quinta-feira, 2 de junho de 2016

Porque Junho chegou



Como já alardeei, detesto o frio, que nos faz camuflar em pesadas roupas e me traz inevitável banzo do verão. Todavia, tenho especial carinho pelo mês de Junho, tantas são as comemorações, gerais e pessoais, nele realizadas. No plano geral, as festas juninas que, se nestas plagas paulistanas resumem-se às quermesses das Igrejas, pelo Brasil afora, especialmente no Nordeste, continuam a serem festejadas com danças, fogueiras e quentões. Nada tenho de saudosismo, mas são as raízes que traçam a personalidade de um povo e de uma nação. Dos Santos reverenciados, minhas preferências recaem sobre São João, que me remete à infância e São Pedro que considero injustiçado pela hagiografia, apesar de ter sido a pedra sobre a qual se erigiu a Igreja. Acabou tendo sua importância empanada pelo seu colega de dia, São Paulo, por quem chego a ter antipatia: intitulou-se a si mesmo apostolo, desprezou Barnabé, que o introduziu entre os apóstolos verdadeiros e quis tomar o lugar de Pedro. Suas ‘’cartas’’ – em grande numero não escritas por ele – estão recheadas de cabotinismo, como se ele tivesse sido, pessoalmente, escolhido por Cristo, para difundir o evangelho. É óbvio que Paulo foi importante. Culto, de origem nobre, teve a visão cosmopolita que faltou a Pedro, humilde e analfabeto pescador. Outro dia, um amigo, recém chegado da ‘’terra santa’’, mostrou-me uma foto da casa de Pedro, quase uma gruta de ínfima dimensão. Nasceu e viveu ele na pobreza, desceu da vida para seguir Jesus e o entendeu, mais com o coração do que a razão, fraquejou, como qualquer ser humano e, exatamente pelo seu despojamento, Cristo o escolheu para ser o fundador da Igreja que emergia. Impossível imaginar Paulo, com seu imponente cavalo e aquela pose de ‘’eu sou mais eu’’, participando de festa junina. Quanto a Pedro, vejo-o percorrendo as barracas de canjica e quentões, pulando fogueiras e, até, ensaiando passos de quadrilha. E não esqueçamos Santo Antonio, reverenciado, com incontida expectativa, pelas ‘’moças casadoiras’’.

Boas festas juninas a todos e quem puder, desfrute-as no nordeste, especialmente na Paraíba, terra de muitos encantos e quase nenhum frio.

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