de cargos e vantagens, em troca de apoio político. Não adianta remar contra a maré, aqui as coisas sempre funcionaram na base do ‘’toma lá, dá cá’’. Vargas governou assim, Juscelino governou assim e Collor, por tentar mudar a regra do jogo, foi atropelado por uma Elba. Os analistas de plantão, que afirmavam que o ajuste fiscal não iria passar, na Câmara, quebraram a cara, apesar de toda a conta debitada aos trabalhadores. No Senado – apesar da aparente resistência – também vai passar, porque tudo é questão de acertar o preço, e no que o triunvirato acima é imbatível. Diziam que o novo candidato a Ministro do Supremo teria seu nome rejeitado. Erraram, mais uma vez e o homem – competentíssimo, diga-se, de passagem – foi aprovado ‘’cum laude’’. Está na hora de se entender que o governo Dilma acabou, tendo sido substituído pelo governo hermafrodita, acima referido. A esta altura, Eduardo Cunha e Renan Calheiros já foram excluídos da ‘’lava jato’’, que vive seu ‘’canto do cisne’’, correndo atrás de peixe miúdo e tudo continuará como sempre: a classe média, em todas as suas subdivisões, pagando a conta e os banqueiros enchendo, cada vez mais, o cofre. E quanto aos pobres, como ficarão? Ora, como sempre ficaram: morrendo, por falta de assistência médica; morando nas encostas dos morros lambidos, de tempo em tempo, pelas inundações; privados de educação digna; fumando crack, às vistas da policia e ajudando a aumentar as estatísticas de criminalidade, de sub empregos, até porque, em países subdesenvolvidos, como o nosso, pobre só serve mesmo para estatística. 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A respeito do Céu e do Inferno



Bateu uma vontade danada de falar da incongruência ideológica do governo petista (ou peemedebista, sei lá), que vai transferindo tudo que pode para a iniciativa privada, no afã de diminuir o rombo do Estado-Patrão. Até a Ponte Rio - Niterói foi de embrulho. Consta que Dª Dilma até mandou refazer o guarda-roupa, para receber o chinês bilionário que vem para comprar a América Latina. Se ele aceitar a Petrobrás, leva de brinde o Palácio da Alvorada para montar uma ‘’clínica de massagem’’, no que oriental é muito chegado. Mas vou conter o impulso. Meu irmão, ainda crédulo no lulismo, rompeu comigo. Exigiu que eu não mais lhe enviasse meus escritos. Atira-os ao lixo, sem os ler! Agora, meu sobrinho escreve-me para dizer que curte minhas ‘’mal traçadas’’, menos quando falo de política, porque aí, segundo ele, sou vexame completo. Então vou à cata de outro assunto que, na verdade, surgiu em minha cabeça, no domingo, após a missa, frequentador habitual que o sou. Não é que o Sacerdote, homem cultíssimo, professor de Teologia, comunicador de rara habilidade, em sua homilia (no meu tempo de criança dizia-se ‘’sermão’’) afirma que o céu não fica em nenhum lugar específico e é, na verdade, um estado de espírito? Fui para casa, preparei o uísque dominical, à espera do almoço e fiquei a pensar nas palavras do Sacerdote, que me honra com sua especial atenção. Lá no livro do ‘’Genesis’’ está dito que, no segundo dia ‘’Deus fez uma divisão que separou a água em duas partes: uma parte ficou do lado de baixo da divisão, e a outra parte ficou do lado de cima. Nessa divisão Deus pôs o nome de ‘’céu’’. Na ‘’Profissão de Fé’’, que rezamos logo após a homilia, diz-se que Cristo ‘’subiu ao céu’’. No último domingo, celebramos a ‘’ascensão do Senhor’’, isto é, a subida de Jesus ao céu, onde se sentou à direita de Deus. (Isto pra meu irmão e meu sobrinho verem que, nem no céu, a esquerda tem vez). No Evangelho de ontem, 19, ‘’Jesus falou, elevando os olhos ao céu’’. Confesso que, na minha ignorância teológica, só consigo ver o céu, como um ‘’lugar físico’’, acima de todas as galáxias, habitado por poucos privilegiados que passaram por esta vida, cheia de tentações e não sucumbiram  a nenhuma delas. Por outro lado, a crer nas palavras do meu querido Sacerdote, se o céu é apenas uma metáfora, por conclusão, o inferno, com seus caldeirões de água fervente, com o diabo a nos fustigar com seu tridente, também o é, vale dizer, não existe, como local físico, o que me fez respirar aliviado, reforçando a dose de uísque. Quanto mais velho vou ficando, maior meu temor de me apresentar ao juízo final. Sou contumaz infrator dos 10 mandamentos e quanto aos ‘’pecados capitais’’, prefiro não os recordar, tanto neles me atolei. Mas, se não existe, fisicamente, céu e inferno – e o purgatório, caminho transitório, árduo e espinhoso – como será nosso julgamento final? Preocupado com o respeito ao direito de defesa, preciso preparar a minha, que a hora não tarda. Se condenado – e só almejo receber pena menos pesada, porque da condenação sei que não me livrarei -, resta saber onde vou cumprir a pena.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Por que não falar da morte?

