Almoço com antigo cliente-amigo, que já foi um dos maiores
empresários de seu segmento econômico e que, por razões incompreensíveis, pelo
menos para mim, era a favor de Dilma e, por óbvio, contra o impeachment da dita
cuja. Seus argumentos, em defesa da nefasta, eram quase surreais, mas eu, que coloco
a amizade acima de qualquer divergência, principalmente ideológica, ouvia-o,
com olhar bovino e sem maiores contestações. Seu ‘’guru’’ fora Ministro do
governo Dilma e, como em política coerência é substantivo inexistente, continua
Ministro, no Governo Temer. Alias, convém lembrar que, ao fundar seu partido,
afirmou que esse não era de direita, nem de esquerda, nem de centro. Nenhuma
novidade, já que, no Brasil, partido político não passa de sigla, sem conteúdo
e movido, apenas, por interesses pessoais, via de regra, nada saudáveis. Mas,
voltemos a meu amigo, agora, definitivamente convencido que Dilma já é passado.
Estava acabrunhado meu amigo, mas se animava, levantado pela ‘’viagra’’ notícia
de que Temer pedira 10 milhões a uma construtora. Por razões, também incompreensíveis,
quer Temer fora do Governo. Ouvi, igualmente mudo, seus lamentos e anseios.
Podia eu falar do princípio Constitucional da presunção da inocência; que o
erro de um não apaga o erro de outro; que o afastamento da corja petista vem,
lentamente, restaurando a confiança do empresariado; que a área econômica do
governo possui um plano consistente de recuperação, enfim, que depois de trágica
escuridão, enxerga-se luz. Todavia, conhecendo o estado emocional de meu amigo,
optei pelo silêncio e nosso almoço seguiu morno. Do restaurante – na Avenida
Paulista – tomamos rumos opostos, eu matutando porque tantos, como meu amigo, não
aceitam virar esta página negra de nossa historia e deixar o País retomar seu
caminho. A administração petista provocou um terremoto, que destruiu a
estrutura econômica, política e moral do Brasil e seria, no mínimo, ingênuo imaginar
que o custo da reconstrução não exigirá sacrifício de todos. O processo de
impeachment, que se prolonga, apenas para que se cumpra um ritual, lembra-nos
daqueles velórios, que se arrastam por dias, para reverenciar o defunto. Ficará
o Senado, por todo o mês de agosto, em cansativas sessões, gastando o dinheiro
do contribuinte, velando cadáver que melhor fora ser enterrado, de imediato.
Mitigaria a dor de meu amigo que, tenho certeza, sem o dizer, mantém a
esperança – vã esperança – de uma ressurreição.
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