Como de costume, chego ao escritório e, antes de começar a
labuta, vou ao ‘’Google notícias’’
para conhecer das novidades, daqui e d’além mar. Sem saber bem porque, hoje,
após percorrer o noticiário, inconscientemente, fui remetido aos circos da
minha infância, lá pelo pequeno interior. Quando chegava, antes da estréia, a
‘’troupe’’ desfilava pelas ruas da
cidade, mostrando suas atrações: o palhaço, a trapezista, de maiô prateado,
exibindo suas coxas (acho que aí está a origem de minha obsessão por coxas), o
engolidor de espadas, o acrobata, que andava sobre o arame. De tantos, lembro
dois: o circo ‘’Pedra Escondida’’,
raquítico, lonas remendadas, que, na segunda parte do espetáculo, encenava
peças teatrais trágicas, recheadas de lágrimas e sofrimento, como ‘’coração materno’’ e ‘’O Ebrio’’, essas, inspiradas em canções
do mesmo nome, celebradas na voz de Vicente Celestino. E o ‘’Circo Garcia’’, com seus riquíssimos e
emocionantes espetáculos, domadores de leões e o esperado ‘’globo da morte’’, onde dois motociclistas, sempre acelerando suas
máquinas, cruzavam-se dentro do globo. Mas, afinal, qual a relação entre as
notícias do dia e os circos de minha infância? É que, hoje, em Brasília,
abrem-se as cortinas para o início do maior espetáculo circense dos últimos
tempos: o julgamento da ex-presidente Dilma. Se condenada, estará,
definitivamente, afastada do cargo e, talvez, o País possa dar alguns passos
adiante. Se for absolvida, retorna à cadeira da presidência e, com ela, ‘’o dilúvio’’. Durante os dias passados,
Temer reuniu-se com senadores, simpáticos ao impeachment, certamente
distribuindo cargos. Dilma reuniu-se, também, com os outrora chamados ‘’pais da pátria’’ e, como não tem cargos
para distribuir, apenas podemos imaginar como está negociando sua absolvição.
Vários malabaristas, trapezistas e, principalmente, palhaços se exibirão, até o
‘’grand finale’’. A diferença é que,
no circo, os artistas, reunidos no picadeiro, eram aplaudidos, com entusiasmo,
pela platéia. Já no próximo dia 30 – data prevista para ser proferido o
veredito -, simplesmente, desligaremos, com tédio democrático, a televisão.
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