terça-feira, 16 de agosto de 2016

Reflexões – inúteis – sobre a paz.



Com certa habitualidade, nas missas dominicais, quando do ‘’abraço da paz’’, pergunto a mim mesmo qual a origem de tantos conflitos, individuais e coletivos, a exacerbarem o ódio, a tal ponto, que o substantivo ‘’paz’’ foi riscado de todos os dicionários do mundo. O ódio surge, dentro de cada qual e nos leva a praticar inconcebíveis insanidades. Quando do último domingo, manhã ensolarada, bastou uma ‘’fechada’’ sem maiores conseqüências, para que eu, quase instintivamente, invocasse o nome da progenitora do outro motorista. Por que agi assim, exatamente no percurso para a Igreja? Não me considero pessoa violenta e esse negócio de não levar desaforo pra casa, ficou na longínqua juventude, quando tinha pernas e braços ágeis. Só pode ser a tal semente do ódio, que carregamos conosco, a justificar aquele comportamento. E que não se utilize a desculpa de que vivemos numa cidade neurótica, a nos obrigar a matar vários leões por dia, para sobreviver. Odeia-se, também, em perdidas cidades do interior, onde se briga e se mata, até por não se ter o que fazer. A ‘’bola da vez’’ são as mulheres, agredidas sem causa, como já foram os homossexuais do sexo masculino. Psiquiatras e Psicólogos debruçaram-se sobre a questão, tentando identificar a causa dessa agressividade gratuita que, no meu raquítico pensar, está neste vírus, que germina, qual doença progressiva e incurável, pronta a emergir, a qualquer momento, levando-nos a desatinos. Outro dia, fui procurado por um homem, absurdamente forte, ainda jovem, que espancara a companheira por causa de uma salada de atum. Juntos, há quase 10 anos, ela tinha obrigação de saber – justificou ele – que odiava atum. Seu protesto virou um bate-boca, depois agressão e ele bateu a porta, para não voltar. Ela foi à Delegacia e registrou a ocorrência. Ambos estão arrependidos, ele da agressão gratuita, ela do registro do crime. Querem se reconciliar e buscam a solução. Foi o tal germe do ódio, inoculado em nós desde sempre. Sabemos que todas as religiões pregam a paz, mas quantas guerras foram e são feitas em nome da religião. Na Olimpíada do Rio, que é o congrassamento da paz, uma judoca, sentindo-se injustiçado, quase partiu pra cima do juiz e no jogo Brasil x Colômbia, de medíocre futebol, a pancadaria covarde predominou. Em todo o reino animal, só o ser humano ataca sem causa, ou por causa mesquinha. Lembro-me de um professor de Direito Internacional que dizia não ter a 3ª Guerra Mundial começado, porque a 2ª não acabara. E não é que ele tem razão? Logo depois de 1945, veio a ‘’guerra da Coréia’’, depois, os conflitos do Oriente Médio – que perduram até hoje -, depois o Vietnã e assim, sucessivamente, até este malfadado Estado Islâmico, que resolveu incendiar a Europa e os Estados Unidos. É o ódio generalizado, que se coletiva, sufocando qualquer possibilidade de paz. Confesso que, na missa, abraço meus companheiros de banco, sem muito entusiasmo. É apenas um gesto, sem conteúdo. Afinal, a paz, onde encontrar a paz? 

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