A imprensa elegeu, como ‘’bola da vez’’, para deitar falação,
o salário dos serventuários da justiça, em geral e dos Magistrados, de modo
particular. Leio que tal salário nos últimos 20 anos, teve reajuste da ordem de
112%. Saco de minha raquítica calculadora, divido 112 por 20 e, linearmente,
concluo que tal ‘’fantástico’’ aumento é de cerca de 5.6% ao ano. Por certo,
alguma coisa está errada naquele cálculo. Quanto aos serventuários da Justiça,
afirmo, sem qualquer receio de me equivocar, que, dentre os funcionários dos 03
Poderes, são os que mais trabalham. E a razão é simples: somos um País de
litigantes, principalmente o Poder Público, que discute sempre, principalmente
quando não tem razão. Tramitam, atualmente, nos diversos fóruns do Brasil,
cerca de 150 milhões de processo, o que dá um e meio processo, por habitante e
quem toca o dia a dia dos mesmos são os serventuários da Justiça. Quem duvidar
passe pelo fórum da Praça João Mendes e constatará funcionários escondidos
atrás de pilhas de processo. As Câmaras do nosso Tribunal de Justiça chegam a
julgar, numa única seção, 100 ou mais recursos. Esta história de dizer – como o
faz nossa Constituição – que os 3 Poderes são independentes, é pura bazofia,
porque toda a arrecadação, inclusive de custas processuais, vai para o
Executivo.Temos serventuários e magistrados de menos. Um Juiz de primeiro grau
ganha o correspondente ao salário de gerente jurídico de grande empresa e um
Desembargador, com não menos 25 anos de judicatura, incorporando todas as
vantagens, ganha o equivalente a Diretor Jurídico daquela mesma empresa. Os
escândalos pululam, no Executivo e Legislativo, sendo, porém, raros e pontuais
no Judiciário. O Brasil vive tormentosos dias, com a corrupção alcançando,
indiscriminadamente, políticos e governantes de todos os partidos. Quem vendo
segurando as instituições, evitando que sejamos, todos nós, integrantes do ‘’samba
do crioulo doido’’, é o Judiciário, seja através dos milhares de juízes que, muitas
vezes, ao julgar, colocam em risco a própria vida, seja através dos
funcionários daquele Poder. A chamada ‘’imprensa investigativa’’ precisa ‘’investigar’’
melhor, antes de manchantear bobagens e, quanto contestada, não ter de esconder
no interminável manto da ‘’liberdade de expressão’’.
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