A TV mostra o homem, a caminhar solitário à margem da Avenida
Brasil, no Rio de Janeiro. Terá percorrido 13 quilômetros, de sua casa, até o
posto de trabalho, respirando a poluição dos carros, que trafegam pelo local e
sofrendo as agruras de uma temperatura, que supera os 30 graus. Mas, quem é
este extravagante andarilho? Simplesmente, um soldado do Corpo de Bombeiros,
daquele Estado, que, sem receber salário há vários meses, não tem dinheiro, nem
mesmo para a condução e tem a extravagante dignidade de ir, a pé, para o
trabalho. O mesmo programa de televisão mostra trabalhadores da área de saúde,
inertes, às portas dos hospitais públicos, porque, além de, também estarem com
seus salários atrasados, aqueles nosocômios, sempre pela mesma causa – falta de
verba, estão deteriorados, a reclamarem reformas, sujos, a reclamarem limpeza e
sem material, para atendimento aos pacientes. E, de cada 05 viaturas policiais –
mostra a reportagem – 03 estão paradas, por falta de verba para combustível. Em
nossa Capital, a cidade da América Latina que mais arrecada tributos, as escolas
publicas municipais suspenderam o
fornecimento de alimentação aos alunos e a empresa, contratada para fazê-lo,
justifica-se asseverando que a Prefeitura não paga suas faturas, inadimplência que,
também, atinge a área da saúde, onde prestadores de serviço chegam a ficar 05
meses sem receber. Malgrado tudo isto, vamos sediar as Olimpíadas, para o que estão
sendo construídas obras faraônicas, por certo, superfaturadas, por certo, com
substancial desvio de recursos para contas de corruptores e corruptos. Também foi
assim, na Copa do mundo de 2014. Como os governantes continuam achando que o
povo se sacia com circo (porque nem o pão eles fornecem), gastou-se fábula de
dinheiro para construir estádios de futebol, mesmo em locais, onde nem futebol
há. Parte substancial desse dinheiro foi desviado, seja para locupletar os mandriões
de sempre, seja para financiar campanhas políticas, inclusive da nefasta
Presidente da República. Todavia, como a ira divina (na qual creio e confio) é implacável,
a seleção brasileira, medíocre, foi impiedosamente batida e nosso futebol ficou
menor, aos olhos do mundo. Não se enganem: a ira divina vai se os abater outra
vez. Em respeito àquele bombeiro que, à pé, percorreu 13 quilômetros para
chegar ao trabalho; em respeito aos funcionários da área da saúde, que não recebem
seus salários; em respeito aos doentes, que não são atendidos, porque os
hospitais fecharam suas portas; em respeito às crianças pobres, privadas da
merenda escolar, porque o podre poder público não paga aos fornecedores, por tudo isto competidores brasileiros hão de
obter pífios resultados, nessas famigeradas Olimpíadas.
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