Ao longo do exercício da advocacia – e põe longo nisto – tive
e tenho o privilegio de conviver com colegas, de elevada competência
profissional, mas que, exatamente por saberem quanto valem, são avessos a
auto-promoção, nem fazem pose de impolutos. Com muitos, apenas convivo, com uns
poucos tenho o privilégio de passear em suas intimidades. Hoje vou falar de um
– e apenas ele se identificará nestes escritos – que, quando o visito em seu
belo escritório, lá tenho vontade de ficar, por tempo indeterminado. Filho de
desembargador já falecido, pouco mais novo do que eu, alcançou sucesso na
profissão e total independência financeira, da qual não faz alarde. Cultiva o
principio que ‘’viver é melhor que
sonhar’’ e, sem tirar os olhos dos menos favorecidos, a quem empresta
habitual generosidade, é amante dos bons vinhos e das belas mulheres, presas
fáceis de sua inteligência e elegância. Casou-se, no sentido largo do termo,
quatro ou cinco vezes e, nestes cerca de 10 anos que com ele convivo, jamais
ouvi dele qualquer comentário desairoso em relação a elas. Certa vez, leu,
esculpido em uma parede, a frase, que reproduzo, provavelmente com alguma
imperfeição ‘’quem não ama totalmente, é
porque não ama.’’ Naquele momento, tomou a decisão de terminar um
relacionamento, que já perdera o brilho. Hoje, vive sozinho, em seu espaçoso
apartamento. Sozinho, é maneira de dizer. Quando o corpo requisita, convida
mulheres avulsas, mas se recusa a manter com elas simples relação de compra e
venda. Respeita-as, como ser humano e as acolhe, fidalgamente, oferecendo-lhes
um jantar, que ele mesmo prepara, regado a um vinho, de boa linhagem. O que vem
depois é o que viria depois, com qualquer mulher, esposa, amante, mas com a
reverencia, com que a distingue e que faz dele um cavalheiro, espécie que vai
se extinguindo em tempo de barbárie. Orgulha-me, tê-lo em meu convívio, com
quem aprendo, a cada dia, que a vida fica mais fácil e melhor de se viver,
quando se a vive com generosidade.
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