Queixa-me amiga queridíssima de que tenho quase fixação pela morte e, sem justificativa plausível, mato meus personagens. Que culpa tenho eu, querida amiga, se ela, a morte, é nossa companheira inseparável? A vida não rende dividendos, não desperta interesse, não promove manifestações e nem mesmo vende notícia. Quantas crianças nasceram nos últimos dias e alguém falou delas? Ao contrario, o terremoto no Nepal, que produziu milhares de vítimas, continua sendo assunto, assim como o eterno conflito no Oriente Médio, os refugiados, que morrem no Mediterrâneo, etc, etc. Se você reza a ‘’Ave Maria’’, termina dizendo ‘’...rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte...’’ Leia as revistas do último fim de semana: surgiu nova ‘’fortaleza do tráfico’’, no Rio, pessoas já morreram e muitas outras morrerão, no confronto, polícia x traficantes. Pessoas morrem vitimadas pela dengue, que já adquiriu natureza endêmica, no Brasil. Premio de fotografia foi concedido por importante organismo internacional, à foto de um homem, carregando uma criança morta, nos braços, no momento exato que um míssil israelense caiu em praia, na cidade de Gaza. Para não me estender, ‘’ad infinitum’’, conclamo você a dar uma espiada nos ‘’games’’, manipulados pelos jovens: quanto mais se mata, mais pontos são acumulados. O certo, minha cara, é que a vida, pela sua monotonia, não rende assunto e eu, escriba amador de menor grandeza, sigo a onda. Apenas procuro revestir a morte de alguma classe: matei a presidente, de infarto, à beira da piscina, após beber vinho de boa cepa; a mulher traída saltou da janela do apartamento, com vista para o Parque do Ibirapuera, o que não é pra qualquer um. O outro, entediado, pulou do ‘’ap’’, no Leblon. No escrito, onde você observou meu gosto pela morte, tive, no último momento, a preocupação de cobrir as pernas da falecida com um paletó.

Por último, procuro, através de meus escritos, estabelecer uma relação de cordialidade com a morte: que ela não se me faça anteceder de dores e maldades intermináveis, mas que me seja rápida, conduzindo-me em momento esfuziante, como, por exemplo, a comemorar um gol do Botafogo. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Uma quase noite e uma quase mulher


O vento frio do outono moribundo tornara ausentes os habituais andarilhos do parque, cuja pista ficara enlameada, pela chuva da véspera. Encolhidos, a um canto, guardas tomavam conta de nada, pois nem os pivetes, fumadores de maconha, que se reuniam, na antiga pista de boliche, apresentavam-se para o fumacê diário. A noite adiantara seu relógio. Bem diferente dos entardecerem veranicos, quando ele dava voltas, atribuindo notas às coxas torneadas, que passavam, em sentido contrário. Aos domingos, eram comuns as notas 10, tal era a profusão de coxas, que enfeitavam o parque, em constantes ir e vir. Mas, naquela sombria noite de outono, afora dois ou três transeuntes, o deserto de coxas era total, o que alargava, à exaustão, o trajeto a ser percorrido. Não fosse o desprazer de ficar em casa, quando o cheiro de tempero empesteava o ambiente, não fosse a necessidade de, pelo andar, digladiam-se com a diabetes, por certo ele estaria sentado, naquele bar de canto de rua, bebendo alguma coisa e falando mal do governo. Mas ali estava ele, andar pesado, orelhas cortadas pelo vento, dando voltas em torno do lago. De repente, na curva do portão principal, ela surgiu, conjunto colado ao corpo e rabo-de-cavalo, açoitando o espaço. Apenas sorriu para ele, o sorriso da cumplicidade dos solitários de uma noite, sem dono. Na segunda volta, quando se cruzaram – andavam em sentido contrario – ela diminuiu o passo, até parar a sua frente:
- ‘’O senhor se importaria de eu andar a seu lado? O parque está por demais vazio...’’
- ‘’É um prazer. Aliás, você, nem eu deveríamos estar aqui a esta hora!’’
- ‘’Você tem razão, mas a angústia bateu forte e eu não consegui ficar em casa, pensando no meu desalento, na minha incapacidade de lidar com a morte, essa inimiga profissional que me persegue, até me vencer!’’
Era, sem dúvida, um papo estranho, para uma quase fria noite de um quase inverno. Não que ele esperasse uma cantada. Batera os 60, quando se torna ser imperceptível, fantasma corpóreo que não desperta interesses e palpitações. Aliás, nunca despertara. Nem feio, nem bonito, nem triste, nem espirituoso. Como na Bíblia: ‘’porque és morno, eu te vomitarei de minha boca. ’’

