Em tempos idos e vividos, os ônibus ostentavam, em cima do para-brisa
dianteiro, uma placa com os seguintes dizeres: ‘’é proibido falar com o motorista.’’ Provavelmente, inspirado em
tal aviso, mas invertendo o seu sentido, o inoperante Prefeito Fernando Haddad
acaba de publicar Portaria, proibindo os motoristas de taxi de falarem com
passageiros. A insana portaria contém, ainda, outras pérolas, que oscilam entre
o absurdo e o ridículo; o motorista tem que se apresentar bem vestido, de banho
tomado, cabelo cortado, barba feita, sapatos reluzentes, não usar perfume forte
e, como salientado, evitar conversar com o passageiro, principalmente assuntos
polêmicos, como futebol, política e religião. Agentes municipais fiscalizarão o
cumprimento da portaria e a multa prevista é da ordem de 35 reais. Considerando
que um taxi faz, em média, 20 corridas por dia, de se concluir que a multa
poderá atingir 700 reais. Prevejo o seguinte diálogo entre o passageiro e o
taxista:
- passageiro: ‘’o
senhor tomou banho, hoje?’’
- taxista: ‘’ainda não
tive tempo, doutor, porque estou rodando desde ontem, à noite. O senhor sabe,
com esta crise a gente tem que trabalhar mais, senão não dá para botar comida
na mesa.’’
- passageiro: ‘’anoto
que o senhor acaba de cometer duas infrações ao mesmo tempo: não tomou banho e
quer discutir a crise econômica, assunto pra lá de polêmico’’.
A portaria é de ridículo atroz, não só pelo seu conteúdo, mas
também, pelo menos por enquanto, porque vivemos em uma democracia, onde não se
reprime o direito de manifestação do pensamento. Habitamos uma cidade de 11
milhões de habitantes, cujos problemas essenciais – saúde, educação, moradia,
segurança – restam insolúveis. O índice de aprovação da ‘’administração Haddad’’é o mais baixo de nossa historia,
suplantando, inclusive o do ex-prefeito Celso Pitta, em seu pior momento,
apesar da arrecadação municipal ser a terceira maior do País, superada, apenas,
pela arrecadação da União e do Estado de São Paulo. As obras mais importantes
desta administração foram às ciclovias e ciclo faixas, construídas a peso de
ouro e absurdamente subutilizadas. O pior é que as eleições estão próximas e
não vislumbramos, até agora, nenhum candidato à altura de nossa metrópole.
Pobre São Paulo!
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