Como escapar da lei
As construtoras, envolvidas na ‘’operação lava jato’’, ao que tudo indica, estão engendrando arguto
plano de sobrevivência. O envolvimento das mesmas em crimes contra os
princípios que regem as licitações, gerará, inevitavelmente, a ‘’declaração de inidoneidade’’ dessas
empresas que, via de consequências, estarão impedidas de contratar com a
Administração Pública, inclusive com a imediata rescisão dos contratos em
vigor. A declaração de inidoneidade, pela sua extrema gravidade, no caso, é ato
privativo do Presidente da Petrobrás, ou, até, do Ministro das Minas e Energia
e, somente produz seus efeitos, exauridos todos os recursos, após publicada a
decisão no diário oficial. Vê-se, pois, que, no momento atual, não existe
qualquer impedimento legal para que tais construtoras continuem a executar as
obras, para as quais foram contratadas, cabendo à Petrobrás a obrigação de
pagar pelos serviços executados. Poder-se-ia, no máximo, as partes ajustarem
uma readequação dos preços, em função do alegado superfaturamento. Mas, afinal,
a que ‘’plano de sobrevivência’’ estou
me referindo? As Construtoras estão promovendo demissão em massa dos
trabalhadores, alocados às obras, com a inequívoca intenção de criar um
problema social, que provocará a intervenção do Governo Federal, livrando-se
daquela inevitável e pedagógica penalidade. A mídia, já anunciou que a
‘’Queiroz Galvão’’ vai promover a demissão de centenas de trabalhadores,
podendo, inclusive, inviabilizar obras destinadas às Olímpiadas, a serem realizadas,
no próximo ano, no Rio de Janeiro, o mesmo acontecendo com as obras do VLT de Santos.
A Controladoria Geral da União – CGU, já aventou a juridicamente esdrúxula
solução de punir os executivos das empresas, envolvidas no ‘’petrolão’’, mas preservando essas, em nome dos ‘’superiores interesses econômicos do País’’.
Melancólica solução, que estupra o direito e a moral. Os executivos são meros
prepostos das empresas e, em nosso ordenamento jurídico, como o de todos os
países civilizados, o preponente responde pelos atos de seus prepostos. Se os
executivos enriqueceram com o ‘’petrolão’’,
por obvio, os donos das respectivas construtoras enriqueceram mais ainda. Não
foi por outra razão que matéria, veiculada na Imprensa, não faz muito tempo,
informa que as herdeiras da ‘’Camargo
Correa’’ acumulam, cada uma, patrimônio da ordem de 03 bilhões de reais.
Assim, do ponto de vista jurídico, os contratos, celebrados entre a Petrobrás e
as Empresas, envolvidas no ‘’petrolão’’,
estão e estarão vigorando, impondo a cada uma das partes a obrigação de
cumpri-los, não se justificando as demissões anunciadas. Qualquer outra solução,
apenas comprovará, com mais intensidade, o envolvimento do Governo Federal, no
maior escândalo de corrupção, que nos faz parecer mendigos morais, aos olhos do
mundo.
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