Ressurge, no Congresso Nacional, projeto de lei, propondo a
legalização de jogos de azar, sendo que o dinheiro arrecadado – estimado em 20
bilhões/ano – seria utilizado para cobrir o rombo da previdência social. O
jogo, no Brasil, teve seu esplendor nos anos 30 e metade nos anos 40, ficando
famosos o ‘’Cassino da Urca’’ e o do ‘’Hotel Quitandinha’’, na subida para
Petrópolis. Em 1946, o Presidente Dutra, influenciado por sua esposa, carola
até o ultimo fio de cabelo e que considerava o jogo ‘’coisa do diabo’’,
decretou sua ilegalidade, gerando desemprego para artistas, garçons, enfim, para
todo o pessoal que dava apoio logístico às casas de jogo. Como ainda não
existia, por aqui, a televisão – que surgiria apenas em 1954 – e o rádio tinha
alcance limitado, foi nos cassinos que surgiram e brilharam grandes orquestras,
como a de Severino Araújo, vedetes como Virginia Lane – que se tornaria amante
do então Presidente Getúlio Vargas – e cantores, que se imortalizaram, como
Silvio Caldas, Francisco Alves, Orlando Silva, dentre tantos outros que, com o
fechamento daquelas casas, viram estreitar, de modo significativo, o mercado de
trabalho. Mas, como tudo no Brasil prevalece a hipocrisia, posto na
ilegalidade, o jogo corria – e ainda corre solto – em cassinos clandestinos e
clubes sociais, sendo que, nesses últimos, predominam o ‘’carteado’’. Lembro-me
de que, em minha cidade, eram famosos os casos de homens que perderam fortunas
em mesas de ‘’pôquer’’ e ‘’pif-paf’’. Comentou-se, à época, tinha eu uns 15
anos, que conhecido fazendeiro ‘’perdera’’, por uma noite, sua belíssima
esposa, morena, olhos azuis, numa infeliz rodada de cartas. Em tempos mais
modernos, pulularam, em nossa Capital, casas de bingo e vídeo pôquer, algumas
sofisticadíssimas, como uma, existente na 23 de Maio, cujo restaurante tinha
suas mesas postas sobre um piso de vidro, sob o qual, em lago artificial,
nadavam carpas coloridas. Como o jogo era proibido, não gerava arrecadação para
o Estado, mas era – e ainda é – generosa fonte de propina para os agentes públicos,
encarregados de fazer valer a proibição. Já nem falo do ‘’jogo do bicho’’, que
se espalha por todas as esquinas, acessível, principalmente às camadas mais
pobres das populações. Como tudo é hipocrisia, o jogo é proibido, mas a Caixa
Econômica Federal tem o monopólio legal de explorar a loteria, a lotofácil, a
lotomania, a mega sena e dezenas de outros, tantos os são que não os recordo o
nome. Como o prêmio pago corresponde a 1/3 do total arrecadado, seria
interessante investigar como e onde essa arrecadação é aplicada. Assim, a
legalização do jogo, além de gerar novos empregos, trará relevantes recursos
para o Estado. Fica apenas receio de se criar uma ‘’Jogobrás’’, com direito a
presidente, diretores, assessores, habituais cabides de emprego, principalmente
quando se noticia que a legalização do jogo está sendo patrocinada pelas
Centrais Sindicais. Só falta terem elas o monopólio da exploração. Como estamos
no Brasil, tudo é possível!
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