Quando tive a idéia de criar meu ‘’blog’’, pretendi denominá-lo ‘’blog
do politicamente ‘’incorreto’’. E qual o por quê deste nome? Porque, ao
longo dos anos, sempre que me reunia com amigos, para jogar conversa fora,
minhas idéias e conceitos eram considerados ‘’politicamente
incorretos’’. E sigo assim, procurando manter coerência apenas comigo
mesmo. Todavia, quando pesquisei na internet, constatei que já existia blog com
aquele nome. Foi quando me lembrei de historia contada pelo falecido poeta
gaúcho, Mario Quintana: certa feita, fora ele procurado por escritor
principiante, pedindo-lhe sugestão para titulo de livro, que acabara de
escrever. Ironicamente, respondeu-lhe o poeta: ‘’seu livro fala de flautas e trombones?’’ ‘’não!’’, respondeu-lhe o noviço escritor, ao que retrucou o poeta:
‘’eis, aí, o titulo buscado por você:
‘’Nem Flautas, Nem Trombones’’. Inspirado no maior, dei nome ao menor e
sigo com esta raquítica banda, mas sem a preocupação de ser considerado ‘’politicamente incorreto;’’ Já levei
pauladas, por atacar o PT, por contar meu apreço a Carlos Lacerda, à Revolução
de 1964. Mais recentemente, alguém acusou-me de ‘’assecla da corrupção’’, porque afirmei que delação premiada, com
delator preso, caracteriza ‘’extorsão
mediante seqüestro’’. Ainda esta semana, lá de longe, recebi e-mail,
chamando-me a mim, incapaz de matar barata, (prefiro espantá-las) de torturador,
porque teria saído em defesa de Jair Bolsonaro. Tratei de curar o equivoco,
dizendo que não sou eu, mas a Constituição é que confere ao deputado, através
da imunidade parlamentar, a livre manifestação de pensamento, quando
exteriorizada, no âmbito do Congresso Nacional. Faço tão prolongada introdução,
porque quero falar do episodio ‘’Eduardo
Cunha’’, não para defendê-lo ou apoiá-lo, mas para afirmar, de forma ‘’politicamente incorreta’’, que, mais
uma vez, o Supremo Tribunal Federal rasgou a Constituição, violando duas
clausulas pétreas: a que dispõe sobre a presunção de inocência do réu e o
principio da autonomia dos Poderes. Confesso que ando meio afastado do
noticiário sobre ‘’lava jato’’ e Petrolão’’. Constrange-me, como advogado
e cidadão, constatar que os empresários, que se recusaram à delação premiada,
continuam presos e os corruptos, de todo gênero, que saíram dedurando, qual
metralhadora giratória, circulam, livremente. É a justiça às avessas. Assim,
talvez em razão de meu distanciamento da mídia, não tenha tomado conhecimento
de que Eduardo Cunha já tenha sido julgado e condenado, pelos crimes, a ele
imputados. Todavia, se ainda não há sentença condenatória, não se lhe podia
aplicar a pena de suspensão de seu mandato. Até seu afastamento da presidência
da Câmara (que se pode aceitar, como medida cautelar, pela condição de poder
vir ocupar a Presidência da República), afigura-se-me como precipitada, já que
Dª Dilma ainda não foi despejada do cargo. Por outro lado, a suspensão ou
cassação do mandato, é atribuição exclusiva do Poder Legislativo, tanto assim é
que Eduardo Cunha está sendo processado e será julgado pela Câmara Federal.
Como ficará a decisão do Supremo, se ele for absolvido pelos seus pares? A quem
tem um mínimo de bom senso, deve ser objeto de preocupação, quando o juiz, em
cujas mãos todos podemos estar, ouve mais a ‘’voz
das ruas’’ do que a ‘’voz da lei’’.
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