quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Hitler e Stalin: direita ou esquerda?



Sou informado que está “bombando”, na internet, debate sobre a diferença entre os conceitos de “esquerda” e “direita”, durante o nazismo e o stanlinismo e recebo a sugestão de dar minha opinião sobre o tema. Então, vamos lá. Numa manhã de novembro de 1918,   os delegados alemães, em “Compiegne”, submetem-se, incondicionalmente, ao “Tratado de Versailles”, marcando o fim da primeira guerra mundial, com substancial modificação do mapa da Europa Central e Meridional. Perdeu a Alemanha a parte mais rica de seu território: cedeu à França as províncias da Alsacia e da Lorena, perdeu  parte da Prússia Oriental e da Silésia, além da Região dos Sudetos, todas de tradicional origem germânica. Essas mutilações provocaram agitação na Alemanha e se agravaram,  ainda mais, quando, em razão de dificuldades econômicas, a Alemanha requereu moratória. Em 1921, Hitler assume a presidência do “Partido Operário Nacional Socialista Alemão”, que, mais tarde, passaria a se chamar “Partido Nacional Socialista”, de base predominante popular, já que não tinha apoio da aristocracia alemã. Alfred Rosenberg considerado “a voz filosófica do partido “ pregava a supremacia do Estado sobre o indivíduo, com forte intervenção na economia. Nas eleições presidenciais de 1932, o Marechal Paul Von Hindenburg, de linhagem militar, apoiado pela alta burguesia e adepto das ideias liberais da “Constituição de Weimar”, vence Hitler, que teve 31% dos votos, contra 49% dados ao velho Marechal. Somente um ano depois, quando, nas eleições parlamentares, o Partido Nacional Socialista conquista 230 cadeiras no “Reichstag”, passando  a ser a mais forte agremiação política do País, é que o Presidente Hindenburg se vê forçado a nomear Hitler Primeiro Ministro, apesar de desprezá-lo, por ter sido um simples cabo, na primeira guerra. Para governar, Hitler contou com o decisivo apoio do ex-chanceler Von Papen, homem estreitamente ligado aos militares e à elite empresarial alemã. O programa do partido era, essencialmente estatizante na economia, (“ a nação é mais importante do que o indivíduo", preconizava Rosemberg) e nacionalista (“Deutschland über alles” -  A Alemanha acima de tudo). Como situar essa ideologia, que abominava o liberalismo e colocava o estado no comando, por entender ser ele o único capaz de satisfazer as necessidades do povo? Dentro dos parâmetros tradicionais não seria ideologia de “esquerda”? Mas, como conciliar ideologia de esquerda com total e absoluta supressão de  liberdades individuais e coletivas, perpetradas pelo nazismo?  Ou seria aquela ideologia “de direita”? Mas, como conciliá-la com a absoluta intervenção do Estado Nazista na livre iniciativa, que, necessariamente, devia estar voltada para a “indústria da guerra”? Do outro lado da Europa, a União Soviética, consolidada a Revolução de 1917, que derrubara a aristocracia czarista, colocava Stalin no comando da “Ditadura do Proletariado” e que, com mãos de ferro, matou (exatamente como Hitler o fazia),  inimigos e aliados, estatizou toda a economia, não deixando qualquer resquício de propriedade privada. Poderá o comunismo de Stalin ser considerado “ideologia de esquerda”? Na verdade, Hitler e Stalin eram tão ideologicamente iguais que, em agosto de 1939, assinam “pacto de não agressão”, pelo qual os governos dos respectivos países se comprometiam a absterem-se, entre si, de todo ato belingerante. Assim, se uma das partes signatárias do acordo fosse vítima de ação bélica, a outra parte não prestaria qualquer tipo de ajuda a essa terceira potência. Estava aberta a porta para a invasão da Polônia, o que aconteceria às 05h. e 45min. de 1º de setembro do mesmo ano. E, consumada a conquista, os germânicos ficam com a metade ocidental da Polônia e os russos com a metade oriental. Diante desse quadro, pode-se falar em “ideologia de esquerda ou de direita”? A verdade histórica é que as ditaduras não têm ideologia. Seus líderes aproveitam-se de crises pontuais e surgem como “salvadores da pátria e do povo”. Revelam-se arbitrários e cruéis, desprezando quaisquer valores morais, para conservarem o Poder. Já responderam pelos nomes de Hitler e Stalin, hoje, chamam-se Maduro e Assad e ignoram o significado da palavra ideologia. No mundo contemporâneo, “direita” e “esquerda” querem, basicamente,  a mesma coisa: melhores condições de vida para todos, melhor  saúde, melhor educação, melhor moradia O que os distingue é a metodologia: a direita, apoiada na história, quer o Estado mínimo, por sabê-lo péssimo gestor. A esquerda, ainda presa ao utopismo, quer o Estado presente, protecionista. Todavia, ambos, direita e esquerda, unem-se em torno da liberdade, este bem superior, sem o  qual o ser humano não consegue viver e qualquer ideologia desfalece.

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