quarta-feira, 1 de abril de 2015

A Via Sacra e a 12ª Estação
A “Via Sacra” é, talvez, a mais pungente solenidade da semana-santa. Do latim “via crucis”, que significa “o caminho da cruz”, é o trajeto seguido por Jesus, carregando – por nossa culpa – sua pesada e injusta cruz, desde o tribunal, onde foi julgado por Pôncio Pilatos (que relutou em condená-lo), até o Calvário, em Jerusalém. O numero de “estações” da via sacra foi sendo definido, pela Igreja, ao longo dos séculos, até se chegar às 15 “estações” atuais. O ritual consiste em percorrer, assim como Jesus Cristo o fizera, desde a sua condenação à morte (1ª estação), até sua ressurreição (15ª estação). Em cada uma delas se faz uma parada, para meditar e rezar.
Tenho ancestral hábito de percorrer todas as estações, nos dias da semana-santa, ritual que opto cumprir sozinho, mergulhado em minhas reflexões e, sempre, emociono-me, com mais intensidade, na 12ª estação, onde Jesus é descido da cruz e recebido pelos braços de sua mãe, Maria. Penso Nele, durante todo seu doloroso caminho, feito de dor e humilhação, mas, ali, naquele momento, penso em Maria, em seu incomensurável sofrimento, que viu seu filho ser torturado e morto e, agora, recebe-o, inerte, em seus braços. Cristo sabia que vinha para cumprir uma missão e, obediente, levou-a, até ao final. E Maria, que gerou aquele filho, que o “perdeu” para o exercício de sua missão salvática, e Maria, mãe, acima, mas iguais a todas as mães, estava ela preparada para tanto sofrimento? Que mãe, qualquer mãe, está preparada para acolher nos braços o filho, qualquer filho, morto, após vê-lo ser espancado e humilhado? Jesus sabia pelo que iria passar, mas Maria foi melancólica espectadora do sofrimento do filho, que apenas semeou a paz. Ao parar na 12ª estação, não consigo deixar de pensar apenas em Maria, mãe dolorosa, mãe atormentada pela incompreensão do que fizeram com seu filho. Maria, mãe de todos nós, em cujos braços gostaria de me aconchegar, quando chegar a minha hora. 

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