A falência do ensino
Dentre tantas causas, que sufocam o desenvolvimento socioeconômico
do Brasil, o péssimo nível do ensino é, indiscutivelmente, a mais relevante. A
escola pública foi, gradativamente, deteriorando-se e, hoje, salvo aquelas exceções
que confirmam a regra, atende, de forma precária, a uma população periférica,
de quase nenhum poder aquisitivo. O
acesso dessa população às Universidades, através das ‘’quotas’’, longe está de apresentar resultados, pelo menos
satisfatórios, já que os alunos, egressos do ensino público, enfrentam
dificuldades, às vezes intransponíveis, para acompanharem as matérias
ministradas. Não é por outra razão que via de regra, optam eles por cursos,
onde não se exigem maiores conhecimentos, ou por faculdades de baixo nível
intelectual e que, por óbvio, não preparam o aluno para enfrentar o mercado de
trabalhar. Para não falar de seara alheia, falo da minha. As faculdades de
Direito despejam, cerca de 20 mil bacharéis, por ano, o que nos faz campeões
mundiais em diplomados, neste campo. Todavia, quando submetidos ao exame da
Ordem, onde se avalia se o bacharel possui conhecimentos básicos, para se
tornar advogado, o índice histórico de aprovação não supera a 20%, vale dizer,
apenas 4 mil recebem a carteira, que o habilitará a exercer a profissão. Mesmo
esse número já é elevado para um mercado de trabalho, absurdamente saturado, o
que faz muitos desistirem do exercício profissional ou se submeterem a
subempregos. Em outras profissões, onde não se exige exame de habilitação, a
situação é mais dramática, já que o aluno, alheio à potencialidade do mercado
de trabalho, ingressa na Faculdade, pelas facilidades de fazê-lo e, ao receber
o diploma, ao final do curso, conclui que esse não lhe trará qualquer valia. A
reformulação do ensino, no Brasil, começa pela melhor orientação do aluno, já
no nível fundamental e médio. Instalar computadores, em salas de aula, é ótimo,
mas é quase nada, se lá na frente não estiver um professor, adequadamente
preparado e motivado. Causa-me desesperança ver, por todo o País, pulularem
greves de professores, ‘’por melhores
salários’’ e olha que esse ‘’melhor salário’’, as mais das vezes não chega
a 10% do que ganha um deputado e aí não computo o fruto das milionárias ‘’marcacutaias’’. Pesquisas recentes
indicam que cresce, em progressão geométrica, o êxodo, para o exterior, de mão
de obra qualificada que encontra, lá fora, condições de pesquisa ausentes em
nosso País, que continua acumulando bacharéis em muita coisa, que se traduz em
coisa nenhuma. Estamos afundados em uma crise político-econômica e, mesmo com a
população indo às ruas para protestar, esse protesto cai no vazio, porque, de
larga data, não emergem líderes capazes de galvanizar o anseio popular e,
concretamente, levar-nos a um porto seguro. E de onde saem estes líderes, se
não da boa escola, que lhe proporciona boa formação técnica e moral? Enfeitam-se
as escolas com computadores e acham que isto basta. Continuamos vivendo do
improviso educacional e, por isso mesmo, seremos, para todo o sempre, apenas um
País emergente.
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