Recebo, de diletíssimo e longevo amigo, e-mail sobre a
matéria, que postei, outro dia, no meu ‘’blog’’. Falou de sua pouca credulidade
de que, com a chegada de Temer à Presidência, ocorram as mudanças políticas que
previ (ou sonhei). Meu amigo sabe das coisas, não fora um dos mais importantes
jornalistas do País, elogiado, tanto à esquerda, quanto à direita, pela sua
competência e equilíbrio. Respondi-o, citando o filosofo Tiririca: ‘’pior que
está, não fica’’. Mas é o tal negócio de se ficar velho e virar testemunha
ocular da historia: é inevitável comparar o passado com o presente. No plano
puramente pessoal e talvez movido mais pela emoção, constato que, se o mundo
evoluiu – e muito -, no plano tecnológico, o ser humano, principalmente, o
homem público, involuiu, em termos de caráter. Lacerda, Almino Afonso,
Tancredo, Montoro, Ulysses, homens que praticavam a política, no sentido maior
do termo, jamais se valendo dela, para obtenção de vantagens indevidas, deles
não os há mais. Vivemos tempos de egocentrismo e ressentimento, tempos do
salve-se quem puder, desde que eu me salve primeiro e melhor. Exemplo? O jogo
está, reconhecidamente, perdido para Dilma e seus aliados. Poderia ela,
espontaneamente, retirar-se de cena, dando espaço para que outro, recompondo a
confiança perdida, pelo menos tente reconstruir o País. Todavia, misturando
egoísmo e ressentimento, ela adota a estratégia da ‘’terra arrasada’’,
colocando pedras no caminho de quem vai assumir o Governo, conclamando seus
seguidores a promoverem a desordem, através da destruição do patrimônio
público, da obstrução de estradas e vias públicas. Cegos, pelo egoísmo e pelo
ressentimento, Dilma e seus parceiros não enxergam que essas pedras, salpicadas
ao longo do caminho, serão removidas às custas da população, que fica impedida
de chegar ao trabalho, por causa das estradas e avenidas obstruídas, de cujo
bolso, através de tributos, sairão os recursos necessários à recuperação do
patrimônio público destruído. Jango, mesmo instigado pelos seus acólitos,
recusou-se a promover uma guerra civil. Com todos os seus defeitos, era despido
de egoísmo e ressentimento, tanto assim que, anos depois, reuniu-se com seu
principal algoz, Carlos Lacerda, na tentativa de recuperar a democracia,
rompida, em 31 de março de 1964. Eram tempos de civismo e prevalência do
interesse público, substantivos suprimidos dos dicionários dos políticos
atuais. E merece observar que esses males não atingem apenas a nós,
subdesenvolvidos. Exemplo? A maior e mais importante nação do mundo tem, como
dolorosa alternativa, escolher, para ser seu Presidente, o megalomaníaco Donald
Trump e a desastrada Hilary Clinton.
Volto a meu querido amigo: se nós, mais velhos, somos tomados
pela incredulidade, pelo menos como mensagem aos jovens, temos que manter acesa
a chama da esperança de que a mudança, que, em poucos dias, ocorrerá no cenário
político, traga melhores dias para nosso desafortunado País.