A decretação da prisão do
ex-presidente Lula deu fôlego às revistas semanais, cujo último número encalhou
nas bancas, conforme informações do meu jornaleiro. Apenas folhei a “Veja”, desse último sábado para
verificar se, além do caso Lula, havia outras matérias, que justificassem
comprá-la. O resto – e o substantivo é pra lá de apropriado – era resto mesmo,
pois o foco era mesmo o decreto de prisão de Lula. Sugiro a “Veja” que contrate advogado, solidamente
versado em direito constitucional e processo penal, para que a decadente
revista não ingresse no anedotário, pelas bobagens publicadas. Exemplo: lá na
página 47 está gravado, em negrito: “se a condenação for mantida em segunda instância,
a justiça pode dar início imediato à
execução da pena”. Diante de tamanho disparate, repus a revista em seu
lugar e comprei o último número de “Piauí”.
Sobre a assertiva afoita e tendenciosa de “Veja”,
faço duas observações: como a condenação de Lula envolve várias questões
constitucionais, e infra-constitucionais, como cerceamento de defesa e conflito
com lei expressa, da condenação cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça e
ao Supremo Tribunal Federal, que pode receber o recurso, em seu efeito suspensivo,
isto é, retirando a eficácia imediata da condenação, mesmo em sendo ela
confirmada em 2ª instância. Não bastasse isto, “Veja” esqueceu de informar a seus desafortunados leitores que a
matéria, referente ao cumprimento de pena, quando o Tribunal Regional confirma
a decisão condenatória do juiz de primeiro grau, vai voltar a ser apreciada
pela Corte Suprema e, segundo sólidas informações, o placar será de 6x5 contra
o entendimento atual, restaurando-se o princípio constitucional, segundo o qual
o acusado somente será considerado culpado, após a sentença transitar em julgado, isto é,
quando não couber qualquer outro recurso.
E, para corrigir outra bobagem dita
pela “Veja”: em sendo Lula eleito
Presidente, estando em andamento o aludido processo, este estará, automaticamente
suspenso, após a diplomação de Lula. A mim também me desagrada ver Lula na
Presidência, mas me repugna, com maior intensidade, estuprar o ordenamento
jurídico, em favor de nossos interesses ou nossas aversões.
Como se dizia em meu tempo de rapaz
“dura Lex sed Lex, no cabelo só gumex”.
A propósito de alguém que pode dar
aconselhamento jurídico a “Veja”,
sugiro Airton Soares, brilhante advogado, equilibrado jornalista e com passagem
de probidade e coerência pelo Congresso Nacional.
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