Segundo pesquisa, realizada por entidade, ligada à ONU, o
Brasil subiu oito posições e chegou ao 16º lugar no ‘’ranking de felicidade”, sendo que o país mais feliz do mundo é a
Suíça, seguida por Islândia, Dinamarca e Noruega. A
melhor ou pior colocação no ‘’ranking da
felicidade’’, se deve a variáveis, como PIB per capita, expectativa de
vida, níveis de corrupção e liberdades individuais.
Não levo muita fé – para dizer nenhuma – nessa pesquisa. Para
começo de conversa, já considero muito difícil conceituar ‘’felicidade’’. É estado transitório ou permanente? Depende,
primordialmente, de fatores objetivos, como os especificados na pesquisa, ou se
submete às alegrias e tristezas vividas por cada qual? Quem é mais feliz, ou
infeliz, o pescador, que nunca teve nada, ou o milionário, que perdeu tudo? Eu,
cá de mim, cheio de pretensão, ouso dizer que felicidade é estar em harmonia
consigo mesmo, o que é uma coisa pra lá de complicada, tantas são as
tribulações pelas quais passamos, em nosso cotidiano. De qualquer maneira,
mesmo que seja possível fazer pesquisa, sobre o ‘grau de felicidade das
pessoas, essa será sempre viciada, porque cada ser humano tem seu ‘’quid proprium’’, suas alegrias e
tristezas. Agora, pelos critérios utilizados, é até fazer pouco caso de nossa
inteligência concluir que o Brasil ocupa o 16º lugar. Se o PIB é a soma de tudo
o que um País produz e, atualmente, nosso PIB é 0, podemos concluir que nosso
PIB, ‘’per capita’’, também é pífio.
Para chegar a esta conclusão, tomemos alguns exemplos: o atual nível de
empregos formais é o mais baixo dos últimos 15 anos; nosso ensino é um dos mais
desacreditados do mundo; a saúde publica chegou a tal grau de abandono, que o
poder público não consegue nem mesmo controlar o surto da dengue; a inflação
atingiu tal índice (muito acima dos oficiais 8%) que mesmo a classe media tem
que conter o consumo de produtos básicos. Então, fica a pergunta: como pode se
afirmar ser feliz um povo que vê o desemprego crescer, a educação falir, que é
absolutamente carente de assistência à saúde e cujo poder aquisitivo está
sendo, progressivamente, corroído? Quanto ao ‘’nível de corrupção’’, em que local a pesquisa foi feita, para nos
colocar em 16º lugar? A ‘’petropropina’’,
cuja extensão ainda não está totalmente desvendada, já é considerada o maior
caso de corrupção institucionalizada, do mundo. Órgão de Julgamento de Recursos
da Receita Federal envolveu-se em esquema de corrupção, que gerou algo em torno
de 20 bilhões de prejuízo aos cofres públicos. O ex-presidente Lula é capa da ‘’Veja’’, da ultima semana, por ‘’favores’’ recebidos de construtora,
envolvida, até o pescoço, na operação ‘’lava jato’’. E ainda falta abrir a ‘’caixa preta’’ do BNDES da Eletrobrás,
de Furnas etc, etc. No campo das liberdades individuais, teimo em afirmar não
serem elas bens abstratos. Cito o poeta: ‘’Liberdade,
liberdade, para que vos quero?’’ Por certo, não é para ver professores
paralisarem suas atividades, reivindicando melhores condições de sobrevivência.
Por certo, não é para ver infelizes morrerem às portas dos hospitais públicos,
por falta de atendimento. Por certo, não é para ver destacadas figuras do mundo
político, envolvidas em escabrosos casos de corrupção. Por certo, não é sairmos
de casa, para o trabalho, sem sabermos se voltaremos vivos, porque o
assaltante, impune, espera-nos à esquina. A felicidade, que me perdoe meu amado
Jobim, não é ‘’a gota de orvalho que cai
numa pétala de flor’’. É muito mais: é ter a tranquilidade de que nosso
trabalho nos é recompensado pela segurança de que vivemos em um País, cujo
governo nos respeita como cidadãos, o que não é o caso deste, que aí está, a
nos tratar como se fossemos indigentes.
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