Comentei com um amigo fraterno que estou completando 45 anos
de casado e ele se assusta, já que passou por três casamentos e, agora,
solteiro, assim pretende continuar. – ‘‘como você conseguiu?’’, perguntou-me
ele. Em primeiro lugar, não fui eu, mas ‘’nós conseguimos’’, malgrado chuvas e
trovoadas. Depois, se se fizer as contas, bem feitas, não é tanto tempo assim.
Vamos lá: 45 anos são 394.200 horas. Se dessas horas você excluir as que fica
fora de casa, trabalhando – 10 horas/dia – e as que passa dormindo – 07 horas
dia – o tempo/dia fica reduzido para 07 horas que transformados em anos, reduz
o tempo de casado para menos de 14 anos. E ainda há que se computar os dias,
que se ficou fora de casa, viajando a trabalho, o que reduzirá o tempo real de
convivência para, no máximo, 12 anos, o que, convenhamos, não é tanto tempo
assim. Todavia, a longevidade matrimonial exige algumas regras básicas a serem
observadas, principalmente, quando a ‘’velha chama’’ já não arde.
Companheirismo e compreensão são essenciais e, manter a família sempre unida, é
mais essencial ainda, porque um dia os filhos batem asa, na construção de seus
próprios ninhos e, aquela união, faz com que eles sempre retornem, agora
trazendo netos, que voltarão a encher de barulho e alegria a casa. O silêncio
constante é irmão gêmeo da solidão e nada como criança, correndo, jogando bola
na sala, fazendo guerra de travesseiro, para impedir que o silêncio se instale.
Ter cachorro também é muito bom, por eles, companheiros fidelíssimos e por nós,
pelo trabalho que requerem. Manter e respeitar a individualidade de cada um, é
fundamental, não disputando a televisão, a música ou a leitura, quando se tem –
e sempre se tem – gosto diferente. Outra coisa: a casa é propriedade comum, mas
o direito de seu uso é privativo da mulher, que deve determinar, sem
contestação, as regras internas de funcionamento. Com o correr dos anos você
descobre que as discussões são inúteis: a mulher tem sempre razão, mesmo quando
a obviedade demonstre o contrário. Por isso ouça, prestando atenção ou não
atenção, sem retrucar... até porque será inútil fazê-lo.
De minha parte, declaro, para todos os fins de direito, que
estes 45 anos passaram com a velocidade do vento. Para mim, valeu a pena
vivê-los com a companheira que tenho e, se o tempo voltasse, com ela começaria
tudo outra vez.
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