quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Das vantagens da insônia



Tenho o sono como invencível inimigo. Durmo mal, mesmo tomando remédio. Não importa a hora que  vá dormir – nunca antes da meia noite -, impreterivelmente, às quatro da madrugada, acordo. Aprendi, depois de amargar seguidas derrotas, que não adianta lutar com o travesseiro... ele sempre vence. Assim, resolvi transformar esses reveses em vantagem. Mudo de quarto – o voo dos filhos deixou-nos grávidos deles -, ou ligo a televisão ou me ponho a ler. A TV, pela madrugada, nos canais fechados, exibe excelentes filmes antigos. Na semana passada, vi, pela enésima vez, “Cantando na Chuva” e “Vitor ou Vitória”, ingênuos, deliciosos e relaxantes filmes, sem violência, sexo ou heróis com super poderes.  Quanto a livros, os dois últimos prenderam-me até o amanhecer. “quatro vidas de um cachorro” narra a história de um cão que, após renascer quatro vezes, em locais diferentes, mas sempre preso à primeira encarnação, ao final, descobre a razão de tantas vidas. Há pessoas boas e más, circulando pelo enredo, mas ele, o cão e seu primeiro dono são os personagens principais. O final é emocionante e eu, na idade provecta, quando se chora por qualquer motivo, desmanchei-me em  lágrimas. Apenas ainda não me decidi se gostaria de ser o dono do cão, ou o próprio. O segundo livro, “Os meninos que enganavam nazistas”, li, em duas madrugadas seguidas. Confesso que cheguei a ansiar por perder o sono, para ganhar a leitura. É a história real de dois meninos, judeus franceses, que, com muito engenho, conseguem, por quatro anos, durante a ocupação da França pela Alemanha nazista, escaparem da Gestapo. Nessa fuga, a pé, de trem, de bicicleta, absolutamente  sozinhas, vão de Paris à Riviera Francesa e desta aos Alpes. Haja fôlego e coração para acompanhá-los num emoção contínua.
Recomendo os dois livros, seja para os perdidos na madrugada, como eu, seja para os que podem fazer seu tempo a qualquer tempo. O fato é que, com este problema de sono, ou melhor de não sono, separei livros para serem lidos, ou antes de dormir ou madrugada a fora.

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