Tivera, ao longo da vida, até algumas mulheres deslumbrantes, conquistadas com gestos e atitudes estudadas. Mas, logo elas se cansaram dele, de sua falsa cultura, de sua pose de que ‘’sou mais eu’’ e o foram deixando para traz, amargando a falta da mão, que não afaga, da boca, cujos lábios não se sugam. Vivia um casamento habitado pelo ressentimento, daí seu refúgio naquele parque, sempre monotonamente igual, como ele. Tentou sair de si e passear na angústia dela, no que ela chamava luta fracassada contra a morte. Chamava-se Carolina – ela, não a morte, que esta tem todos os nomes -, era médica, trabalhava ali perto, no Hospital do Câncer e sempre havia alguém morrendo, junto de si. Não, não se acostumara. Travestida de Deus, imaginava poder salvar a próxima vítima. Daí a angústia do fracasso. Pretensão – pensou ele – querer disputar com Deus, que é onisciente, onipresente e onipotente, como ensinava o ‘’primeiro catecismo da doutrina cristã’’, de sua distante e apagada infância. Ah, não acredita em Deus? Perde para ele, todos os dias e, mesmo assim, não acredita nele? Pensou em chamá-la de imbecil ou ignorante, mas preferiu dizer isto com o olhar. ‘’E você, acredita?’’ – perguntou ela. – ‘’É claro e tenho total temor reverencial. Se não acreditasse – e temesse – já teria me livrado desta vida, que nos cobra tudo, principalmente esta coisa volátil e indefinida, chamada felicidade’’. – ‘’Por que, você não é feliz?’’ – ‘’Deus me livre. A felicidade gera um compromisso constante, quase diário, de você ser coerente consigo mesmo, viver em harmonia consigo mesmo, ser virtuoso, olhar apenas o lado bom das coisas, não olhar, nem de soslaio, para a mulher do próximo, ter um hipócrita sorriso de beatitude nos lábios, enfim, ser um chato. E o tanto de inveja que o feliz atrai? Não, prefiro ter instantes, cada vez mais aros, de felicidade e, quando os tenho, procuro disfarçar, fazendo cara de quem comeu e não gostou.’’ – Ela sorriu mais largo: ‘’você é doido, assim ou está fazendo gênero?’’ ‘’Nem uma coisa, nem outra. Estou vendo você pela primeira e única vez. Tenho pavor a médico. Olham pra gente, procurando, pelo menos, um sinal de doença e, além do mais, sempre me dão a impressão que tem as mãos e as roupas impregnadas de micróbios!’’ Ela riu, mais uma vez e tocou-lhe o ombro, o que o fez se afastar para o lado. – ‘’Você é homo?’’, perguntou ela. – ‘’É claro que não. Não sou corajoso para tanto, apenas perdi o hábito de contato físico, e não pretendo readquiri-lo’’. – Ela parou a sua frente, segurou-lhe as mãos, olhou-o nos olhos e disse: - ‘’pois saiba que você ainda é um homem interessante, com quem eu transaria.’’ Aquele ‘’ainda’’ doeu-lhe, como se tivesse pisado em caco-de-vidro. Como estava próximo a um dos portões, ele saiu em desabalada corrida, sem olhar para trás. Provavelmente se tratava de um desses fantasmas, que surgem em noites sombrias. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O bar da galeria decadente e seus freqüentadores idem


O bar, quase deserto naquela noite chegante, situava-se no subsolo da galeria, ali no centro da cidade. Durante o dia, funcionava como restaurante que teimava em manter a classe e o charme dos anos 70, quando a galeria foi inaugurada. Hoje, era um quase fantasma, com suas lojas abandonadas, como, de resto, tudo o que havia de melhor, no centro. A livraria, de livros importados, a barbearia, onde mulher não entrava, a casa de queijos e vinhos finos, tudo isto desaparecera, substituídos por lanchonetes de odores suspeitos e freqüentadas, quando a madrugada batia à porta, por prostitutas ambulantes, fracassadas em seu fazer. Mas o restaurante do subsolo, tradicionalmente decorado, insistia em sobreviver, transformando-se, a partir do escurecer, em ponto de encontro de solteirões e descasados de 50 ou mais anos. Na entrada, um pianista, talvez resgatado do Titanic, tocava velhas canções, blues chorosos ou cançonetas francesas. Positivamente, não era lugar para mulheres, a não ser prostitutas, escolhidas, com esmero, pelo porteiro gentil, que conhecia os freqüentadores da casa. Era quase um clube privé, onde se falava de política e de negócios, sempre nebulosos. Luiz Claudio freqüentava aquele lugar, levado que foi quase 10 anos atrás, quando Maria Clara simplesmente disse-lhe, sem emoção: - ‘’acabou, Luiz Claudio, você virou passado. ’’ E saiu, arrastando a mesma mala que, cinco anos antes, trouxera para dentro do apartamento: - ‘’amor, não quero ser companhia apenas para seus dias de solidão. Vim para ficar. Resolve: desarrumo a mala ou vou embora para sempre?’’
Luiz Claudio abraçou-a, com incontida ternura, arrastou-a para cama e se amaram, doidamente. Com o tempo, a paixão esvaneceu-se, jantavam em silencio e passaram a se olhar apenas como conhecidos. Quando Maria Clara saiu, arrastando a mala, Luiz Claudio foi à janela e aspirou o perfume de jasmim, que exalava da cantoneira. Era o perfume da liberdade. Poucos dias depois, bateu solidão: os amigos, casados, não tinham tempo para ele. As mulheres, companheiras de noites doidivanas, ou ficaram velhas e amargas, ou tinham desaparecido, naquela cidade sem fim. Ficara, apenas, Henrique, seu amigo desde a faculdade, que o apresentara àquele bar. Encontraram-se, por acaso, no fórum, foram tomar um café, ali na Conde do Pinhal. Falaram do trabalho, da vida e ele, quase como desabafo, da partida de Maria Clara. – ‘’Tava na cara que não podia dar certo, Luiz Claudio. Até que durou muito. Você sempre foi obvio. Até abandonou nosso futebol, das quartas, à noite. Mulher gosta do clima de incerteza, duvidar, sentir-se traída, mesmo que não o seja. Você foi companheiro exaustivo, com horário certo para chegar em casa, sempre presente, não deu espaço para dúvidas, ressentimentos, e mulher, principalmente esposa, precisa ter dúvidas e ressentimentos em relação a ‘’seu’’ homem, precisa se sentir ameaçada, nesse sentimento de posse. Em resumo: você foi o homem ideal e a mulher odeia o homem ideal, porque, além de chato, a faz sentir inferior’’.

