Sou informado que está “bombando”,
na internet, debate sobre a diferença entre os conceitos de “esquerda” e “direita”, durante o nazismo e o stanlinismo e recebo a sugestão de
dar minha opinião sobre o tema. Então, vamos lá. Numa manhã de novembro de 1918,
os delegados alemães, em “Compiegne”, submetem-se,
incondicionalmente, ao “Tratado de
Versailles”, marcando o fim da primeira guerra mundial, com substancial
modificação do mapa da Europa Central e Meridional. Perdeu a Alemanha a parte
mais rica de seu território: cedeu à França as províncias da Alsacia e da
Lorena, perdeu parte da Prússia Oriental
e da Silésia, além da Região dos Sudetos, todas de tradicional origem
germânica. Essas mutilações provocaram agitação na Alemanha e se agravaram, ainda mais, quando, em razão de dificuldades
econômicas, a Alemanha requereu moratória. Em 1921, Hitler assume a presidência
do “Partido Operário Nacional Socialista
Alemão”, que, mais tarde, passaria a se chamar “Partido Nacional Socialista”, de base predominante popular, já que
não tinha apoio da aristocracia alemã. Alfred Rosenberg considerado “a voz filosófica do partido “ pregava a
supremacia do Estado sobre o indivíduo, com forte intervenção na economia. Nas
eleições presidenciais de 1932, o Marechal Paul Von Hindenburg, de linhagem
militar, apoiado pela alta burguesia e adepto das ideias liberais da “Constituição de Weimar”, vence Hitler,
que teve 31% dos votos, contra 49% dados ao velho Marechal. Somente um ano
depois, quando, nas eleições parlamentares, o Partido Nacional Socialista
conquista 230 cadeiras no “Reichstag”,
passando a ser a mais forte agremiação
política do País, é que o Presidente Hindenburg se vê forçado a nomear Hitler
Primeiro Ministro, apesar de desprezá-lo, por ter sido um simples cabo, na
primeira guerra. Para governar, Hitler contou com o decisivo apoio do
ex-chanceler Von Papen, homem estreitamente ligado aos militares e à elite
empresarial alemã. O programa do partido era, essencialmente estatizante na
economia, (“ a nação é mais importante do
que o indivíduo", preconizava Rosemberg) e nacionalista (“Deutschland über alles” - A Alemanha acima de tudo). Como situar essa
ideologia, que abominava o liberalismo e colocava o estado no comando, por
entender ser ele o único capaz de satisfazer as necessidades do povo? Dentro
dos parâmetros tradicionais não seria ideologia de “esquerda”? Mas, como conciliar ideologia de esquerda com total e
absoluta supressão de liberdades
individuais e coletivas, perpetradas pelo nazismo? Ou seria aquela ideologia “de direita”? Mas, como conciliá-la com a
absoluta intervenção do Estado Nazista na livre iniciativa, que,
necessariamente, devia estar voltada para a “indústria da guerra”? Do outro lado da Europa, a União Soviética,
consolidada a Revolução de 1917, que derrubara a aristocracia czarista,
colocava Stalin no comando da “Ditadura
do Proletariado” e que, com mãos de ferro, matou (exatamente como Hitler o
fazia), inimigos e aliados, estatizou
toda a economia, não deixando qualquer resquício de propriedade privada. Poderá
o comunismo de Stalin ser considerado “ideologia de esquerda”? Na verdade,
Hitler e Stalin eram tão ideologicamente iguais que, em agosto de 1939, assinam
“pacto de não agressão”, pelo qual os
governos dos respectivos países se comprometiam a absterem-se, entre si, de
todo ato belingerante. Assim, se uma das partes signatárias do acordo fosse
vítima de ação bélica, a outra parte não prestaria qualquer tipo de ajuda a
essa terceira potência. Estava aberta a porta para a invasão da Polônia, o que
aconteceria às 05h. e 45min. de 1º de setembro do mesmo ano. E, consumada a
conquista, os germânicos ficam com a metade ocidental da Polônia e os russos
com a metade oriental. Diante desse quadro, pode-se falar em “ideologia de esquerda ou de direita”? A
verdade histórica é que as ditaduras não têm ideologia. Seus líderes
aproveitam-se de crises pontuais e surgem como “salvadores da pátria e do povo”. Revelam-se arbitrários e cruéis,
desprezando quaisquer valores morais, para conservarem o Poder. Já responderam
pelos nomes de Hitler e Stalin, hoje, chamam-se Maduro e Assad e ignoram o significado
da palavra ideologia. No mundo contemporâneo, “direita” e “esquerda”
querem, basicamente, a mesma coisa:
melhores condições de vida para todos, melhor saúde, melhor educação, melhor moradia O que
os distingue é a metodologia: a direita, apoiada na história, quer o Estado
mínimo, por sabê-lo péssimo gestor. A esquerda, ainda presa ao utopismo, quer o
Estado presente, protecionista. Todavia, ambos, direita e esquerda, unem-se em
torno da liberdade, este bem superior, sem o qual o ser humano não consegue viver e
qualquer ideologia desfalece.
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