segunda-feira, 18 de abril de 2016

‘’E agora, José?’’

O sol deste outono, travestido de verão, ilumina a cidade e ainda permite o magnífico espetáculo de coxas torneadas, a alegrar os olhos. Todavia, esta não é uma 2ª feira qualquer, de um outono-verão qualquer. Ontem, o País viveu uma festa cívica, mas a festa acabou e há que se pagar o preço de tão esplendoroso acontecimento. A batalha, travada na Câmara Federal, revelou um Governo esfacelado que, malgrado todo o empenho, distribuindo cargos e verbas, não conseguiu mais do que 27% de apoio dos deputados. Isto, na prática, significa que nenhuma medida por ele, governo, a ser tomada e que dependa do Congresso, logrará êxito. A radicalização foi tão absurda, que impossível falar em um pacto de salvação nacional. Excepcionaliza-se a regra de que, em política, não há inimizades definitivas. Agora, há, principalmente porque o Planalto ameaçou formar milícia armada para fazer prevalecer sua vontade. E, agora, como ficamos, diante desta preocupante ambivalência? Temos uma Presidente, de direito, que não mais governa e um Presidente, que, por ainda não presidir, está impossibilitado de apresentar seu projeto – se é o que tem – de recuperação nacional. Entramos, assim, em um vácuo de poder, com sérias possibilidades de agravar a crise, aumentada, de um lado, porque o Supremo Tribunal Federal, definitivamente politizado, despido está de exercer um poder moderador. Ao contrario, se depender de seu Presidente, petista de carteirinha e do aloprado Ministro Marco Aurélio, pode-se esperar novos antagonismos. De outro lado, a operação ‘’laja jato’’, com novas delações premiadas, provocará novas baixas no petismo e no que, até ontem, era a ‘’base aliada’’ do governo. Volto a perguntar: e nós, a população do País, como ficamos? A Presidente Dilma afirmou que, se fosse derrotada, seria ‘’carta fora do baralho’’, o que, para os ingênuos, como eu, dava a entender que renunciaria. Tolice imaginá-la praticar tal ato de grandeza. Ontem mesmo, consumada a derrota, seu lugar-tenente, José Eduardo Cardoso, com muito ‘’chororô’’, anunciou que ‘’a luta continua’’. Ouça-se: agora é a hora e vez de tentar barganhar com o Senado, ou tentar, através dos Ministros-petistas, que o Supremo tire algum coelho da cartola. Enquanto isto, perdura o clima de incerteza, que subtrai investimentos e gera desemprego. Mas, para este melancólico governo, que agoniza, sem honra nem gloria, os interesses do povo são mero detalhe, sem qualquer relevância. 

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