segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Por causa do dia dos pais



Acho meio piegas falar sobre o “dia dos pais”, comemorada ontem, até porque, sabemos, todas essas datas foram criadas pelo comércio, objetivando impulsionar vendas. Confesso minha ignorância por não saber se tal comemoração também acontece em outros países, ou se é privilégio do Brasil, pródigo em criar efemérides. Há muitos anos, advoguei para grande indústria de lingerie (que, mais tarde, seria engolida pela concorrência predatória do produto chinês), cujo dono teve a ideia de criar o “dia da amante”. Gastou grana preta em publicidade, mas a data, por motivos óbvios, não decolou. Depois, tentaram criar o “dia da sogra”. Também, não deu certo e nem poderia dar, por falta de pessoas, suficientemente masoquistas. Não estou a dizer, com isto, que todas as sogras sejam desprezíveis. Minha esposa, por exemplo, é sogra ideal:  não visita os filhos casados (a não ser, após insistentes convites e com dia e hora marcados) e está disponível para cuidar dos netos, muito mais por estes, é claro, que enchem de alegria – e barulho – a casa, onde até os cachorros são ou estão ficando velhos. Mas, voltemos ao dia dos pais. Para mim, que tenho os filhos presentes, sempre carinhosos, não faz muita diferença, mas penso nos pais separados, que tiram esse dia especial para estar com os filhos, levando-os a parques e restaurantes. É pena que, em separação – tantas  as fiz – principalmente quando o ressentimento aflora, os filhos sejam colocados, em plano inferior à divisão de bens ou à fixação de pensão alimentícia. Tenho, para mim, como absolutamente sem sentido, o casamento sem filhos, concebidos  ou adotados.  Ver o filho nascer, dar os primeiros passos vacilantes, conviver com seus ganhos e perdas, até, finalmente, bater asas em busca de outro ninho, é privilégio do qual não se pode abrir mão. Somos criados para isto e,  penso, só isto justifica nossa vida. O “dia dos pais”, pode  ser dia de tristeza ou alegria. Depende apenas de nós, do afeto que damos aos filhos, do exemplo que damos aos filhos, das limitações, que estabelecemos, para que eles possam entender o real sentido da vida. Tenho, para mim, - e repito como mantra – que o único amor verdadeiro, porque não exige reciprocidade, é o do pai e da mãe, em relação ao filho.
Ontem na missa, agradeci a Deus o privilégio de ser e estar pai, em todos os momentos de minha vida. Rezei, também, pelo meu pai, que me deixou tão cedo e por amigos e conhecidos que tiveram a desventura de enterrar seus filhos.

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