Esta é para deitar e esparramar inveja, em quem me segue
nestas mal traçadas. É que ontem, quase ao findar do dia, passei pelo
escritório de meu colega e amigo, Braz Martins Neto, advogado de longo curso –
na lida desde 1973 – e elitizada clientela. Braz, é talvez, a única unanimidade
de bem querer e bem fazer, neste ofício, onde a vaidade é marca registrada.
Costumo chamá-lo de “nosso Catão”,
tal seu comportamento ético. Conhecemo-nos, já lá vão 20 ou mais anos,
defendendo interesses antagônicos e daí surgiu relacionamento, onde ele sempre
foi mestre e eu orgulhoso aprendiz. Braz já foi tudo da Seccional da OAB
(atualmente, comanda a CAASP) e só não foi presidente, porque não quis. Aliás,
certa feita, ilustre advogado, eterno adversário da Diretoria da Ordem, que
Braz integra, confidenciou-me que ele seria a única hipótese de candidato, sem oposição,
à Presidência da Entidade. Eis o homem! Daí descubro que, além de advogado de
horário, prá lá de integral, vez não ser incomum juntar o dia à noite, em seu
mister, Braz, há 50 anos, dedica-se a atividades filatélicas, inclusive
percorrendo o mundo, em suas viagens de trabalho, para adquirir selos raros.
Agora, juntando duas de suas três paixões, selo e advocacia, (a primeira, é
claro, são esposa e filhas), organizou coleção, a que deu o título “Estado de Direito – defesa e violação”, reunida em livro – que ele chama de “encarte” – de 80 páginas. São cerca de
500 ou mais selos, dos mais variados rincões do mundo, contando, de modo
simbólico, as vitórias e as vicissitudes, pelas quais passou o Estado de
Direito. O livro se inicia com “série
retratando cada um dos dez mandamentos lapidados nas pedras entregues por Deus
a Moises”, passa pelas revoluções, as boas, que consagraram a liberdade do
cidadão, como a Revolução Francesa e percorre as más, exatamente as que
suprimiam tão augusto bem, como a Revolução Russa. Mas tem muitíssimo mais,
porque a coleção é deliciosa aula de história, a ser saboreada, pouco a pouco.
Só há um problema: o livro, que reúne tal coleção, não está à venda. Teve
edição reduzida, a ser distribuída aos amigos do Braz e eu fui dos agraciados,
com direito à dedicatória. Desde já aviso: não empresto! No máximo, permito que
o folheem e desde que o seja na minha presença. Na dedicatória, uma pequena
mentira! Diz ela:
“ao querido Saul, com o apreço do colega que, nas horas de
lazer advoga e, nas horas que lhe sobram, coleciona selos”.
A mentira: além de não lhe sobrar horas, seu maior lazer é
colecionar amigos e admiradores, como este honrado rábula.
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