sexta-feira, 29 de abril de 2016

Para falar em esperança


Recebo, de diletíssimo e longevo amigo, e-mail sobre a matéria, que postei, outro dia, no meu ‘’blog’’. Falou de sua pouca credulidade de que, com a chegada de Temer à Presidência, ocorram as mudanças políticas que previ (ou sonhei). Meu amigo sabe das coisas, não fora um dos mais importantes jornalistas do País, elogiado, tanto à esquerda, quanto à direita, pela sua competência e equilíbrio. Respondi-o, citando o filosofo Tiririca: ‘’pior que está, não fica’’. Mas é o tal negócio de se ficar velho e virar testemunha ocular da historia: é inevitável comparar o passado com o presente. No plano puramente pessoal e talvez movido mais pela emoção, constato que, se o mundo evoluiu – e muito -, no plano tecnológico, o ser humano, principalmente, o homem público, involuiu, em termos de caráter. Lacerda, Almino Afonso, Tancredo, Montoro, Ulysses, homens que praticavam a política, no sentido maior do termo, jamais se valendo dela, para obtenção de vantagens indevidas, deles não os há mais. Vivemos tempos de egocentrismo e ressentimento, tempos do salve-se quem puder, desde que eu me salve primeiro e melhor. Exemplo? O jogo está, reconhecidamente, perdido para Dilma e seus aliados. Poderia ela, espontaneamente, retirar-se de cena, dando espaço para que outro, recompondo a confiança perdida, pelo menos tente reconstruir o País. Todavia, misturando egoísmo e ressentimento, ela adota a estratégia da ‘’terra arrasada’’, colocando pedras no caminho de quem vai assumir o Governo, conclamando seus seguidores a promoverem a desordem, através da destruição do patrimônio público, da obstrução de estradas e vias públicas. Cegos, pelo egoísmo e pelo ressentimento, Dilma e seus parceiros não enxergam que essas pedras, salpicadas ao longo do caminho, serão removidas às custas da população, que fica impedida de chegar ao trabalho, por causa das estradas e avenidas obstruídas, de cujo bolso, através de tributos, sairão os recursos necessários à recuperação do patrimônio público destruído. Jango, mesmo instigado pelos seus acólitos, recusou-se a promover uma guerra civil. Com todos os seus defeitos, era despido de egoísmo e ressentimento, tanto assim que, anos depois, reuniu-se com seu principal algoz, Carlos Lacerda, na tentativa de recuperar a democracia, rompida, em 31 de março de 1964. Eram tempos de civismo e prevalência do interesse público, substantivos suprimidos dos dicionários dos políticos atuais. E merece observar que esses males não atingem apenas a nós, subdesenvolvidos. Exemplo? A maior e mais importante nação do mundo tem, como dolorosa alternativa, escolher, para ser seu Presidente, o megalomaníaco Donald Trump e a desastrada Hilary Clinton.

Volto a meu querido amigo: se nós, mais velhos, somos tomados pela incredulidade, pelo menos como mensagem aos jovens, temos que manter acesa a chama da esperança de que a mudança, que, em poucos dias, ocorrerá no cenário político, traga melhores dias para nosso desafortunado País.

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