sexta-feira, 29 de abril de 2016

Para falar em esperança


Recebo, de diletíssimo e longevo amigo, e-mail sobre a matéria, que postei, outro dia, no meu ‘’blog’’. Falou de sua pouca credulidade de que, com a chegada de Temer à Presidência, ocorram as mudanças políticas que previ (ou sonhei). Meu amigo sabe das coisas, não fora um dos mais importantes jornalistas do País, elogiado, tanto à esquerda, quanto à direita, pela sua competência e equilíbrio. Respondi-o, citando o filosofo Tiririca: ‘’pior que está, não fica’’. Mas é o tal negócio de se ficar velho e virar testemunha ocular da historia: é inevitável comparar o passado com o presente. No plano puramente pessoal e talvez movido mais pela emoção, constato que, se o mundo evoluiu – e muito -, no plano tecnológico, o ser humano, principalmente, o homem público, involuiu, em termos de caráter. Lacerda, Almino Afonso, Tancredo, Montoro, Ulysses, homens que praticavam a política, no sentido maior do termo, jamais se valendo dela, para obtenção de vantagens indevidas, deles não os há mais. Vivemos tempos de egocentrismo e ressentimento, tempos do salve-se quem puder, desde que eu me salve primeiro e melhor. Exemplo? O jogo está, reconhecidamente, perdido para Dilma e seus aliados. Poderia ela, espontaneamente, retirar-se de cena, dando espaço para que outro, recompondo a confiança perdida, pelo menos tente reconstruir o País. Todavia, misturando egoísmo e ressentimento, ela adota a estratégia da ‘’terra arrasada’’, colocando pedras no caminho de quem vai assumir o Governo, conclamando seus seguidores a promoverem a desordem, através da destruição do patrimônio público, da obstrução de estradas e vias públicas. Cegos, pelo egoísmo e pelo ressentimento, Dilma e seus parceiros não enxergam que essas pedras, salpicadas ao longo do caminho, serão removidas às custas da população, que fica impedida de chegar ao trabalho, por causa das estradas e avenidas obstruídas, de cujo bolso, através de tributos, sairão os recursos necessários à recuperação do patrimônio público destruído. Jango, mesmo instigado pelos seus acólitos, recusou-se a promover uma guerra civil. Com todos os seus defeitos, era despido de egoísmo e ressentimento, tanto assim que, anos depois, reuniu-se com seu principal algoz, Carlos Lacerda, na tentativa de recuperar a democracia, rompida, em 31 de março de 1964. Eram tempos de civismo e prevalência do interesse público, substantivos suprimidos dos dicionários dos políticos atuais. E merece observar que esses males não atingem apenas a nós, subdesenvolvidos. Exemplo? A maior e mais importante nação do mundo tem, como dolorosa alternativa, escolher, para ser seu Presidente, o megalomaníaco Donald Trump e a desastrada Hilary Clinton.

Volto a meu querido amigo: se nós, mais velhos, somos tomados pela incredulidade, pelo menos como mensagem aos jovens, temos que manter acesa a chama da esperança de que a mudança, que, em poucos dias, ocorrerá no cenário político, traga melhores dias para nosso desafortunado País.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Patrulha Ideológica volta a atacar

Nem ainda o Senado decidiu sobre o afastamento, provisório ou definitivo da Presidente Dilma e a ‘’patrulha ideológica’’ já começou a deitar suas garras sobre Michel Temer. Não é que na 2ª feira, no programa ‘’Roda Viva’’, jornalista, acho que da ‘’Folha’’, investiu-se sobre o entrevistado, Senador Romero Jucá, querendo induzi-lo a afirmar que considera inconveniente a escolha do advogado, representando cliente, envolvido na operação ‘’lava jato’’ para o Ministério da justiça? Por obvio, a pergunta indutora tinha endereço certo: é que a mídia da semana passada anunciou, como possível titular daquela Pasta, o nome de Antonio Claudio Mariz de Oliveira, advogado pessoal de Temer. Mariz, além de criminalista de renome nacional, ostenta, em seu vasto currículo, ter sido Presidente da Ordem dos Advogados, seção São Paulo e Secretário de Segurança Pública do Estado, cargos e funções que exerceu com competência e seriedade. O fato de ter cliente, envolvido na ‘’lava jato’’, decorre de sua notória capacitação e, desse fato, não se pode fazer a ilação de que, tornado Ministro da Justiça, procurará influenciar a Policia Federal a agir de acordo com seus interesses profissionais. Tal conclusão constitui rotunda desonestidade intelectual e só pode ser atribuída a ‘’patrulhamento’’. No debate desta matéria, duas reflexões devem ser feitas: a Polícia Federal, principalmente a que integra a ‘’lava jato’’, trabalha infensa a qualquer influencia, tanto assim é que, preventivamente, Temer já anunciou que dará todo o apoio àquela operação. Por outro lado, afastada a possibilidade de membro do Ministério Público e, com mais razão, do Poder Judiciário ocuparem a Pasta da Justiça, é altamente conveniente que tal Ministério seja confiado a um advogado, de competência e probidade reconhecidas. Mariz é do ramo, como advogado criminalista de várias décadas de diuturna atuação e com profícua gestão à frente da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Se Mariz for o escolhido, Temer terá levado um craque para seu time.

Esclareço que as considerações, aqui contidas, não envolvem qualquer interesse pessoal, vez que o único vínculo que me prende a Mariz é o fato de ter sido ele meu ‘’calouro’’, na Faculdade de Direito da PUC/SP.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Temer e o privilegio de ter Delfim a seu lado

Quem entra no escritório do Professor e ex - Ministro Delfim Netto, verá, na sala, à direita, um pôster, com trechos de pensamento, por ele exteriorizado, no longínquo ano de 1972, onde faz apologia do desenvolvimento, mas asseverando que o mesmo exige dedicação ao trabalho e sacrifícios. E Delfim, com quem tenho o privilégio de, eventualmente conviver, transformou suas palavras em concretas ações de vida. Prestes a completar 88 anos, mantém invejável lucidez e inesgotável capacidade para o trabalho: chega ao escritório antes das 8 horas, concede entrevistas, aconselha empresários e investidores, escreve para jornais e revistas, profere palestras, mantendo, sempre, sua verve aguçada. Despido de preconceitos ideológicos, pensa, prioritariamente, o Brasil, razão pela qual foi ‘’guru’’ da equipe econômica de Lula e apoiou Dilma, ate que ela ‘’meteu os pés pelas mãos’’. Na semana passada, almoçou com Michel Temer, de quem é amigo de larga data. Afinal, foram Constituintes juntos. No dia subseqüente ao almoço, Delfim concedeu entrevista ao ‘’Estadão’’, por certo, resumo de sua conversa com o quase Presidente. De novo, repetindo seu ‘’poster’’, previu que a retomada do desenvolvimento exigirá, de todos, dedicação ao trabalho e sacrifícios. Michel Temer, homem de fino trato, jurista reconhecido e político experiente, deve ter assimilado os aconselhamentos de Delfim. Vai enfrentar uma ‘’pedreira’’, que somente poderá ter sua demolição encetada, se contar com a confiança dos diversos segmentos da sociedade, que sabe e até aceita fazer sacrifícios, desde que esses comecem pelo próprio governo. A significativa redução do numero de Ministérios – não mais do que 15 são necessários – e, conseqüentemente, a extinção de milhares de cargos e confiança e funções gratificadas, já é um bom começo. Uma equipe, de reconhecida capacitação técnica, sem o ‘’toma lá dá cá’’, marca registrada da nefasta era lulopetista, restaurará a confiança perdida e, com o indispensável apoio da população, possibilitará o encaminhamento de reformas essenciais, como a previdenciária, tributária e trabalhista. Como bem salientou Delfim, em sua entrevista ao ‘’Estadão’’, Temer, tal qual Itamar o fêz, tem tudo para escrever seu nome, com brilho, na historia do Brasil. De se lamentar que Temer não poderá contar com o ‘’jovem’’ Delfim que, no próximo 1º de maio, completará 88 anos, que começou como ‘’office boy’’ da ‘Gessy Lever’’ e se transformou em uma das maiores inteligências, a serviço do Brasil. De qualquer maneira – tenho certeza -, nos momentos de duvidas, Temer poderá dissipá-las, passando pelo austero escritório do Pacaembu e ouvindo os conselhos do Mestre.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Dilma: a terrorista de sempre

