terça-feira, 28 de junho de 2016

O ‘’Brexit’’: direita ou esquerda?



É interessante como alguns conceitos ideológicos vão sofrendo mutações, ao longo do tempo e dos acontecimentos históricos. Pessoalmente, acho esta dicotomia esquerda/direita total anacronismo, que desapareceu com o fim do regime comunista, cujo tiro de misericórdia fora a queda do muro de Berlim, em 1989. No meu tempo de estudante universitário, ser de esquerda era, essencialmente, ser anti-americano, era defender os valores nacionais, preconizar a estatização de tudo. Nós que, já naquela época, imaginávamos um Brasil inserido no universo político e econômico, éramos chamados de ‘’americanófilos’’, ‘’americanalhas’’, ‘’gorilas’’ e outros epítetos, tão a gosto de uma geração bastante politizada. A roda do tempo girou, veio a globalização, as redes sociais passaram a ser o mais efetivo meio de comunicação e o conceito daquela dicotomia virou de cabeça para baixo. Hoje, ser de esquerda, é defender a integração com organismos internacionais e, em contraponto, ser de direita, como sinônimo de ‘’reacionário’’, é proteger valores e conceitos ‘’nacionais’’. Vejam o que aconteceu com a Inglaterra, cuja população, em sua maioria, optou por se desvincular da União Européia, como meio de proteger seus valores nacionais, em um momento em que os empregos e a segurança ficaram ameaçados com a chegada de mais de 600 mil imigrantes. A vitória do ‘’sim’’, isto é, dos que desejavam a saída de União Européia, foi considerada vitória da ‘’direita xenófoba’’. Afinal, o que pretendiam esses ‘’reacionários’’? Uma Grã Bretanha mais independente, sem se submeter às normas intervencionistas da ‘’União’’, o estabelecimento de regras de controle sobre a entrada de estrangeiros, principalmente os refugiados. A ‘’direita’’ avança, no mundo, não porque prega o privilégio da classe mais rica, em detrimento dos mais pobres, como sustenta a esquerda derrotada. O que aflora, como óbvio, é que os discursos de esquerda são bons, em campanha política, mas não guardam identidade com o ato de governar. Exemplo disto, é François Hollande que, ao propor reforma trabalhista, fundamental para reduzir o ônus financeiro, advindo do protecionismo, enfrenta a fúria da esquerda, que o elegeu. A vitória do conservador, Mariano Rajoy, na Espanha, reflete o anseio do povo espanhol de arquivar o populismo, que gerou a mais devastadora crise econômica, que deixou, sem emprego, mais de 20% de força de trabalho espanhola. O Brasil, querendo ou não, deverá rever sua permanência nesta união de esfarrapados, que se chama ‘’Mercosul’’ e, através de acordos bilaterais, expandir seu mercado exterior. Que o inútil debate sobre esquerda/direita fique restrita aos intelectualóides desocupados e que os países civilizados, sem abdicarem de seus valores nacionais – como sustenta o ‘’Brexit’’ -, procurem o caminho comum do desenvolvimento. 

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