quinta-feira, 9 de abril de 2015

O mal nosso de cada dia
Quando acessamos os veículos de comunicação, surpreendemo-nos como o mundo, de modo generalizado, vive momentos permanentes de intolerância, que vai, desde minúsculas brigas de trânsito, até inexplicáveis genocídios, como os praticados por grupos radicais. No plano individual, a cordialidade – que já foi considerada característica do brasileiro – passou a ser ‘’avis rara’’, substituída que foi pela irritabilidade, que aflora, sem causa relevante, desde o ambiente familiar, até os grandes conflitos mundiais.
Infindáveis são os exemplos que podem ser dados. No cenário interno, a última campanha presidencial gerou sectarismo tal, que se tornou, praticamente impossível, estabelecer-se um pacto, pelo menos razoável, que livre o Brasil da ‘’trombada econômica’’, que se avizinha e que nos atingirá, a todos nós. A Presidente da República recusa-se a descer do salto alto, reconhecer que perdeu o controle da situação e pedir ajuda, a quem pode ajudar, no caso, os segmentos representativos da classe empresarial e dos trabalhadores. Como, para esses, os interesses políticos prevalecem, instala-se o ‘’quanto pior, melhor’’ que desestabiliza o governo e torna mais iminente a ‘’trombada’’. Por certo, quando essa chegar, só deixará vencidos, empresários e trabalhadores. Quando esticamos nossos olhos, mundo afora, deparamos com cenário igualmente desolador: genocídios praticados pelo ‘’Estado Islâmico’’; atentados terroristas na Espanha; repressão policial na China, por supostos delitos de opinião; idem na Venezuela; recrudescimento de conflitos raciais nos Estados Unidos. E, incapaz de superar suas divergências, individuais e coletivas, o homem se empenha para, ‘’até 2025, encontrar vida fora da terra’’. Por óbvio, já não havendo espaço suficiente para tantas desavenças por aqui, buscam-se, novos campos de batalha. Porque estou a dizer tudo isto, nesta manhã de uma ensolarada quinta-feira? Porque acabamos de viver a chamada ‘’Semana Santa’’, quando a vida, paixão e morte de Jesus Cristo foi relembrada, em toda a sua intensidade, pelos veículos de comunicação, vida, paixão e morte que tiveram, como único objetivo, trazer à humanidade uma simples lição de bem viver: ‘’amai-vos uns aos outros’’. Há quem afirme que Cristo foi mensageiro de uma utopia, porque, ao longo de quase 2.050 anos, sua lição nunca foi aplicada. O homem continua sendo, cada vez mais, ‘’o lobo do homem’’ e não há o menos sinal que mudança ocorrerá. Theodore Dallrymple, citado pelo filósofo, Luiz Felipe Pondé, em sua imperdível obra ‘’A Era do Ressentimento’’, afirma que ‘’a elevação dos direitos e benefícios tangíveis leva as pessoas, inevitavelmente, a uma mentalidade vil que oscila entre ingratidão, na melhor das hipóteses – pois por que razão elas deveriam ser gratas por receberem algo que é um direito – e, na pior das hipóteses, ressentimento’’. E  o mesmo filosofo, na obra citada, afirma que nossa época será lembrada, daqui a alguns séculos, como “a era do ressentimento”.
Fico a duvidar se, ao invés de descansar no sétimo dia, não teria sido melhor que Deus “desfizesse” o ser humano que construiu e que não guarda com ele qualquer semelhança.



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