Às vezes, especialmente às sextas-feiras, quando o terno e a
gravata ficam esquecidos no guarda-roupas, uso este espaço, que criei para
registrar minhas impressões do cotidiano (e que cotidiano, meu Deus!), para
falar de amenidades. E, que há de mais ameno do que falar de um ser humano,
realmente autêntico, consigo mesmo, um homem que é sempre, ele mesmo, no seu
jeito despojado de vestir, na sua maneira, absolutamente sincera de dizer o que
pensa e com profundo respeito ao seu semelhante, porque expressa sua inequívoca
convicção que todos somos realmente iguais? Quem o vê, com sua inseparável calça
jeans, com seu tênis, de qualquer marca, com sua vasta cabeleira,
enfeitando-lhe o rosto, onde tem sempre largo sorriso, muito longe está de
imaginar que este homem, que nos remete a um ‘’hippie’’, anos 60, é ilustre médico neurologista, com mestrado e
doutorado em Paris e pós – doutorado na ‘’Columbia
University’’, de Nova York. E mais: é fundador do ‘’Setor de Patologia Neuromuscular’’ da Disciplina de Neurologia da
Escola Paulista de Medicina, tendo criado o Laboratório de Patologia
Neuromuscular da Unifesp, quase com recursos exclusivamente seus e que percorreu
comigo, emoção tomada, como se me apresentasse um filho, especialmente muito
querido. Além de médico, professor, cientista, é matemático, filósofo e
profundo conhecedor de mitologia grega. Pois este super gênio – Beny Schmidt, é
seu nome -, carrega estas toneladas de muito saber e fazer, com a simplicidade
dos que nada precisam provar e demonstrar, a não ser seu desmesurado respeito a
seu semelhante. Pois Beny, além de tudo isto, arranja tempo para escrever, onde
pinta, com mágicas tintas, principalmente o amor, este sentimento, que vai se
tornando cada vez mais abstrato, nesta era marcada pelo ressentimento. Beny já
cantara seu amor pela esposa e, agora, deixa na portaria de meu prédio, um
livro, onde pinta ‘’Retratos de um amor
por um cão’’, no caso Tolsty, o dele, que conheci e que é tão doce quanto o
dono. Apenas tive tempo de folhear o livro, mas sei que vou lê-lo, várias
vezes. Meus cães marcaram a historia de minha vida e os tenho, desde a
meninice. Amo-os todos, os presentes e os que já se foram, porque, como Beny,
penso serem eles o único ser que oferece amor incondicional, seja ao Presidente
dos Estados Unidos, seja ai catador de bagulhos, cuja carroça ele guarda com
cuidados e carinho. Pois Beny Schmidt, pelo afeto que me distingue, comparo-o a
um cão, livre no fazer e no pensar e que me honra e me enche de orgulho, em
fazer-me integrar seu universo.
Apenas uma queixa: continua me devendo uma cerveja, regada a
um papo, sem hora para terminar.
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