sexta-feira, 20 de maio de 2016

Por causa desta Sexta-Feira



Sexta-feira fria e chuvosa, pessoas de semblante fechado, trânsito amarrado, atrasando ou cancelando compromissos, tudo isto leva-nos a pequenas e passageiras depressões, lembrando o verão que se foi, junto com a idade que se teve e que consagrava, em todo o seu esplendor, o direito de ir e vir, hoje limitado, pelo tempo, como fenômeno meteorológico e como todos os anos decorridos. Reconforta-nos constatar que faz, exatamente, 8 dias que Dilma e seu bando se foram e a guerrilha, que eles preconizaram, não aconteceu. Há certas solidariedades que só vão até o ferimento leve, como dizia o saudoso Abelardo Jurema. Aliás, solidariedade é substantivo que, dia a dia, torna-se mais rarefeito, cada qual tendo que enfrentar seus leões, que o mar não está pra peixe. Deus, quando fez o homem – e a mulher, em momento de precipitação, desculpe, Chefe, - fê-lo a sua imagem e semelhança. Equivocou-se – desculpe, outra vez, Chefe – querendo o dotou de livre arbítrio, porque aí nasceu o ‘’pega pra capar’’ ou o ‘’salve-se quem puder’’, as guerras, individuais e coletivas. Ao constatar que o homem se tornara um desvairado, diz o ‘’livro do Genesis’’ que ‘’O Senhor arrependeu-se de ter feito o ser humano na terra’’ (Gn 6,6). Apesar disto, Ele resolveu nos dar outra oportunidade, destruindo tudo e todos, para começar tudo de novo, porisso preservou Noé, único puro e sua prole e os animais que ele escolheu. Adiantou? Coisa nenhuma, porque a maldade, ao contrario do que imaginava Rousseau, está impregnada no ser humano, desde o momento da concepção. Deus, que é persistente, ainda mandou seu Filho, para nos ministrar lição de amor ao próximo. E o que esse Filho trabalhou, não teve prá ninguém. Percorreu centenas de quilômetros, pregando a paz e a fraternidade, curou doentes, expulsou demônios, ressuscitou mortos, enfrentou os poderosos e, por fim, sacrifício supremo, deixou-se imolar. Adiantou? A meu modestíssimo juízo, não. Mal ascendeu ele ao céu, o pau voltou a comer, aqui embaixo e até inventaram uma expressão equivocada: ‘’o homem é o lobo do homem’’. Equivocada sim, porque lobo não come lobo. Ao contrario, a alcatéia se une, para se auto proteger, enquanto o ser humano trucida seu semelhante, seja para lhe tomar o território, seja para subtrair-lhe um misero celular. Vejam-nos, a nós, os católicos praticantes: pelo menos uma vez por ano, por ocasião da Páscoa, evento maior da Cristandade, nós nos confessamos e, seguindo o ritual, assumimos o compromisso de não reincidir nos mesmos erros confessados. Cumprimos o compromisso assumido? Qual o que! Já na saída da Igreja, cobiçamos a mulher do próximo, que passa com suas coxas torneadas e nos mordemos de inveja da BMW, tinindo de nova, estacionada à frente de nosso carro, a pedir aposentadoria. A ultima vez que me confessei, meu confessor de 5 ou mais anos, nem mesmo me determinou uma penitencia. Provavelmente, conhecendo-me bem, tinha certeza que, dá próxima vez, eu voltaria contando os mesmos pecados. Como se trata de Sacerdote de refinada cultura e excelente papo, penso que, quando lá voltar, vou apenas para jogar conversa fora e, quanto aos pecados, apenas direi: ‘’vide os da vez anterior, os quais ratifico, em seu inteiro teor e forma.’’
Desculpem-me, mas é o que tenho para uma melancólica sexta-feira sem previsão de melhorar, no resto do fim-de-semana. 

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