segunda-feira, 20 de julho de 2015

A falência do ensino

A falência do ensino


Dentre tantas causas, que sufocam o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, o péssimo nível do ensino é, indiscutivelmente, a mais relevante. A escola pública foi, gradativamente, deteriorando-se e, hoje, salvo aquelas exceções que confirmam a regra, atende, de forma precária, a uma população periférica, de quase nenhum  poder aquisitivo. O acesso dessa população às Universidades, através das ‘’quotas’’, longe está de apresentar resultados, pelo menos satisfatórios, já que os alunos, egressos do ensino público, enfrentam dificuldades, às vezes intransponíveis, para acompanharem as matérias ministradas. Não é por outra razão que via de regra, optam eles por cursos, onde não se exigem maiores conhecimentos, ou por faculdades de baixo nível intelectual e que, por óbvio, não preparam o aluno para enfrentar o mercado de trabalhar. Para não falar de seara alheia, falo da minha. As faculdades de Direito despejam, cerca de 20 mil bacharéis, por ano, o que nos faz campeões mundiais em diplomados, neste campo. Todavia, quando submetidos ao exame da Ordem, onde se avalia se o bacharel possui conhecimentos básicos, para se tornar advogado, o índice histórico de aprovação não supera a 20%, vale dizer, apenas 4 mil recebem a carteira, que o habilitará a exercer a profissão. Mesmo esse número já é elevado para um mercado de trabalho, absurdamente saturado, o que faz muitos desistirem do exercício profissional ou se submeterem a subempregos. Em outras profissões, onde não se exige exame de habilitação, a situação é mais dramática, já que o aluno, alheio à potencialidade do mercado de trabalho, ingressa na Faculdade, pelas facilidades de fazê-lo e, ao receber o diploma, ao final do curso, conclui que esse não lhe trará qualquer valia. A reformulação do ensino, no Brasil, começa pela melhor orientação do aluno, já no nível fundamental e médio. Instalar computadores, em salas de aula, é ótimo, mas é quase nada, se lá na frente não estiver um professor, adequadamente preparado e motivado. Causa-me desesperança ver, por todo o País, pulularem greves de professores, ‘’por melhores salários’’ e olha que esse ‘’melhor salário’’, as mais das vezes não chega a 10% do que ganha um deputado e aí não computo o fruto das milionárias ‘’marcacutaias’’. Pesquisas recentes indicam que cresce, em progressão geométrica, o êxodo, para o exterior, de mão de obra qualificada que encontra, lá fora, condições de pesquisa ausentes em nosso País, que continua acumulando bacharéis em muita coisa, que se traduz em coisa nenhuma. Estamos afundados em uma crise político-econômica e, mesmo com a população indo às ruas para protestar, esse protesto cai no vazio, porque, de larga data, não emergem líderes capazes de galvanizar o anseio popular e, concretamente, levar-nos a um porto seguro. E de onde saem estes líderes, se não da boa escola, que lhe proporciona boa formação técnica e moral? Enfeitam-se as escolas com computadores e acham que isto basta. Continuamos vivendo do improviso educacional e, por isso mesmo, seremos, para todo o sempre, apenas um País emergente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário