sexta-feira, 10 de junho de 2016

Por que bater palmas ‘’com alegria’’?



Antes de se iniciar a leitura do Evangelho, é costume cantar uma música, como a preparar os corações e mentes para a leitura que se vai ouvir. No domingo último, cantou-se uma, cujo estribilho diz:‘’batam palmas, com alegria, o Evangelho vai falar...’’ E, na homilia que se seguiu, o sacerdote, que a proferiu, indagou se, em tempos tão adversos, tínhamos motivação para batermos palmas, ‘’com alegria’’. A homilia prosseguiu, mas minha cabeça ‘’viajou’’, naquela rápida introdução. Como, de larga data, freqüento a mesma missa – das 10 horas – conheço inúmeras pessoas e, até, seus motivos, para não baterem palmas ‘’com alegria’’. Meu companheiro de banco, um ainda jovem de não mais de 40 anos, depois de uma década, trabalhando na mesma empresa, foi despedido e assim permanece, passados vários meses. Com fé, conversa com Deus, nele depositando sua esperança. Dois bancos à frente, senta-se uma pessoa, óculos escuros para esconder sua tristeza, cujo companheiro abandonou-a, depois de cerca de 30 anos de convívio diuturno. Ao lado do primeiro banco, instala-se, sentado em cadeira-de-rodas, um senhor, que conheci há cerca de dois anos e que, por razões que desconheço, foi lentamente, perdendo a capacidade de locomoção. Bem atrás de mim, estão os dois filhos albinos do jovem Ministro Extraordinário da Eucaristia. E quantos outros não haverá, sem motivos para bater palmas ‘’com alegria’’? A verdade é que todos temos que carregar nossa cruz e seguir Jesus, como ele nos convidou a fazê-lo. Vivemos tempos paradoxais, onde a humanidade se utiliza de todos os meios científicos e sociais para evitar a dor e padece, como nunca, de angústias e depressões. Adquiri o hábito de assistir à missa, olhos fixos no imenso Cristo crucificado, postado sobre o altar. Nele coloco minha esperança, meu refúgio e, acima de tudo, naquela imagem, ao mesmo tempo sofrida e terna, busco forças para carregar minha cruz, tão leve, diante de tantas outras. Afinal, ‘’mesmo se vier noite traiçoeira e a cruz pesada for, Cristo estará conosco e o mundo pode até vos fazer sofrer, mas Deus nos quer sorrindo.’’

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