Luiz Claudio ria da filosofia de botequim de Henrique que se prolongou até o bar daquela decadente galeria. O tempo passara e ali estava exatamente ele, pensando em Henrique, que se matara, poucos meses atrás, atirando-se de seu apartamento, situado no 12º andar, quando ela chegou, sozinha, indo se sentar, ao lado do piano. Morena, quase 1,80m, vestia um sóbrio conjunto verde musgo. Não, não era prostituta à caça de cliente. Nem mesmo dirigiu seu olhar para os poucos homens, que conversavam, ruidosamente e muito menos para ele, no lado oposto. Ela pediu um uísque, cuja garrafa fora deixada sobre a mesa. E, baixinho, disse alguma coisa ao pianista, que começou a tocar ‘’Stardust’’. Meia hora depois, ela já quase esvaziara a garrafa de uísque e com voz rouca e sempre baixa, acompanhava o pianista, que tocava uma seqüência de musicas, pedidas por ela. Luiz Claudio até teve a intenção de sentar ao lado dela, puxar conversa... desistiu. Era obvio que ela vivia uma angustia, que não era divisível. De repente, ela pediu a conta, pagou e saiu, com passos embaralhados. Ainda não haviam passados 5 minutos, quando uma freada brusca e gritos engravidaram o bar. Luiz Claudio subiu, de dois em dois, os degraus que davam acesso à rua. Lá estava ela, atirada ao chão, ensangüentada, pernas abertas, expostas na avenida. Luiz Claudio atravessou a multidão, que se formava, tirou o paletó e cobriu as pernas desnecessárias. Afinal a morte merece ter compostura. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Será o FGTS dinheiro e direito do trabalhador?



Consta do noticiário que o imprevisível Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, vai apresentar projeto, para rever o índice de correção do FGTS, que, hoje, remunera menos do que a caderneta de poupança que, por sua vez, remunera menos do que a inflação. O FGTS foi criado no Governo Castelo Branco, pela dupla Roberto Campos e Gouveia de Bulhões (acusados, pela ‘’esquerda festiva’’ de ‘’americanófilos’’), com o objetivo de proteger o trabalhador, com menos de 10 anos de ‘’casa’’ e, até então, despedido com pífia indenização (um salario, por ano trabalho). O dinheiro, arrecadado com o FGTS é administrado pelo Governo Federal e, em tese, é utilizado para financiamento da casa própria e obras de infraestrutura urbana. Digo ‘’em tese’’, porque não se sabe ao certo, como esses recursos são administrados. Em passado recente, foram utilizados para financiar a Petrobrás e os trabalhadores – investidores amargam prejuízo de mais de 50% do valor investido, com a desvalorização das ações da companhia. Agora, anuncia-se que o BNDES vai avançar sobre 30 bilhões do Fundo, para saldar compromissos. E o trabalhador, o real dono do dinheiro, como fica? Simplesmente não fica, uma vez que o acesso a ‘’seu’’ dinheiro está adstrito a circunstâncias especialíssimas: despedida imotivada, compra da casa própria, doença grave. E tome uma remuneração de 0,2 por cento ao mês, que, progressivamente, vai corroendo o principal, enquanto as construtoras, que utilizam recursos do Fundo, nas obras, vendidas no mercado, auferem lucro, não inferior a 10% ao mês. O próprio trabalhador se quiser, por exemplo, comprar um carro, deverá se socorrer de financiamento bancário, cuja taxa nunca é inferior a 2% ao mês. Se o dinheiro do FGTS é do trabalhador, o lógico, no plano jurídico e moral, é que ele pudesse dispor livremente, de acordo com seus interesses e necessidades. Todavia, o governo – qualquer governo – parte da presunção que o trabalhador é um perdulário, que vai dissipar aqueles recursos, criando, posteriormente, um problema social, que recairá nas costas do governo. Consta que, atualmente, o FGTS acumula, em caixa, cerca de 300 bilhões, verdadeira fortuna para uma economia falida. Assim, se o projeto Eduardo Cunha ‘’não devolve o seu a seu dono’’, pelo menos diminui a corrosão do dinheiro do trabalhador. 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Repressão às Manifestações de Rua


