quarta-feira, 25 de maio de 2016

Teria a montanha parido um rato?

Apesar de não ser economista e ter dificuldade para gerir as próprias finanças, arrisco-me a tecer considerações sobre as reformas, propostas pelo Presidente Temer, para tirar o País do atoleiro, em que o petismo nos enfiou. Ninguém duvida que a retomada do crescimento, em circunstâncias tão adversas, exigirá sacrifício de todos os segmentos sociais e, neste sentido, ouso dizer que as reformas propostas foram tímidas. Como o próprio Temer declarou, em entrevista ao ‘’Fantástico’’, já que não pretende ele ser candidato em 2018, pode se dar ao luxo de ser impopular, desde que, é claro, essa impopularidade decorra de medidas, que reequilibre a economia do Brasil. Assim, por que não apresentar um pacote de privatização de empresas públicas que, além de reduzir o custo da máquina administrativa, captaria recursos para os cofres públicos? Não seria hora, por exemplo, de Pedro Parente, com sua incontestável competência, avaliar a possibilidade de fatiar a Petrobrás, alienando subsidiarias, sem que isto implique na quebra do monopólio estatal? Não seria o momento de, através de concessões, juridicamente seguras, transferir à iniciativa privada a exploração dos portos e aeroportos? No que concerne às reformas, limitou-se o plano à da previdência, esquecendo-se de que a flexibilização das relações de trabalho, talvez seja o caminho mais rápido para a geração de empregos. Qualquer empresário sabe que o ‘’custo trabalhista’’ é o maior óbice para novos investimentos. O Brasil é campeão mundial em reclamações trabalhistas, em grande numero forjadas, em suas reivindicações, transformadas em verdadeira indústria, por advogados inescrupulosos e por uma justiça especializada que, 70 anos passados da edição da CLT, ainda considera o empregador, meliante e o empregado, ‘’hipossuficiente’’. Não seria a oportunidade de, tal qual acontece nos países desenvolvidos, transferir para os respectivos sindicatos, patronal e laboral, a definição das relações de trabalho, que passariam a ter força de lei, insuscetível de serem remetidas ao Poder Judiciário Trabalhista? É absurdamente ilógico que uma rescisão de contrato de trabalho, homologada em sindicato, ou na própria unidade local do Ministério do Trabalho, ainda possa ser submetida, com novas reivindicações, à Justiça Laboral. A essa excrescência dá-se o nome – e outro não há – de insegurança jurídica. De larga data, não mais advogo naquele ramo do Direito, mas, quando lá atuei, orientava meus clientes a só pagarem verbas rescisórias, nas decorrentes reclamações trabalhistas. Podia ser injusto para o empregado dispensado, mas era caminho seguro, a impedir surpresas, que geravam custos não previstos. Também seria o momento de se propor uma reforma tributária que, de forma justa, alimentasse o caixa do Estado. Por que não a CPMF, o mais democrático dos tributos, porque trata desigualmente os desiguais, de modo que quem movimenta mais ativos financeiros, paga mais e quem movimenta menos, paga menos? Por que não aumentar a alíquota de produtos supérfluos, como cigarro, bebida, artigos de luxo e reduzir a de produtos de consumo popular? Não é hora de meias medidas, que não vão trazer resultados eficazes e de curto prazo. O BNDES vai devolver 100 bilhões ao Tesouro Nacional? Ótimo, mas de onde vai sair essa dinheirama e em que prazo vai ocorrer tal devolução? O governo Temer tem prazo de validade pré-fixado: 180 dias e nem o mais horripilante pesadelo nos faz imaginar ter Dilma e sua gangue de volta. Melhor, até, fora sonhar que estamos na Venezuela. 

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