quarta-feira, 24 de junho de 2015

A ciência e a crença



Na edição de 27 de maio último, ‘’Veja’’ publicou, em suas páginas amarelas, entrevista com o biólogo inglês, Richard Dawkins, conhecido pela intransigente defesa do ateísmo. O entrevistado denuncia a religião – qualquer uma – como retrógrada e totalmente incompatível com a ciência. E concluiu, afirmando que ‘’a ciência poderia ter progredido muito mais rapidamente num mundo não religioso’’. Ao final, o entrevistador pergunta: ‘’por que existimos e por que estamos aqui?’’. E o entrevistado responde: ‘’claro que você não espera que eu responda a essa pergunta num parágrafo, sendo que escrevi onze livros sobre isso.’’ Não conheço o biólogo e, por óbvio, nunca li seus livros, mas não me surpreendo que ele tenha escrito onze deles, para tentar explicar o que só a religião, malgrado tantos séculos e tantos ‘’estudiosos’’, explica: fomos criados por Deus, que nos deu o livre-arbítrio, para escolhermos entre o bem e o mal. Simples, assim, sem grandes teses cientificas, que foram sucumbindo, ao longo do tempo, sem chegar a outra conclusão. Também acho que a ‘’arvore do bem e do mal’’ é metáfora, que representa exatamente a possibilidade de se optar por um ou outro. A resposta às questões ‘’de onde viemos’’ e ‘’para onde vamos’’, não têm qualquer relevância, diante da indagação maior: ‘’como vivemos’’? Através de seus ensinamentos, gravados nos Evangelhos, Cristo nos mostra o caminho para esta fundamental resposta. Cito apenas um, pela sua contundência: ‘’ai de vós, que carregais as pessoas como fardos insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos! Ai de vós, que emanais um odor semelhante ao do sepulcro de vossos pais’’. Jesus nos conduz ao amor ao próximo, como justificativa para estarmos por aqui. Amor que se exterioriza pelo respeito ao próximo e de estender nossa mão, com ações concretas, em favor dos menos afortunados. E, para agir assim, nem mesmo se precisa professar religião. Se houver um julgamento divino, creio, não seremos avaliados pela nossa religiosidade ou pela quantidade das orações proferidas, mas, essencialmente, pela nossa conduta, em relação a nosso semelhante, por mais dessemelhante que seja ele. Se o biólogo inglês, entrevistado por ‘’Veja’’, em sua extensa obra, não analisou aspecto tão essencial, que transcende à teologia e invade o campo da moral social, por certo seus livros perdem valor, pois são mera especulação. Até nisto, Deus demonstrou estar muito acima de nós: passaram e passarão milênios e, como o biólogo ilustre, jamais saberemos de onde viemos e para onde vamos. Para os que creem, há uma porta aberta à compreensão. Para os que não creem, resta, apenas, o ‘’buraco negro’’ que, malgrado similares pesquisas, ainda continua sem luz.

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