quarta-feira, 15 de junho de 2016

Por uma reforma política



Logo após a Revolução de 1964, os partidos políticos foram extintos, pelo óbvio motivo que o regime democrático não podia – como não pode – funcionar com ilimitada pluralidade partidária, sem ideologia e linha programática definidas. Surgiram, assim, a ARENA e o MDB, o primeiro, dando sustentação ao Governo e o segundo que, na verdade, era vasta ‘’frente’’, fazendo-lhe oposição. Nos Estados Unidos, maior e mais consolidada democracia do mundo, há dois partidos, o Republicano, mais à direita, que preconiza menos Estado e o Democrata, mais ao centro, o Estado pouco intervencionista, minimizando os conflitos sociais. É verdade que há os chamados ‘’independentes’’, mas que, não contam, porque jamais tiveram representatividade real. No Brasil, especialmente após a romântica Constituição de 1988, os partidos políticos foram se multiplicando e tantos os são que não consigo quantificá-los. A coisa chegou ao ridículo extremo que se tem o Partido da Mulher Brasileira – PMB, com um único representante no Congresso... e que é homem. Tal multiplicidade gerou as ‘’legendas de aluguel’’. As coligações partidárias não se formam em razão de programas ou identidade ideológica, mas em razão de tempo na televisão e divisão de cargos. Na última eleição municipal ficou célebre o triplo aperto de mão entre Lula, Paulo Maluf e Haddad e, no ‘’palanque da vitória’’ do último, lá estava Maluf, sorridente, com ar de vencedor. Todos falam na imperiosa necessidade de uma reforma política, com clausula de barreira, que reduziria o número de partidos e a fidelidade partidária, que eliminaria o mercado de compra e venda de deputados, senadores e correlatos. Ingenuidade de quem acredita que tal reforma sairá do papel, já que teria de ser efetivada pelos próprios congressistas, nada dispostos a abrirem mão de seus privilégios. Hoje, no Brasil, os três melhores negócios a serem criados são: partidos políticos, sindicatos e igrejas neo-pentecostais. Todavia, surge uma luz no fundo do túnel, quanto à reforma política. É que a operação ‘’lava jato’’ vai revelando que a corrupção alcançou, democraticamente, todos os partidos, do PCDB ao PP, em extenso leque que não discriminou ninguém, nem a Marina, com aquele seu ar de donzela invicta. Por que uma Construtora, lídima representante do capitalismo, doaria mais de 01 milhão para uma deputada do Partido Comunista? Eduardo Cunha, por sua vez, já avisou que, se cair, leva 150 deputados com ele. Juntando todos os envolvidos, passados, presentes e futuros, talvez sobre menos de 50 deputados e 20 senadores, o que inviabilizará o funcionamento do Congresso Nacional. Daí, a reforma política emergirá, como conseqüência natural. Não mais que 03 partidos não necessários: um, à direita, mais liberal, a pregar o Estado mínimo; outro, à esquerda, adepto do Estado protecionista, e outro, ao centro, como fiel da balança, impedindo as radicalizações. Tenho, inclusive, sugestão de nomes para liderar as 03 citadas alas: à esquerda, Cristovão Buarque; à direita, Ronaldo Caiado; ao centro, José Serra. Por enquanto, é só um sonho, que a ‘’lava jato’’ pode transformar em realidade. 

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