quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Mensagem ao Rio



Pois não é que hoje é aniversário da cidade do Rio de Janeiro? Em tempos idos e vividos, quando lá morei, era dia de grande festança, que começava com procissão em homenagem ao padroeiro, São Sebastião e culminava com as bandas, de todos os bairros, a cantarem a alegria de morar naquela cidade. A minha era a ‘’Banda do Leme’’, que descia pela Rua Gustavo Sampaio, retornava pela Avenida Atlântica, estacionava na ‘’Praça Ari Barroso’’ e tocava até tarde da noite. E lá esteve eu, sempre, esposa ao lado e filhos às costas. A ‘’nossa’’ banda era, eminentemente familiar, sem  bêbados, brigas e drogas. A alegria emergia sem estímulos outros que não a própria alegria de estar ali, a homenagear o bairro e a cidade. Mantive presas, no Leme, as raízes desse passado festivo e, até hoje, quando vou ao Rio, hospedo-me, naquele bairro, freqüento aquela praia, onde ainda identifico os passos vacilantes de meus filhos, crianças imberbes e percorro, vagarosamente, as ruas do bairro, buscando  encontrar pedaços do passado e puxá-los para o presente. Paro defronte ao prédio, onde morei e posso ver, lá no quarto andar, meus filhos acenando, vendo-me chegar. É verão, o sol se põe tarde e ainda dá tempo de jogar bola na praia e, depois, dar um mergulho para tirar a areia. Volto ao presente e vou sentar em um banco, defronte ao mar, esperando as luzes da orla se acenderem, quando, então, caminho, sem pressa, de volta ao hotel. Tantas foram as alegrias que, em diferentes épocas da minha vida, o Rio me proporcionou que me obrigo a render-lhe homenagens, pedindo a São Sebastião que ilumine corações e mentes de seus governantes para que não permitam que as mazelas empanem a beleza da cidade. É muito bom sediar as Olimpíadas, mas é muito melhor dar eficiente assistência à saúde, não permitindo que pessoas humildes morram à porta dos hospitais. Ficou linda a ciclovia, que vai do Leme à Barra da Tijuca, mas é fundamental que, ao percorrê-la, ninguém seja vítima de bala perdida.

Rio, dos meus amores, das praias coloridas por coxas torneadas, eu lhe desejo vida eterna, eu que já o elegi minha ‘’última morada’’, quando minhas cinzas serão atiradas ao mar, lá da pedra do Leme. Rio, obrigado por tudo!

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