quarta-feira, 31 de agosto de 2016

‘’E agora, José, a festa acabou...’’



Afasto-me de tentação de falar do processo de julgamento da inglória Presidente Dilma. O tempo vivido, se não serve para quase nada, pelo menos concede-nos o privilégio de antever os fatos. Confirmou-se o que eu disse, que seria um espetáculo circense, onde predominou o cômico e o inusitado. Que seria um ‘’espetáculo circense’’, reconheceu-o o próprio Presidente do Senado, Renan Calheiros, com quem este escriba tem o privilégio de não manter relações, de qualquer espécie. Dele sei ser traidor contumaz: lançado na vida pública por Fernando Collor de Melo, votou a favor da cassação do ex-presidente, como já se posicionou contra Dilma, que o amparou para chegar à presidência da ‘’Câmara Alta’’. O cômico-inusitado ficou por conta do Presidente do Supremo, que concedeu a palavra a testemunha não inquirida. Nestes 45 anos de exercício da advocacia, nada vi de tão inédito. Mas, como tudo era circo, era para rir mesmo. Na claque da Presidente, lá estava Chico Buarque, o arauto da liberdade, que revirou os olhinhos de toda uma geração, enchendo a ‘’burra’’ com canções de protesto, mas que beijava as mãos de Fidel Castro, cujo regime matou mais que os regimes militares do Brasil, Argentina e Chile, juntos. Gargalhei, como se faz em bom circo, quando a melancólica presidente afirmou que lutou contra a repressão, para restaurar a democracia, no Brasil. Até o cachorro que, a meu lado, olha-me com tédio, sabe que as organizações terroristas da época queriam mesmo era transformar o Brasil em uma grande Cuba. Escrevo às oito da matina, sem ainda o veredicto do Senadores. Afirmar que o julgamento equipara-se àquele realizado pelo Tribunal do Juri, é uma estultice, como diria meu amado Eça de Queirós. Fiz vários juris, em minha carreira e a simples premonição de que um jurado podia ter juízo de valor preconcebido, era motivo para recusá-lo. No julgamento de Dª Dilma, havia apenas dois tipos de ‘’jurados’’: os que lambiam seus pés e os que destilavam ódio contra ela. E chama-se isto de democracia, aquela que, segundo Montesquieu, somente estará preservada se estiverem afastados os extremismos. Felizmente, o show acabou e os artistas, principalmente os palhaços, saem de cena. Ficam, como platéia, outros palhaços, nós, que não choraremos, como os vencidos, ou brindaremos, como os vencedores. Afinal,  somos somente o povo e o povo, como dizia aquele personagem do saudoso Chico Anísio, ‘’o povo é apenas um detalhe!’’.

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