Uma das questões, que vem desafiando especialistas no assunto, diz respeito ao comportamento do aparelho policial nas manifestações de rua. Como reprimi-las, preservando o patrimônio publico e privado, de um lado e a integridade física dos manifestantes, de outro? Em 2013, houve, em nossa Capital, inúmeras manifestações, onde pessoas mascaradas depredaram fachadas de bancos, de estabelecimentos comerciais e atearam fogo em carros particulares, ônibus, inclusive. Naquela oportunidade a Polícia Militar foi acusada de leniente, porque, cumprindo ordens superiores, não reprimiu a ação dos vândalos. Há poucos dias atrás, professores, em greve, tentaram invadir o prédio da Secretaria Estadual de Educação e, impedidos, destruíram os vidros das janelas. No ultimo dia 29, em Curitiba, também professores tentaram derrubar as grades, que cercam a Assembleia Legislativa daquele Estado, para invadirem o prédio e impedirem a votação de projeto de lei que, em tese, os prejudicava. A Polícia Militar interveio, utilizando cachorros, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. O resultado foi 40 manifestantes e 20 policiais feridos.

O primeiro aspecto a considerar é o psicológico: o numero de manifestantes é sempre substancialmente superior ao número de policiais. Enquanto aqueles estão movidos pela violenta emoção, esses estão em estado de elevado estresse, porque, treinados para reprimir, como o fazer, dependerá da ação dos primeiros. Quando a manifestação é ordeira, tendo caráter meramente reivindicatório, quase nunca ocorre repressão policial. Estive na Avenida Paulista, em 25 de março, por onde circulou cerca de um milhão de pessoas e não presenciei um único ato de violência. Ao contrario, o que se via eram manifestantes fazendo ‘’selfies’’ com policiais. No caso de Curitiba, como a toda ação corresponde uma reação contraria que, nem sempre, é igual, houve feridos, de ambos os lados. O Brasil vive – e viverá – dias difíceis, com crescentes ondas de desemprego, o que, por certo, gerará diversificadas manifestações. Se forem essas organizadas por Sindicatos Laborais, seria altamente conveniente, como medida preventiva, que as respectivas lideranças combinassem com as autoridades policiais o local e a forma dessas manifestações, direito assegurado pela nossa Constituição, mas que não podem se transformar em balbúrdia. Dizer que a policia é despreparada, ao se confrontar com uma multidão ensandecida, é rotunda bobagem. Estabelecido o conflito, predominará quem tiver mais força e, infelizmente, vitimas surgirão de ambos os lados. É assim no Brasil, nos Estados Unidos, na Inglaterra, como a televisão, reiteradamente exibe. Prevenir, para não ser preciso remediar, eis o princípio a que o bom senso manda obedecer. 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Uma melancólica jornada



Escrevo, no mesmo dia e com algumas horas que antecedem à sabatina, a que o Senado vai submeter o Dr. Luiz Fachin, indicado para ocupar a vaga, deixada, no Supremo Tribunal Federal, pelo ex-Ministro, Joaquim Barbosa. Estabeleceu-se inusitada celeuma, na escolha do novo Ministro, não tanto pelo incontestável saber jurídico do candidato, mas porque o Presidente Renan Calheiros anda às turras com o Palácio do Planalto. Pretextos os mais variados vem sendo utilizados para bombardear o Dr. Luiz Fachin: fez campanha para Dilma, em 2010; é a favor da poligamia (oba!); faz restrições à propriedade privada, etc, etc. Tudo pretexto para escamotear os subalternos interesses políticos que estão sendo jogados na mesa. O Dr. Luiz Fachin vai integrar um colegiado, onde, por obvio, suas posições pessoais terão que se afinar com a dos seus pares. O que se une afigura como absurdo – até porque estupra o principio constitucional da independência entre os Poderes -, é o próprio processo de escolha dos membros dos Tribunais Superiores, que obriga os candidatos a realizarem, por si e através de amigos, verdadeiro lobby, junto ao Executivo e Legislativo. Tudo isto terminaria se o Poder Judiciário fosse integrado, exclusivamente por juízes, que ingressam, na carreira, por concurso publico, de provas e títulos. O chamado ‘’quinto constitucional’’, que permite a advogados e promotores ingressarem no Judiciário, ‘’pela janela’’, é a origem de todos os males, já que ambos – advogado e promotor -, via de regra, em polos opostos, não tem experiência, nem mesmo o ‘’cacoete’’ de julgar. O Supremo Tribunal Federal deve ser o ápice da pirâmide, que o Magistrado galgou, depois de percorrer longa estrada, que começou, via de regra, naquela modesta cidade do interior, que foi sua primeira Comarca. Ao longo da carreira, enfrentou dificuldades, incompreensões, pressões políticas e até risco de morte, nesta difícil tarefa de ‘’dizer o direito’’, onde sempre há um perdedor inconformado. Nesse atribulado trajeto, adquire conhecimento e experiência suficientes que o impedem de colocar suas convicções pessoais, principalmente as politicas, acima de sua dificílima obrigação profissional. Os que não seguem essa regra, caem, pelo caminho. Conheci um Juiz, à época titular de uma Vara de Família, que, em tormentosa separação, após julgar o caso, disse-me: ‘’nunca simpatizei com seu cliente, mas ele tinha razão’’. Esse é o papel da esmagadora maioria de juízes, que conheci ao longo de mais de 40 anos de diuturno exercício da advocacia e que não fazem da judicatura uma “ação entre amigos”. Pois são esses juízes que, depois de escalar os árduos degraus da carreira, merecem chegar a nossa Corte Suprema, sem se curvar, a pedirem favores ao Executivo e ao Legislativo. A fórmula é bastante simples: o Ministro do Supremo seria eleito pelos e entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça e estes, por sua vez, viriam, sob sistema de rodízio, dos Tribunais de Justiça dos Estados Poder Judiciário, que depende do Executivo e do Legislativo, produz aberrações como Toffoli, que virou Ministro, mesmo tendo sido reprovado em concurso para ingresso na magistratura paulista. Ex-advogado do PT, serve ao PT, na Corte, envergonhando a Casa, onde já teve acento homens do estofo moral e intelectual de Orozimbo Nonato, Nelson Hungria, Moreira Alves, Evandro Lins e Silva, a quem nunca se perguntou que ideologia politica professavam. O Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Poder Judiciário e só por isso deveria ser, integralmente, composto por juízes de carreira. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O fulgurante Delfim Netto e o tenebroso pacote fiscal


