terça-feira, 21 de julho de 2015

O Brasil ainda respira



Com a tranquilidade dos que sabem que apenas estão cumprindo um dever, o juiz Sergio Moro proferiu as primeiras sentenças condenatórias dos envolvidos no ‘’petrolão’’. Sem pirotecnia – o que é incomum, nestes casos – crava seu nome, na melancólica história da corrupção, no Brasil, não levando em conta a importância, política ou econômica, dos personagens, mas tão somente o grau de envolvimento dos mesmos, nos fatos. Utilizou, com maestria, o instituto da ‘’delação premiada’’, obtendo os resultados conhecidos. Trabalhou, sempre, apoiado na lei, tanto assim é que nenhum dos envolvidos obteve sucesso nos vários ‘’habeas corpus’’ impetrados. E mais, ao trazer, para seu lado, a mídia independente e a população esclarecida, pautou a conduta dos próprios ministros do Supremo, que julgarão os acusados, com foro privilegiado. Assim, mesmo os Ministros, lá colocados pelo petismo, especialmente aqueles que tomaram posição dúbia, no julgamento do ‘’mensalão’’, mesmo esses pensarão duas vezes, antes de se inclinarem para beneficiar réus, cuja culpa está marcada pela contundência. Sergio Moro tem sido magistrado sereno, que procura enxergar os fatos, além do universo jurídico e deu prova disto em sua última declaração, ao sugerir que as construtoras, envolvidas no maior escândalo do Brasil, façam um ‘’acordo de leniência’’, para continuarem atuando no mercado. São elas, sozinhas, responsáveis por 10% do PIB e empregam 20% de toda mão-de-obra ativa, no País, principalmente, a menos qualificada. Se se fosse aplicar, friamente, o que determina a ‘’lei das licitações’’, no caso, a de número 8.666/93, aquelas construtoras deveriam ser declaradas ‘’inidôneas’’ e, via de conseqüência, serem impedidas de contratarem com a Administração Pública, em qualquer de seus níveis, federal, estadual e municipal. Daí adviriam milhares de desempregados que, em nada, contribuíram para as falcatruas perpetradas. Pelo ‘’acordo de leniência’’, aquelas empresas ressarcem os cofres públicos, restituindo o que apropriaram, indevidamente e retornam às suas atividades, guiados por novos parâmetros de moralidade. Por outro lado, os agentes públicos, antes de se envolverem em negociatas, agindo como se a administração pública fosse coisa sua, pensarão várias vezes, antes de adotarem desvio de conduta. É claro que não somos ingênuos, a ponto de achar que, a partir de Sergio Moro, estancou-se a corrupção, no Brasil. Afinal, como ensina o filósofo, ‘’o homem é ele e suas circunstâncias’’ e sempre haverá circunstâncias que incitarão o agente público à pratica de atos de improbidade. Todavia – tenho esta convicção – a corrupção, a partir da ação saneadora de Sergio Moro, descerá a um patamar, digno de País civilizado. Devemos isto ao lulopetismo: foram, de forma tão deslavada, beber na fonte da corrupção, que permitiu que homens, da estatura moral de Sergio Moro, erguessem sua voz e a espada da lei, bradando: ‘’agora, chega. Passem fora os vendilhões da pátria’’. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário