segunda-feira, 13 de junho de 2016

Considerações sobre a legalização do jogo, no Brasil

Ressurge, no Congresso Nacional, projeto de lei, propondo a legalização de jogos de azar, sendo que o dinheiro arrecadado – estimado em 20 bilhões/ano – seria utilizado para cobrir o rombo da previdência social. O jogo, no Brasil, teve seu esplendor nos anos 30 e metade nos anos 40, ficando famosos o ‘’Cassino da Urca’’ e o do ‘’Hotel Quitandinha’’, na subida para Petrópolis. Em 1946, o Presidente Dutra, influenciado por sua esposa, carola até o ultimo fio de cabelo e que considerava o jogo ‘’coisa do diabo’’, decretou sua ilegalidade, gerando desemprego para artistas, garçons, enfim, para todo o pessoal que dava apoio logístico às casas de jogo. Como ainda não existia, por aqui, a televisão – que surgiria apenas em 1954 – e o rádio tinha alcance limitado, foi nos cassinos que surgiram e brilharam grandes orquestras, como a de Severino Araújo, vedetes como Virginia Lane – que se tornaria amante do então Presidente Getúlio Vargas – e cantores, que se imortalizaram, como Silvio Caldas, Francisco Alves, Orlando Silva, dentre tantos outros que, com o fechamento daquelas casas, viram estreitar, de modo significativo, o mercado de trabalho. Mas, como tudo no Brasil prevalece a hipocrisia, posto na ilegalidade, o jogo corria – e ainda corre solto – em cassinos clandestinos e clubes sociais, sendo que, nesses últimos, predominam o ‘’carteado’’. Lembro-me de que, em minha cidade, eram famosos os casos de homens que perderam fortunas em mesas de ‘’pôquer’’ e ‘’pif-paf’’. Comentou-se, à época, tinha eu uns 15 anos, que conhecido fazendeiro ‘’perdera’’, por uma noite, sua belíssima esposa, morena, olhos azuis, numa infeliz rodada de cartas. Em tempos mais modernos, pulularam, em nossa Capital, casas de bingo e vídeo pôquer, algumas sofisticadíssimas, como uma, existente na 23 de Maio, cujo restaurante tinha suas mesas postas sobre um piso de vidro, sob o qual, em lago artificial, nadavam carpas coloridas. Como o jogo era proibido, não gerava arrecadação para o Estado, mas era – e ainda é – generosa fonte de propina para os agentes públicos, encarregados de fazer valer a proibição. Já nem falo do ‘’jogo do bicho’’, que se espalha por todas as esquinas, acessível, principalmente às camadas mais pobres das populações. Como tudo é hipocrisia, o jogo é proibido, mas a Caixa Econômica Federal tem o monopólio legal de explorar a loteria, a lotofácil, a lotomania, a mega sena e dezenas de outros, tantos os são que não os recordo o nome. Como o prêmio pago corresponde a 1/3 do total arrecadado, seria interessante investigar como e onde essa arrecadação é aplicada. Assim, a legalização do jogo, além de gerar novos empregos, trará relevantes recursos para o Estado. Fica apenas receio de se criar uma ‘’Jogobrás’’, com direito a presidente, diretores, assessores, habituais cabides de emprego, principalmente quando se noticia que a legalização do jogo está sendo patrocinada pelas Centrais Sindicais. Só falta terem elas o monopólio da exploração. Como estamos no Brasil, tudo é possível! 

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