Meu prezadíssimo Ex-ministro, Delfim Netto, em todas as suas palestras e manifestações, no jornal, radio e televisão, vem repetindo, como se fosse um mantra, que o Brasil somente superará a crise econômica, gerada pela demagogia petista, necessária à reeleição da (ex) presidente Dilma, se houver substancial incentivo à indústria. O noticiário dá conta da queda, em 25%, da produção automobilística; do prejuízo acumulado pela ‘’Vale do Rio Doce’’; que o setor de auto-peças encabeça a lista das empresas com pedidos de recuperação judicial e que o BNDES, sem caixa, pretende avançar sobre recursos do F.G.T.S., para honrar compromissos inadimplidos. Dou uma olhada nas medidas, preconizadas pelo Primeiro Ministro, Joaquim Levy e, na minha confessada ignorância, nada vejo que possa incentivar a indústria nacional. Além da ‘’tungada’’ nos benefícios dos trabalhadores, o ‘’pacote Levy’’, anuncia o fim de repasses ao setor elétrico (olha mais aumento na conta de luz, ô gente!); menos benefícios para os exportadores; corte das desonerações; alta do IPI para automóveis; alta sobre produtos importados; tributação dos cosméticos e outras medidas que, por certo, atingirão o consumo e, via reflexa, o setor industrial. Tudo na contramão do que meu estimado Delfim apregoa. Outro dia, ele, que me honra, lendo estas ‘’mal traçadas’’, chamou-me de pessimista. Em respeito a sua incomensurável superioridade intelectual, eu apenas sorri. Agora, ilustre Professor, o Senhor ainda acha que a esfinge vai me devorar, ou, ao contrario, seremos todos devorados pela incapacidade de decifrar esse enigma, chamado ‘’ajuste fiscal’’?

Mesmo atrasado, parabenizo-me, comigo mesmo, pelo privilegio de, desde os longínquos anos 70, conviver com sua brilhante inteligência, sempre colocada à disposição deste indigente País.    

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O Ventre aberto da Avenida Paulista


Já falei do especial carinho, que tenho, pela Avenida Paulista, que, como mulher bem cuidada, conserva seus encantos e seu charme, apesar da idade avançada. Muita coisa se perdeu, desde quando a percorria, de bonde, lá pelo começo dos anos 60, vindo da Vila Mariana e indo em direção ao ‘’Fasano’’, lá nas proximidades da Augusta, e onde se comia uma coxinha, recheada de catupiry, a arrancar suspiros de prazer. Em nome do progresso, as grandes mansões, como a dos ‘’Matarazzo’’, foram derrubadas para, em seu lugar, erguerem-se imponentes edifícios. Para lá, em um primeiro momento, transferiu-se o centro financeiro da Capital, banido pelo irrecuperavelmente decaído ‘’Cento Velho’’. Mudou a avenida, mas não mudou sua elegância. Hoje, todavia, fui encontrar um amigo, de cujo Escritório, no 11° andar, têm-se ampla visão da avenida. Ei-la, rasgada ao meio, mulher, ventre aberto, parto inacabado, mostrando estranhas entranhas, pernas abertas, útero rasgado, sob forma de imundos tapumes, produto da incúria administrativa dos que, movidos, exclusivamente pela ganância de poder, não guardavam qualquer identidade, com nossa desventurada cidade. No ventre aberto, pretende-se construir, a preço de ouro (o velho e suspeito interesse pessoal), ciclovia que, como tantas espalhadas pela cidade, restará ociosa, à exceção dos domingos. Enquanto isto, ventre estaticamente exposto, a avenida se ensurdece e se asfixia com os congestionamentos, rotina de todos os dias e horas. Sinto vergonha e pena da avenida, como, de resto, de outros lugares abandonados: a Praça da Sé, ocupada por vagabundos, punguistas e fumadores de crack. O Pátio do Colégio, cercado pelo Tribunal de Justiça, de um lado e pela Casa de Anchieta, do outro e transformado em pista de skate. A Praça João Mendes, ornamentada por ‘’jovens putas da tarde’’.
Em vão, procuro estrada, que me conduzirá a Pasárgada. Informam-me que foi interditada por falta de manutenção.

‘’Resistir, quem há de?’’

