O sol deste outono, travestido de verão, ilumina a cidade e
ainda permite o magnífico espetáculo de coxas torneadas, a alegrar os olhos.
Todavia, esta não é uma 2ª feira qualquer, de um outono-verão qualquer. Ontem,
o País viveu uma festa cívica, mas a festa acabou e há que se pagar o preço de
tão esplendoroso acontecimento. A batalha, travada na Câmara Federal, revelou
um Governo esfacelado que, malgrado todo o empenho, distribuindo cargos e
verbas, não conseguiu mais do que 27% de apoio dos deputados. Isto, na prática,
significa que nenhuma medida por ele, governo, a ser tomada e que dependa do
Congresso, logrará êxito. A radicalização foi tão absurda, que impossível falar
em um pacto de salvação nacional. Excepcionaliza-se a regra de que, em
política, não há inimizades definitivas. Agora, há, principalmente porque o
Planalto ameaçou formar milícia armada para fazer prevalecer sua vontade. E,
agora, como ficamos, diante desta preocupante ambivalência? Temos uma
Presidente, de direito, que não mais governa e um Presidente, que, por ainda
não presidir, está impossibilitado de apresentar seu projeto – se é o que tem –
de recuperação nacional. Entramos, assim, em um vácuo de poder, com sérias
possibilidades de agravar a crise, aumentada, de um lado, porque o Supremo Tribunal
Federal, definitivamente politizado, despido está de exercer um poder
moderador. Ao contrario, se depender de seu Presidente, petista de carteirinha
e do aloprado Ministro Marco Aurélio, pode-se esperar novos antagonismos. De
outro lado, a operação ‘’laja jato’’, com novas delações premiadas, provocará
novas baixas no petismo e no que, até ontem, era a ‘’base aliada’’ do governo.
Volto a perguntar: e nós, a população do País, como ficamos? A Presidente Dilma
afirmou que, se fosse derrotada, seria ‘’carta fora do baralho’’, o que, para
os ingênuos, como eu, dava a entender que renunciaria. Tolice imaginá-la
praticar tal ato de grandeza. Ontem mesmo, consumada a derrota, seu
lugar-tenente, José Eduardo Cardoso, com muito ‘’chororô’’, anunciou que ‘’a
luta continua’’. Ouça-se: agora é a hora e vez de tentar barganhar com o
Senado, ou tentar, através dos Ministros-petistas, que o Supremo tire algum
coelho da cartola. Enquanto isto, perdura o clima de incerteza, que subtrai
investimentos e gera desemprego. Mas, para este melancólico governo, que
agoniza, sem honra nem gloria, os interesses do povo são mero detalhe, sem
qualquer relevância.
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