Chega-me pela internet a notícia de que, em poucos dias, virá
à luz encíclica papal, abordando, essencialmente, temas referentes à proteção
do meio ambiente. É indiscutível que o Papa Francisco vem, até de forma ousada,
atacando questões cruciais, mesmo internamente, dando ao mundo visão mais
aberta, trazendo o Vaticano para fora da Praça de São Pedro. Como católico
praticante, não só frequento a Igreja, mas também, por longa data, frequentei a
‘‘sacristia’’, como Ministro
Extraordinário da Eucaristia. Convivi com sacerdotes cultos e outros, nem
tanto; com sacerdotes vocacionados e outros indignos de se dizerem
representantes de Cristo e de sua Igreja. Estes não abalaram minha fé, apenas
me fizeram ter uma visão, digamos, menos xiita, de minha religião que continuo
julgando ser a mais verdadeira, porque instituída pelo próprio Cristo. Leio
mais, principalmente os doutores da Igreja, como Santo Agostinho e Santo Tomás
de Aquino, como forma de fortalecer minha fé. Por que estou a dizer tudo isto?
Porque acho extremamente importante, para nós católicos, que o Papa, como nosso
líder maior, exponha os desvios do clero, mas também se imiscua em questões
externas, de ordem social, econômica e, agora, as relevantes questões
ambientais, mostrando as consequências danosas, para toda a humanidade, dos
desarranjos desmesurados, naquilo que Deus criou e arrumou, de forma tão
harmônica. Notável foi o trabalho desenvolvido por Bento XVI, talvez um dos
mais cultos Sumos Pontífices da historia da Igreja Católica. Apenas de se observar
que Sua Eminência priorizou o estudo e o debate das instituições religiosas. Cito,
por conta própria, sua mensagem, denominada ‘’Sacramentum Caritatis’’, onde ele destaca a Eucaristia, como ‘’fonte e ápice da vida e da missão da
Igreja.’’ Malgrado toda sua cultura e experiência religiosa, Bento XVI
passou ao largo de questões que maculam a divindade da Igreja, como a
pedofilia, a união homoafetiva, etc. O Papa Francisco não teme correr riscos e
avança sobre essas questões, com posições firmes que, às vezes, assustam até a
nós, cristãos que, até, pontualmente, podemos discordar dessas posições.
Debater e expor estes temas, para usar a expressão do próprio Papa Francisco, ‘’é
dar luz à fé’’. Em minha pequenez
intelectual, leio, com restrição, a frase de Paulo ‘’acredita-se com o coração’’ (Rm 1,10). Cada vez mais, o ‘’dom da fé’’, para fortificá-la, deve
passar pelo ‘’dom da razão’’, para
que o desenvolvimento cientifico não seja utilizado para vilipendiar nossa
credulidade na religião, que professamos. E quero crer seja esta um dos
objetivos do pontificado de Francisco: demonstrar que a capacidade de criar é
dom dado por Deus, porisso Suas regras não podem ser quebradas, nem seus
limites podem ser ultrapassados. Assim, o equilíbrio ecológico, além de seus
aspectos científicos, alcança aspectos espirituais. Não é por outra razão que o
Papa afirma, nesta nova encíclica que ‘’está
ela dirigida a todos que possam receber sua mensagem e crescer na responsabilidade
para a casa comum que Deus nos confiou’’.
Realmente, ‘’habemus
Papam’’.
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