sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma Leitura Necessária

Pelas mãos de ancestral cliente e dileto amigo, recebo o livro ‘’Judas’’, do autor israelense, Amós Oz, até então meu desconhecido. Tendo como ‘’pano de fundo’’ os desenganos de um jovem, preterido no amor e atingido pela falência do pai, o que o obriga a abandonar a universidade e aceitar emprego de cuidador de idoso inválido, o autor desenvolve duas teses, a merecerem especial reflexão: a criação do Estado de Israel, nos anos 40, usurpando territórios palestinos. Talvez, se tivesse sido criado um Estado único, abrigando árabes e judeus, os setenta anos de uma guerra inacabada não estariam acontecendo. E, a segunda tese, mais importante, tanto que dá título ao livro, é sobre a participação de Judas Iscariotes na vida e morte de Jesus Cristo. Teria sido Judas, realmente, o traidor, que entregou Cristo a seus algozes, mediante a paga de 30 moedas de prata? O autor nos apresenta um ‘’outro’’ Judas: de família abastada (o que afastaria a tese do suborno), em um primeiro momento, ‘’agente infiltrado’’ pelos sacerdotes, para descobrir quem era e o que queria aquele ‘’novo profeta’’. Com o tempo se apaixona pela doçura, pela singeleza das parábolas e pela sinceridade de seus ensinamentos e passa a crer nele, como ‘’Filho de Deus’’. Judas, o mais culto, o único rico entre os apóstolos, assume papel de liderança e se torna o ‘’tesoureiro’’ do grupo. Convence Jesus a deixar as aldeias e ir para Jerusalém, ensinar a verdade, deixar-se prender e ser crucificado e, nesse momento, diante dos judeus, dos sacerdotes e dos soldados romanos, realizou o maior de todos os milagres: despregou-se e desceu da cruz. A ficção do autor impõe-nos necessária reflexão: e se esse milagre realmente tivesse sido realizado? Por certo, teria mudado a historia do mundo e das religiões surgidas, a partir de Cristo. Acabei de ler o livro às 4 horas de uma madrugada e não mais me encontrei com o sono, ficando com uma pergunta, martelando minha cabeça: que imagem é mais impactante e revestida de maior simbologia, a do Cristo crucificado, ou a do Cristo, descendo da cruz? Olho para o Cristo crucificado, pendurado na parede defronte e tenho a impressão que ele sorri, apiadado de minha ignorância. 

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