Desde que voltei para São Paulo, vindo do Rio, onde morei por
cerca de 10 anos, tenho o hábito de, nos domingos, ler ‘’O Globo’’ que considero, pela abrangência de seus temas, o único
jornal, verdadeiramente nacional. Também há, na leitura, forte dose de
saudosismo, porque continuo apaixonado pelo Rio, onde passei tempos
maravilhosos, tendo dois, de meus 03 filhos, lá nascidos. Também, é claro,
naquele jornal, seja para rir, seja para chorar, busco noticias do Botafogo,
paixão eternizada, desde os primórdios dos anos 50.
Pois no domingo ultimo, vinho descansando na taça, estou a
ler ‘’ O Globo’’ e me deparo com questionário, destinado a identificar a
tendência ideológica do leitor. Questões simples e objetivas (ex.: ‘’você é a favor da redução da maioridade penal?
’’) que, a meu modestíssimo juízo, não são suficientes para definir o
perfil ideológico de ninguém. Mas... era domingo, o almoço ainda demoraria, o
vinho era excelente companhia, resolvi preencher, com absoluta honestidade, o
questionário. Ao conferir o gabarito, eis o resultado: sou de extremamente
direita. Pensei em telefonar, escrever uma carta desaforada, reclamar da falta
de seriedade do quase centenário jornal. Eu, que respeito as liberdades
individuais, que sonho com um Estado mínimo, que acredito na economia de
mercado, como força propulsora do desenvolvimento, que abomino as injustiças sociais
e os preconceitos, que vivo, exclusivamente, de meu trabalho – maldição que
cumpro desde os 14 anos -, logo eu, sou taxado de extrema direita? Mudei de
página, li as colunas do Veríssimo e do Cacá Diegues, dei outro gole no vinho e
fui me acalmando. Lembrei-me de que, em outros tempos, a ‘’esquerda festiva’’, também rotulava ‘’O Globo’’, como sendo o porta-voz da extrema-direita. Então, tá
tudo certo, estou bem acompanhado até porque, dois, dos maiores ídolos do
Botafogo – Garrincha e Jairzinho – também eram ‘’extrema direita’’.
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