Alguns articulistas brasileiros têm mostrado espanto diante
do fato de Donald Trump ter ganho, com folga, o direito de disputar as eleições
presidenciais norte-americanas e, mais, segundo recentes pesquisas, estar
tecnicamente empatado com Hillary Clinton. À primeira vista, Trump é um
fanfarrão, acostumado ao jogo de cena, de seu programa televiso. Todavia,
quando se examina suas propostas, constata-se que estão elas focadas em dois
problemas que, em muito, interessam ao norte-americano comum e genuíno, aquele
cidadão de ancestrais norte-americanos e lá vivendo. Estes dois problemas são:
a imigração e a segurança, problemas que acabam se entrelaçando, como, mais
adiante, esclarecerei. Desde o 11 de Setembro de 2001, a segurança virou
obsessão nos Estados Unidos. Os vários atentados, com centenas de vítimas, que
se seguiram àquele fatídico acontecimento, mostram que aquele País é alvo fácil
de terroristas e psicopatas, de todo o gênero e que organismos, como a CIA e o
FBI têm sido, pelo menos, lenientes na tomada de medidas acautelatórias. As
restrições à compra e ao uso de armas – de - fogo, proposta pelas democratas,
constitui verdadeiro ‘’tiro no pé’’, já que o norte-americano tradicional, além
de ser avesso a qualquer restrição a suas liberdades individuais, tem a cultura
do uso de arma, não só para lazer, mas também como meio de defesa pessoal. Isto
sem falar na importância da industria armamentista para a economia americana.
Lembro-me de que, anos atrás, fui conhecer a gigantesca fábrica da ‘’Smith
Weston’’, que fica em ‘’Springfield’’, cidade de uns 200 mil habitantes, toda
ela dependente daquela indústria. Passava das 10 da noite e pedi uma cerveja,
no bar do hotel – ‘’Ramada Inn’’ – onde estava hospedado. Meu pedido foi
negado, porque era proibido vender bebida alcoólica, depois daquele horário.
Achei um paradoxo não poder beber uma humilde cerveja, enquanto, sobre o
balcão, repousava reluzente rifle. É a tal obsessão por segurança que Donald
Trump vem explorando, com habilidade, como obrigação do Estado e direito do
cidadão. A questão migratória é quase secular: nenhum País do mundo acolhe
tantos imigrantes, legais e ilegais, quanto os Estados Unidos. Quem vai a
Miami, Nova York ou São Francisco não precisa falar inglês. Se arranhar o
espanhol, não passará dificuldades. A questão sempre incomodou o americano
genuíno, mas se agravou com o achatamento do mercado de trabalho,
principalmente após a crise de 2008. Trump tem batido na tecla de que o imigrante,
que suporta salários aviltados, tem tomado emprego do norte-americano
autêntico. E mais, quanto mais aumenta a imigração, mais aumenta o índice de criminalidade
e, infelizmente, nisto Trump tem razão, apesar da forte dose de demagogia,
utilizada em sua argumentação. Na verdade, a eleição presidencial
norte-americana está nas mãos dos ‘’cucarachos’’. Se eles comparecerem às
urnas, ganha Hillary, caso contrário dá Trump. Ganhando a primeira, nada
mudará, mera continuidade da administração Obama. Ganhando Trump, os Estados
Unidos estarão mais voltados para si mesmos. Não vejo Trump como um celerado, a
promover guerra atômica, a qualquer pretexto. Por mais que não queira, não
poderá isolar os Estados Unidos do mundo. Afinal, ‘’é a economia, estúpidos’’.
Quem manda é esta, definitivamente, já globalizada e nem o Presidente dos
Estados Unidos, seja quem for, pode reverter isto.
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