Logo após a Revolução de 1964, os partidos políticos foram
extintos, pelo óbvio motivo que o regime democrático não podia – como não pode
– funcionar com ilimitada pluralidade partidária, sem ideologia e linha
programática definidas. Surgiram, assim, a ARENA e o MDB, o primeiro, dando
sustentação ao Governo e o segundo que, na verdade, era vasta ‘’frente’’,
fazendo-lhe oposição. Nos Estados Unidos, maior e mais consolidada democracia
do mundo, há dois partidos, o Republicano, mais à direita, que preconiza menos
Estado e o Democrata, mais ao centro, o Estado pouco intervencionista,
minimizando os conflitos sociais. É verdade que há os chamados
‘’independentes’’, mas que, não contam, porque jamais tiveram
representatividade real. No Brasil, especialmente após a romântica Constituição
de 1988, os partidos políticos foram se multiplicando e tantos os são que não
consigo quantificá-los. A coisa chegou ao ridículo extremo que se tem o Partido
da Mulher Brasileira – PMB, com um único representante no Congresso... e que é
homem. Tal multiplicidade gerou as ‘’legendas de aluguel’’. As coligações
partidárias não se formam em razão de programas ou identidade ideológica, mas
em razão de tempo na televisão e divisão de cargos. Na última eleição municipal
ficou célebre o triplo aperto de mão entre Lula, Paulo Maluf e Haddad e, no
‘’palanque da vitória’’ do último, lá estava Maluf, sorridente, com ar de
vencedor. Todos falam na imperiosa necessidade de uma reforma política, com
clausula de barreira, que reduziria o número de partidos e a fidelidade partidária,
que eliminaria o mercado de compra e venda de deputados, senadores e
correlatos. Ingenuidade de quem acredita que tal reforma sairá do papel, já que
teria de ser efetivada pelos próprios congressistas, nada dispostos a abrirem
mão de seus privilégios. Hoje, no Brasil, os três melhores negócios a serem
criados são: partidos políticos, sindicatos e igrejas neo-pentecostais.
Todavia, surge uma luz no fundo do túnel, quanto à reforma política. É que a
operação ‘’lava jato’’ vai revelando que a corrupção alcançou,
democraticamente, todos os partidos, do PCDB ao PP, em extenso leque que não
discriminou ninguém, nem a Marina, com aquele seu ar de donzela invicta. Por
que uma Construtora, lídima representante do capitalismo, doaria mais de 01
milhão para uma deputada do Partido Comunista? Eduardo Cunha, por sua vez, já
avisou que, se cair, leva 150 deputados com ele. Juntando todos os envolvidos,
passados, presentes e futuros, talvez sobre menos de 50 deputados e 20
senadores, o que inviabilizará o funcionamento do Congresso Nacional. Daí, a
reforma política emergirá, como conseqüência natural. Não mais que 03 partidos
não necessários: um, à direita, mais liberal, a pregar o Estado mínimo; outro,
à esquerda, adepto do Estado protecionista, e outro, ao centro, como fiel da
balança, impedindo as radicalizações. Tenho, inclusive, sugestão de nomes para
liderar as 03 citadas alas: à esquerda, Cristovão Buarque; à direita, Ronaldo
Caiado; ao centro, José Serra. Por enquanto, é só um sonho, que a ‘’lava jato’’
pode transformar em realidade.
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