Esta tal de ‘’rede social’’ é mesmo coisa de maluco! Quando
dei vida a meu ‘’blog’’, a pretensão não passava de amigos, conhecidos e
clientes, que tivessem paciência para lerem meus despretensiosos escritos.
Passados cerca de três anos, meu universo de seguidores ultrapassou a casa de
milhares, com a chegada de desconhecidos que se tornaram íntimos, que entram em
contato, seja para me espinafrar – principalmente por minhas posições políticas
-, seja para imerecidos elogios a minha tosca pena. É claro que credito este
meu crescimento a meu querido e suspeitíssimo amigo, José Paulo de Andrade que,
de quando em vez, faz referencia a meus escritos, em seu prestigiado programa
na Rádio Bandeirantes. A amizade, principalmente uma tão longeva como a nossa,
traz estas cumplicidades. Orgulha-me usufruir do carinho de José Paulo,
considerado pelo meu estimado Delfim Netto como o mais brilhante e equilibrado
jornalista do rádio e da televisão. Mas não estou aqui para falar do Zé Paulo,
que tenho pouco pano para tanto lustro. É que, ainda ontem, recebi e-mail,
vindo do sul, de alguém, sugerindo-me que fizesse seleção de meus escritos e os
transformasse em livro. Confesso que a idéia já me passou pela cabeça e tenho,
até, um romance, quase pronto, interrompido por falta de motivação e por culpa
deste inverno, que se prolonga, escondendo as coxas e me encolhendo, em todos
os sentidos. Além do mais, como tenho obsessão por livrarias, sempre que as
percorro, bate-me tristeza por ver o decadente caminho dos livros. Ao início,
expostos na seção de ‘’novos lançamentos’’, vão, gradualmente, perdendo espaço,
até serem colocados, lá no fundo e oferecidos com descontos de até 50%. Dali,
seus destinos serão os ‘’sebos’’, cheirando a mofo. Fico a imaginar as horas gastas
pelo autor, criando personagens, lugares, situações, misturando tudo e sonhando
ter, finalmente, criado uma obra de arte, que ganhará as ruas, gerará comentários,
dividirá opiniões e, quem sabe, viajará pelo mundo, em estrangeiras traduções.
Pois aquele sonho terminou ali, junto a companheiros inglórios, oferecidos, um
por dois, três por cinco, tal qual meias e soutiens de camelô. Porisso, sempre
que me arrebata a vontade de parir um livro, dou uma passada pelos sebos da
Praça João Mendes, a contemplar abandono dos livros e das ‘’jovens putas da
tarde’’, postadas à porta das sujas livrarias. É quando aborto a idéia
pretensiosa de publicar livro e retorno à mediocridade destes poucos escritos.
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