segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Considerações fúteis sobre a Unificação da Língua Portuguesa




Parece que agora sai a famigerada reforma ortográfica, que unificará o idioma, em todos os países de língua portuguesa (Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo Verde). A novela da unificação do idioma arrasta-se desde o começo dos anos 90, resultado de trabalho realizado por filólogos dos países interessados. Confesso que, a não ser em pontos esparsos, desconheço tal trabalho e, não só desconheço, mas também não tenho qualquer interesse em fazê-lo. E mais, continuarei a escrever, seguindo as regras atuais, sem me preocupar com a acentuação acrescida ou suprimida. Aliás, durante cerca de 10 anos que lecionei Português, não dava relevância aos erros cometidos pela ausência ou presença indevida dos acentos. Os chamados ‘’diferenciais’’, então, são de total imbecilidade. Dizia-se, por exemplo, que para (do verbo ‘’parar’’) deveria ser acentuado (pára), a fim de distingui-lo de para (preposição que indica movimento). Ora, nem mesmo o mais energúmeno aluno é capaz de se confundir, no uso de um e outro. Minha tesão sempre foram as virgulas que ditam o ritmo das frases, principalmente nos períodos longos. E ritmo é tudo, é o ‘’molho’’ da frase, fazendo-a oscilar, realçando a beleza da palavra ou expressão. Mas acento, pelo amor de Deus, parece cicatriz. Como não conheço a extensão da reforma ortográfica, não sei se também pretendem uniformizar o significado das palavras. Se for, aí a coisa complica. Lembremos, por exemplo, que, em Portugal, ‘’fila’’ recebe o nome de bicha. – ‘’Você já viu o tamanho da bicha para entrar no cinema?’’, pergunta o namorado à namorada que, desconhecendo a unificação, introduzida pela reforma, olhará para ele, de forma suspeita. Também, em terras lusitanas, ‘’trolha’’ significa pedreiro, enquanto por aqui a tal palavra é, vulgarmente, utilizada como sinônimo de ‘’grande problema’’. Confuso, não? Temos todos, os de cá e os de além-mar, graves problemas, sem solução. Portugal, que cabe dentro do Estado de São Paulo, ainda se salva, com bons serviços públicos, mas o Brasil e a chamada ‘’África Portuguesa’’ ainda estão mergulhados em humilhante terceiro-mundismo, para perderem tempo com essas inúteis reformas. Além do mais, esse ‘’conselho de notáveis’’, cuja idade media deve bater nos 90 anos, ainda não percebeu que a internet já construiu um idioma novo, onde se fala por abreviaturas, sinais e neologismos, ainda não registrados nos melhores dicionários. 

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