Tenho o sono como invencível inimigo. Durmo mal, mesmo
tomando remédio. Não importa a hora que vá
dormir – nunca antes da meia noite -, impreterivelmente, às quatro da madrugada,
acordo. Aprendi, depois de amargar seguidas derrotas, que não adianta lutar com
o travesseiro... ele sempre vence. Assim, resolvi transformar esses reveses em
vantagem. Mudo de quarto – o voo dos filhos deixou-nos grávidos deles -, ou
ligo a televisão ou me ponho a ler. A TV, pela madrugada, nos canais fechados,
exibe excelentes filmes antigos. Na semana passada, vi, pela enésima vez, “Cantando na Chuva” e “Vitor ou Vitória”, ingênuos, deliciosos
e relaxantes filmes, sem violência, sexo ou heróis com super poderes. Quanto a livros, os dois últimos prenderam-me
até o amanhecer. “quatro vidas de um
cachorro” narra a história de um cão que, após renascer quatro vezes, em
locais diferentes, mas sempre preso à primeira encarnação, ao final, descobre a
razão de tantas vidas. Há pessoas boas e más, circulando pelo enredo, mas ele,
o cão e seu primeiro dono são os personagens principais. O final é emocionante
e eu, na idade provecta, quando se chora por qualquer motivo, desmanchei-me em lágrimas. Apenas ainda não me decidi se
gostaria de ser o dono do cão, ou o próprio. O segundo livro, “Os meninos que enganavam nazistas”, li,
em duas madrugadas seguidas. Confesso que cheguei a ansiar por perder o sono,
para ganhar a leitura. É a história real de dois meninos, judeus franceses, que,
com muito engenho, conseguem, por quatro anos, durante a ocupação da França
pela Alemanha nazista, escaparem da Gestapo. Nessa fuga, a pé, de trem, de
bicicleta, absolutamente sozinhas, vão
de Paris à Riviera Francesa e desta aos Alpes. Haja fôlego e coração para
acompanhá-los num emoção contínua.
Recomendo os dois livros, seja para os perdidos na madrugada,
como eu, seja para os que podem fazer seu tempo a qualquer tempo. O fato é que,
com este problema de sono, ou melhor de não sono, separei livros para serem
lidos, ou antes de dormir ou madrugada a fora.
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