Pois não é que hoje é aniversário da cidade do Rio de
Janeiro? Em tempos idos e vividos, quando lá morei, era dia de grande festança,
que começava com procissão em homenagem ao padroeiro, São Sebastião e culminava
com as bandas, de todos os bairros, a cantarem a alegria de morar naquela
cidade. A minha era a ‘’Banda do Leme’’, que descia pela Rua Gustavo Sampaio,
retornava pela Avenida Atlântica, estacionava na ‘’Praça Ari Barroso’’ e tocava
até tarde da noite. E lá esteve eu, sempre, esposa ao lado e filhos às costas.
A ‘’nossa’’ banda era, eminentemente familiar, sem bêbados, brigas e drogas. A alegria emergia
sem estímulos outros que não a própria alegria de estar ali, a homenagear o
bairro e a cidade. Mantive presas, no Leme, as raízes desse passado festivo e,
até hoje, quando vou ao Rio, hospedo-me, naquele bairro, freqüento aquela
praia, onde ainda identifico os passos vacilantes de meus filhos, crianças
imberbes e percorro, vagarosamente, as ruas do bairro, buscando encontrar pedaços do passado e puxá-los para o
presente. Paro defronte ao prédio, onde morei e posso ver, lá no quarto andar,
meus filhos acenando, vendo-me chegar. É verão, o sol se põe tarde e ainda dá
tempo de jogar bola na praia e, depois, dar um mergulho para tirar a areia.
Volto ao presente e vou sentar em um banco, defronte ao mar, esperando as luzes
da orla se acenderem, quando, então, caminho, sem pressa, de volta ao hotel.
Tantas foram as alegrias que, em diferentes épocas da minha vida, o Rio me
proporcionou que me obrigo a render-lhe homenagens, pedindo a São Sebastião que
ilumine corações e mentes de seus governantes para que não permitam que as
mazelas empanem a beleza da cidade. É muito bom sediar as Olimpíadas, mas é
muito melhor dar eficiente assistência à saúde, não permitindo que pessoas
humildes morram à porta dos hospitais. Ficou linda a ciclovia, que vai do Leme
à Barra da Tijuca, mas é fundamental que, ao percorrê-la, ninguém seja vítima
de bala perdida.
Rio, dos meus amores, das praias coloridas por coxas
torneadas, eu lhe desejo vida eterna, eu que já o elegi minha ‘’última
morada’’, quando minhas cinzas serão atiradas ao mar, lá da pedra do Leme. Rio,
obrigado por tudo!
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