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Câmara e o Samba do Crioulo Doido Ideológico


Graças ao empenho do Presidente da República, Michel Temer, e a forma de conduzir a sessão, pelo Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a primeira parte do ajuste fiscal, que mitigou direitos trabalhistas, foi aprovada, depois de quase 10 horas de acalorados debates, por estreita maioria de 20 votos, o que prova que a base governista estava dividida. Se o texto aprovado vai ‘’reajustar’’ a economia do País, o futuro no-lo dirá. Todavia, o que chama a atenção é o fato de o projeto ter sido aprovado pelos partidos, ditos de ‘’esquerda’’ (PT e PC do B), tendo tido como seus mais ferrenhos adversários os partidos ditos de ‘’direita’’ (PSDB e DEM). Por óbvio, o PMDB e o PSD não integram essa dicotomia ideológica, vez serem partidos de oportunidades, que lá estão para ‘’extorquirem’’ vantagens do governo, cada dia mais refém deles. Também não há que se criticar o Ministro Joaquim Levy. Foi ele imposto, como Primeiro Ministro, pelo sistema financeiro e, obediente às ordens de seus patrões, não iria, como não vai, convidar os bancos para colaborarem no ajuste fiscal. Apenas de passagem, merece assinalar que o Bradesco e o Itaú enunciaram lucro, no primeiro trimestre do ano, da ordem de 04 bilhões, cada um, o que, por simples operação aritmética, permite concluir que, juntos, terão um lucro anual da ordem de 32 bilhões, praticamente o dobro do que se subtrairá do trabalhador, com o projeto aprovado, ontem. Todavia, não é sobre bancos, que pretendo falar. É sobre o paradoxo de a CUT, que sempre foi o braço sindical do petismo, ter sido traído pelos seus próprios parceiros. Que se diga, a favor do PT, que está ele alijado do Governo, ao qual se agarra nas bordas, qual náufrago, em desespero, cuja nau é comandada pelo PMDB, que exige, impõe regras, sob pena de provocar o afogamento e morte do petismo que, a meu modestíssimo juízo, já morreu. Resta saber como se comportará a CUT, neste ‘’imbroglio’’ ideológico, para quem os deputados cantaram, encerrada a sessão: ‘’PT pagou com traição, a quem sempre lhe deu com a mão...’’

Coisas de republiqueta de 3° mundo. 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Os Novos Reis do Riso



Tive o privilegio – tantos o foram – de pertencer a uma geração que, dentre excelentes artistas, assistiu a comediantes de altíssimo nível, como Chico Anísio e Jô Soares, que a todos encantavam com humor inteligente, onde não havia espaço para palavrão ou o sexo, fora do contexto.  Ainda hoje eu os visito no ‘’canal Viva’’ e constato que suas piadas guardam total atualidade, até porque o País continua a mesma ‘’zona’’ de 30 anos atrás. Tenho pouca – para não dizer nenhuma – paciência com o predominante humor escrachado, apelativo dos tempos atuais. Digo isto, porque estou abrindo exceção para o melhor programa humorístico, exibido na telinha, ontem, 3ª feira. Refiro-me ao programa do PT, onde Lula, o chefe da troupe de palhaços, encantou a todos telespectadores, falando de honestidade, de como eles, os petistas, puseram na caldeia todos os larápios do dinheiro público, marcando o fim da impunidade. Eu já estava perdendo o fôlego de tanto rir, imaginando o rubor facial de José Dirceu, Delúbio, Vaccari, Pizzolato, quando veio a piada final que, literalmente, jogou-me ao chão: ‘’qualquer petista que cometer malfeitos ou ilegalidade, não continuara nos quadros do partido’’, afirmou Rui Falcão, com aquele ar e feição de coveiro de cemitério de periferia. Depois que passou a crise de riso, recuperei o fôlego, bebi um copo d’água e caí na real. Na verdade, Rui Falcão estava anunciando o fim do PT e, como todos sairão correndo, (da policia, naturalmente) não haverá ninguém para apagar a luz. Foram efusivamente saudados com mais um formidável ‘’panelaço’’. 

