Tenho ouvido de muitas pessoas, com boa formação intelectual,
que estão cansadas de más notícias, que não mais suportam ouvir palavras como “corrupção”, “violência”, por isso mudam
de canal, quando os noticiários entram no ar. Sou até capaz de entender o
comportamento dessas pessoas, levadas à exaustão, por notícias repetitivas,
mas, por outro lado, como fazemos todos parte
dos problemas, temos, pelo menos, de nos interessar pelas soluções propostas e,
as redes sociais oferecem excelente veículo para, isoladamente ou em grupo,
debatermos essas propostas, até para aperfeiçoá-las. Vejamos, por exemplo, o
problema da “cracolândia”, objeto de
reiteradas reportagens e, malgrado as ações da Prefeitura Municipal e da
Polícia Militar, resta insolúvel, porque o Poder Judiciário Paulista proíbe a
remoção compulsória dos usuários de droga para centros de recuperação. Não
seria o caso de se ouvir Psicólogos, Psiquiatras, profissionais ligados às
áreas da saúde e assistência social, para se enfrentar tão grande problema?
Vejamos, por exemplo, o problema da cidade do Rio de Janeiro, que vem sendo,
progressivamente, “ocupada” por
organizações criminosas, ligadas ao tráfico de entorpecentes. As ações,
intentadas pelo Estado, como as “UPPs”,
não resultaram em redução da criminalidade. Nós, distantes 450 quilômetros do
Rio, não podemos dar de ombros e apenas dizer “o problema não é nosso”. É claro que é, vez que, por aqui, o PCC
atua com a mesma desenvoltura do “Comando
Vermelho”. Nossa Capital, pela sua geografia, dificulta a percepção do
avanço da criminalidade, mas isto não significa que ela não esteja prestes a
bater a nossa porta, onde quer que residamos. O aparelho policial, em nosso
Estado, ainda funciona, mesmo precariamente, graças ao denodo da Policia Civil
e da Polícia Militar, mas o nó, decorrente de salários vis, de falta de
equipamentos, vai sendo apertado e, se nada for feito, logo chegará à asfixia.
Quem duvida, basta entrar em qualquer dos 100 distritos policiais da Capital.
Vivemos real estado de guerra e não,
adianta simplesmente “mudar de canal”,
para se encontrar a paz. Quem ainda não foi assaltado, sob a mira de um
revólver, que se apresente! Agradeço a Deus ter saído vivo de três deles. Na
minha rua, das 06 residências, a única “virgem”
é a minha e devo isto aos 07 cachorros, que a guarnecem. Já não se fala em
mudar para o interior, já alcançado pelos tentáculos da criminalidade. Fala-se
em mudar para Miami e, nos últimos tempos, Portugal passou a ser a “Pasárgada” dos brasileiros, desiludidos
com os destinos do País. Será esta a solução? Quantos poderão buscá-la? Não
basta que saiamos à rua e gritemos “fora
Dilma”, “fora Lula”, “fora Temer”, “fora todo mundo” e, depois
voltarmos para casa, achando que cumprimos nosso dever cívico. É claro que “soltar a voz”, manifestar indignação, é
importante. Todavia, podemos muito mais: pelas redes sociais, podemos
transmitir essa indignação diretamente à autoridade (in) competente. Podemos,
por exemplo, encher o e-mail do Prefeito, falando dos buracos de nossas ruas,
que se eternizam; dos caminhões de lixo que, na contra-mão de todas as grandes
metrópoles do exterior, fazem a coleta, durante o dia, provocando
desnecessários engarrafamentos; idem caminhão de carga e descarga de
mercadoria. Que tal informar ao Secretário de Segurança que o Distrito Policial
de seu bairro está acéfalo, por falta de pessoal e equipamentos, que, ali na
esquina, funciona um ponto de vendas de drogas?
Enfim, se não queremos ou podemos nos mudar para os Estados
Unidos ou Portugal, temos que, de forma dinâmica e participativa, exercer nossa
cidadania.
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