terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O ridículo nosso de cada dia

Em tempos idos e vividos, os ônibus ostentavam, em cima do para-brisa dianteiro, uma placa com os seguintes dizeres: ‘’é proibido falar com o motorista.’’ Provavelmente, inspirado em tal aviso, mas invertendo o seu sentido, o inoperante Prefeito Fernando Haddad acaba de publicar Portaria, proibindo os motoristas de taxi de falarem com passageiros. A insana portaria contém, ainda, outras pérolas, que oscilam entre o absurdo e o ridículo; o motorista tem que se apresentar bem vestido, de banho tomado, cabelo cortado, barba feita, sapatos reluzentes, não usar perfume forte e, como salientado, evitar conversar com o passageiro, principalmente assuntos polêmicos, como futebol, política e religião. Agentes municipais fiscalizarão o cumprimento da portaria e a multa prevista é da ordem de 35 reais. Considerando que um taxi faz, em média, 20 corridas por dia, de se concluir que a multa poderá atingir 700 reais. Prevejo o seguinte diálogo entre o passageiro e o taxista:
- passageiro: ‘’o senhor tomou banho, hoje?’’
- taxista: ‘’ainda não tive tempo, doutor, porque estou rodando desde ontem, à noite. O senhor sabe, com esta crise a gente tem que trabalhar mais, senão não dá para botar comida na mesa.’’
- passageiro: ‘’anoto que o senhor acaba de cometer duas infrações ao mesmo tempo: não tomou banho e quer discutir a crise econômica, assunto pra lá de polêmico’’.

A portaria é de ridículo atroz, não só pelo seu conteúdo, mas também, pelo menos por enquanto, porque vivemos em uma democracia, onde não se reprime o direito de manifestação do pensamento. Habitamos uma cidade de 11 milhões de habitantes, cujos problemas essenciais – saúde, educação, moradia, segurança – restam insolúveis. O índice de aprovação da ‘’administração Haddad’’é o mais baixo de nossa historia, suplantando, inclusive o do ex-prefeito Celso Pitta, em seu pior momento, apesar da arrecadação municipal ser a terceira maior do País, superada, apenas, pela arrecadação da União e do Estado de São Paulo. As obras mais importantes desta administração foram às ciclovias e ciclo faixas, construídas a peso de ouro e absurdamente subutilizadas. O pior é que as eleições estão próximas e não vislumbramos, até agora, nenhum candidato à altura de nossa metrópole. Pobre São Paulo! 

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