terça-feira, 5 de maio de 2015

A amarga derrota


Durante meses, venho perturbando os que me seguem em meus quebrados escritos, a atacar a camarilha petista – Lula e Dilma, chefes do bando – que jogou o Brasil no caos econômico e promoveu o maior ‘’assalto ao trem pagador’’, que a historia do mundo conheceu. A Imprensa disse a mesma coisa. O povo saiu às ruas, pelo Brasil inteiro, dizendo a mesma coisa e exigindo o afastamento da Presidente. Agora, a historia chegou ao fim, como todas as historias, boas ou más. Nas republiquetas, como o Brasil, os que estão no poder comportam-se como se fossem donos do mundo, e, talvez, realmente o sejam. Para neutralizar a Imprensa, para sufocar as manifestações de rua, o Palácio do Planalto não precisou de muita coisa. Apenas de dois subservientes Ministros do Supremo Tribunal Federal, colocados lá exatamente para servirem seus ‘’Chefes’’ e um Procurador Geral da República que nunca esqueceu seu lugar de lacaio. Pois, meus prezados amigos, a operação ‘’lava-jato’’acabou. O juiz Sergio Moro, com toda a sua coragem e competência, logo cairá no esquecimento, como aconteceu com Joaquim Barbosa. Os empresários, envolvidos no petrolão estão soltos. Por certo, serão condenados pelo mesmo Sergio Moro, mas, como têm o direito de recorrer em liberdade, assim será. Livrar-se-ão das incômodas tornozeleiras eletrônicas, voltarão às suas empresas e continuarão a fazer suas negociatas, agora com mais prudência e sofisticação. Enquanto isso, seus recursos judiciais se arrastaram por décadas e, quando chegarem ao Supremo, sempre haverá um Tofolli que ‘’descobrirá’’ uma nulidade e transformará todo o trabalho do juiz Sergio Moro, em pó. Afinal, foi para isso que o ex advogado do PT, (tão medíocre que, por duas vezes, foi reprovado no concurso para ingresso na magistratura paulista), foi colocado no Supremo. Nada a estranhar na conduta dele: já vinha sendo capacho do Planalto, desde o ‘’mensalão’’. A edição do ultimo fim-de-semana de ‘’Veja’’ mostra a nada republicana relação pessoal entre Tofolli e o empreiteiro Leo Pinheiro, Presidente da OAS e solto, graças ao voto, sem qualquer justificativa, do inculto Ministro. Olho para a fisionomia do Ministro Teori Zavascki, para seu curriculum de inconteste jurista e me pergunto como ele pode abdicar de sua historia pessoal, para ‘’servir ao Rei’’, como paga pelo cargo recebido. Realmente, mais que nunca prevalece o ensinamento do filósofo: ‘’O homem é ele e suas circunstancias’’.

A Revista ‘’Época’’, edição no ultimo fim de semana, em matéria de 08 páginas, mostra como Lula vem funcionando como lobista, muito bem sustentado, pela ‘’Construtora Odebrecht’’, uma das envolvidas na ‘’lava jato’’. Consta que a Procuradoria da República vai instaurar inquérito contra o ex-presidente, por tráfico de influencia e enriquecimento ilícito. O que vai acontecer? Nada, absolutamente nada. No último final de semana, as luzes do Palácio da Alvorada iluminaram Brasília: os quadrilheiros ergueram suas taças, brindando a vitoria. Vitoria sobre Sergio Moro, vitoria sobre a Imprensa, vitoria sobre o povo, que foi às ruas, vitoria, enfim, vitória sobre a moralidade pública. Sejamos humildes e reconheçamos nossa derrota, afinal somos, definitivamente, uma republiqueta. Eu, cá de mim, ‘’viola enfiada no saco’’, vou procurar outros assuntos para gastar minha pena.  

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Considerações sobre a guarda compartilhada



Vou ao fórum, na Praça João Mendes e me deparo com manifestação de apoio à lei nº 13.068, de 22.12.2014, que criou o instituto da ‘’guarda compartilhada’’ dos filhos menores do casal, em ocorrendo a separação. A manifestação é nitidamente equivocada, vez que não se conhece qualquer entidade que seja contrária à guarda dos filhos, fixada, de comum acordo, pelos pais do menor, levando-se em conta as possibilidades, objetivas e subjetivas, de cada qual. A ‘’guarda compartilhada’’, que, na pratica, vem sendo adotada, faz longo tempo, surge como alternativa que a lei oferece ao juiz para, em não havendo consenso entre os pais, fixa-la, como regra obrigatória (§ 5º do art. 2º). Agora, o que não pode o Magistrado é, à revelia dos pais, impor a ‘’guarda compartilhada’’, como parece ser o objetivo dessa manifestação, promovida por uma ‘’Associação Brasileira para Igualdade Parental’’. Imaginemos a seguinte situação, bastante comum, diga-se de passagem: rompida ou dissolvida a relação conjugal, um dos cônjuges decide transferir sua residência para outra cidade do País, Fortaleza, por exemplo. Nessa hipótese, como vai se operacionalizar a ‘’guarda compartilhada’’, se os pais do menor não tiverem condições de suportar os custos de deslocamento do filho de São Paulo para aquela cidade nordestina? Assim, estabelecer que, na ‘’guarda compartilhada’’ a cidade considerada base da moradia dos filhos deverá ser fixada levando-se em conta os interesses dos mesmos (§ 3º. do art. 2º), é quimera, distanciada da realidade objetiva. Outra hipótese, bastante plausível: dissolvida ou rompida a sociedade conjugal, um dos cônjuges passa a viver em união estável com terceira pessoa que não aceita conviver com o filho do primeiro casal. Como resolver tal conflito, sob o regime da ‘’guarda compartilhada’’? Tal regime é o ideal, desde que o casal, mesmo rompida ou dissolvida a sociedade conjugal, mantenha saudável relação, até mesmo em nome dos superiores interesses dos filhos. Ao longo de mais de 40 anos de exercício profissional, já atuei em dezenas de separações e divórcios, onde a guarda dos filhos menores é compartilhada de fato, do mesmo modo que já vivenciei dezenas de situações, em que tal guarda é motivo de constantes desavenças. Tenho, hoje, a convicção formada que, sem o bom entendimento do casal separado, não será a lei, qualquer lei, que vai extirpar do filho do casal as sequelas da separação.