Luiz Felipe Pondé, o mais brilhante filósofo brasileiro
contemporâneo, afirma que, no futuro, os dias atuais serão conhecidos como a “era do ressentimento”, por ser esse
sentimento negativo o que predomina nas relações individuais e coletivas. Não
ouso discordar de Pondé, quando vejo os confrontos, no Rio de Janeiro, as
manifestações de agressividade, entre o Presidente dos Estados Unidos e o
maluco da Coréia do Norte, o “nós”
contra “eles”, que se instalou na
Venezuela e, até, no Brasil. E esse ressentimento se exacerba nas relações
individuais, quando torcedores de um clube agridem os adversários, ou, até
mesmo, quando se entra em ebulição, por mera questiúncula de trânsito. Todavia,
ao lado do ressentimento, outra marca registrada do ser humano moderno é a
omissão. Voltados para o próprio umbigo, transferimos para Deus - os que creem
nele - ou para o governo a solução dos problemas. Outro dia, assisti a um “especial” sobre o Betinho e sua
incessante luta para amenizar o problema da fome, da miséria que assola milhões
de brasileiros. Exemplo que deveria ser seguido. De quando em vez, em época de
calamidades, pessoas se reúnem para ajudarem os desafortunados. Depois, cada um
que se vire. Todavia, não é só no campo assistencial que se identifica a
omissão. A população foi às ruas, exigindo o impedimento de Dilma. Obtivemos o
resultado almejado e dai? Voltamos para casa, esperando que os problemas, só
por aquela manifestação, estivessem resolvidos. Agora mesmo, tramita pelo Congresso Nacional,
projeto de reforma política, fundamental para a consolidação de nossa
debilitada democracia. Ante o silêncio das entidades de classe – e, aqui,
incluo a Ordem dos Advogados -, ao que tudo indica, vão empurrar na conta do contribuinte a verba
destinada às campanhas eleitorais, a bagatela de 04,2 bilhões de reais, isto em
um País que não há recursos para a saúde e o aumento dos servidores públicos é suspenso. Daqui a pouco, chegará
ao Congresso a Reforma da previdência, cujo ônus maior sobrará para a parte
politicamente menos influente dos assalariados. A reforma já excluiu os
militares, parece que excluirá os membros do Poder Judiciário, um “chega pra lá” no princípio da isonomia,
esta grande mentira, esculpida em nossa Constituição. Vejamos o caso do Estado
do Rio, destruído, moral e financeiramente, pela dolosa inércia administrativa
de seus governantes. A população daquele Estado, suas entidades representativas
já deveriam ter saído às ruas, exigindo intervenção federal, naquele Estado.
Todavia, contentam-se todos com a fugidia presença das forças armadas, enquanto
as organizações criminosas vão solidificando seu poder e dominando as cidades.
Costuma-se dizer que o brasileiro é um povo cordial. Pois é exatamente esta
cordialidade que nos torna reféns da imoralidade política, que vai nos
remetendo para os últimos lugares, em termos de segurança e condições mínimas
de vida humana digna. Neste caso, “cordialidade”
torna-se sinônimo de “submissão”.
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