terça-feira, 5 de abril de 2016

Resposta a um homem digno

Recebo do meu querido amigo e irmão em Cristo, Marcello Pizo, e-mail que me obrigo a divulgar, até porque o ‘’amigo’’, a que ele se refere, sou eu. Obrigo-me, também, porque Marcello mantém a dignidade dos que não abrem mão de seus princípios, nem para obter privilégios. Conheci-o, assim, há 20 ou mais anos e tê-lo entre meus raros amigos, estufa-me o peito de orgulho. Entendo e aplaudo o rigorismo dele, porque, do outro transijo em meus ideais, para obter privilégios ou vantagens. ‘’Vivi’’ 1964 e o segui lado do rio, precisamente em sua margem direita, também sou assim: não vivendo até hoje, razão pela qual coloco, no mesmo saco de desserviço ao Brasil o PT e o PSDB. Gostaria de ter Dilma apeada do Governo, primeiro, porque ainda vejo nela a terrorista, que não deveria ter sido poupada; segundo, porque, muito mais do que as ‘’pedaladas fiscais’’, coloco, na conta dela, este terrorismo econômico e moral, no qual atolou o Brasil. Não me considero ‘’coxinha’’, porque, nos estertores da vida, continuo fazendo o que faço há 60 anos: trabalhando duro, para honrar a confiança que depositam em mim. De igual sorte, nem de longe Marcello pode receber a alcunha de ‘’petralha’’. Não me lembro dele senão como um jovem aguerrido, depois, um maduro homem aguerrido, que não se abate, nem se corrompe e faz do trabalho honesto o único meio de manter sua família. Parabéns, meu caro Marcello, por estar na ‘’contramão’. Como diria Vinicius ‘’se todos fossem iguais a você...”

PELA CONTRAMÃO
Ontem a noite encontrei um querido amigo na esquina de casa. Além de vizinhos da mesma rua, frequentamos a mesma paróquia e nos conhecemos desde os anos 90, quando ele era um dos advogados da empresa do meu pai.
Temos um grande carinho um pelo outro e compartilhamos, além do convívio na igreja, algumas afinidades. Somos apaixonados por cães e pelas respectivas esposas, adoramos literatura e história, fazemos algumas caminhadas juntos no Parque da Aclimação e gostamos de escrever.
As conexões acabam por aí. Na política pensamos profundamente diferente, o que não inviabiliza nossa relação afetuosa e respeitosa.
Voltando à vaca fria: ontem a noite, logo após nos abraçarmos, ele disse que pensara em mim durante o dia, após acompanhar os noticiários. Sabedor da minha relação com o vice-presidente e do meu vínculo com o PMDB, supôs que com a debandada do Partido do governo, eu me daria bem...
Contei a ele que sua suposição era completamente infundada.
Minha relação com o PMDB começou nos meus 14 anos, no longínquo ano de 1981, quando conheci Almino Affonso voltando do exílio. Mais tarde, ao atingir a maioridade, me filiei e “fiz carreira” no Diretório Zonal de Perdizes, onde fui de membro a presidente, além de me eleger para cargos municipais e estaduais, sem NUNCA ter tido emprego no governo.
Há alguns anos, sobretudo após a morte do Quércia, me afastei da vida partidária. Minhas raras participações ocorreram para ajudar alguns companheiros nas montagens das chapas do diretório e em alguns votos esporádicos em candidatos amigos filiados a sigla.
Com os últimos acontecimentos – processos do Eduardo Cunha, apoio ao fechamento das escolas estaduais pelo líder da bancada estadual Jorge Caruso, filiação da Marta, etc – entreguei em 21 de dezembro minha desfiliação ao meu presidente do Zonal, Mauro Calló.
Portanto, NÃO ME DAREI BEM. Não quero me dar bem dessa forma e muito menos fazer parte desse movimento oportunista e golpista.
Mesmo tendo muito respeito pela trajetória do Michel Temer, pelos tantos anos de convívio, jamais apoiarei sua postura e seu eventual governo, caso o golpe se instale no planalto.
Meu amigo, lembrando-se de minhas posições contrárias ao apoio do PMDB ao governo FHC, da minha briga com o Quércia quando ele se juntou aos tucanos e agora com minha desfiliação, às vésperas do Partido vislumbrar a subida da rampa, concluiu “Você sempre está na contramão”.
Assim como para Drummond, o anjo torto, daqueles que vivem nas sombras, me disse: Vai, Marcello! Ser gauche na vida.
Eu fui...





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