Confesso que não entendo o inconformismo da mídia com o fato de Dilma ir à imprensa internacional para dizer-se ‘’vitima de golpe’’ e assacar aleivosias contra o processo de impeachment, que transcorre, obedecendo à Constituição e às regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal. Nenhuma surpresa, porque, para ela, ‘’democracia’’ nunca passou de figura de linguagem. Na juventude, insurgiu-se contra o regime militar, não porque pretendesse devolver ao povo o direito de eleger seus governantes. Como fiel escudeira do deplorável Carlos Lamarca, seu objetivo era implantar, no Brasil, regime assemelhado ao que Fidel Castro instalara em Cuba. Procurem-na – e não a encontrarão – em qualquer foto ou filme do histórico comício das ‘’diretas, já’’. Impossível uma terrorista inconseqüente situar-se ao lado de democratas verdadeiros, como Franco Montoro, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Fernando Henrique, apenas para citar os mais notórios. Alias, o petismo, como regra, sempre abominou o jogo democrático e não foi por uma razão que, quando da eleição indireta, que elegeu Tancredo Neves, expulsou do partido o Deputado Federal Airton Soares que, contrariando a ditadura partidária, votou em Tancredo. A eleição indireta era, à época, a única via de acesso à restauração das liberdades democráticas, mas o PT queria o confronto, daí a expulsão dos que não comungavam desse objetivo. Melhor para Airton Soares, político, na acepção verdadeira do termo e que sempre foi corpo estranho, naquele infecto ninho de petistas incultos e mal intencionados. São, ainda, os mesmos petistas, que nunca aceitaram o convívio com a democracia, que, agora, chamam de ‘’golpe’’ o regular e legal processo de expulsão de Dilma da presidência. Seus reclamos, junto à mídia estrangeira, cairão no vazio, vez que todos os organismos internacionais sabem que ela e seus ‘’companheiros’’ destruíram a economia do Brasil, mergulhando-na no mais fantástico mar de corrupção da historia, razão pela qual 70% dos brasileiros apóiam o impeachment. Melhor fora que, na direção do processo, não tivéssemos Eduardo Cunha e Renan Calheiros, mas é o que temos e, na desesperadora conjuntura, em que nos encontramos, qualquer um serve para virar a negra pagina desta historia do Brasil. Ao pretender aviltar as instituições brasileiras, Dilma demonstra que continua sendo a guerrilheira de sempre: ontem, assaltava bancos; hoje assalta a honra nacional.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Michel Temer e Itamar Franco

É sempre bom viajarmos no tempo, para melhor compreendermos o momento presente. Quando Collor foi alijado da Presidência, Itamar Franco, (até então vice opaco, como Michel Temer o é), assumiu, constituiu um Ministério de bom nível e governou, sem maiores traumas, inclusive promovendo a grande reforma econômica, que culminou no ‘’plano real’’. Vivia o País, tal qual hoje, clima de insegurança jurídica e falta de credibilidade, geradas pelas denuncias de corrupção, envolvendo o então presidente Collor e sua ‘’entourage’’. Itamar colocou o País nos eixos com tal competência que elegeu seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, que fora derrotado por Janio Quadros, em eleição para a prefeitura paulistana. E, note-se, todo esse frutífero trabalho, executado por Itamar Franco, contou com a extremada oposição do PT que, inclusive, votou contra o ‘’plano real’’. Faço esta sucinta digressão histórica, apenas para destacar que Temer tem e terá condições de criar meios para superarmos a crise econômica, que nos aflige, bastando, para alcançar tal objetivo, que restaure a confiança, perdida por Dilma e promova um pacto, envolvendo a classe política, empresários e trabalhadores. Foi o que Itamar fez. Temer possui, em tese, o apoio dos dois terços da Câmara, que votou pelo impeachment. Os jornais de hoje anunciam que ele se reuniu com Aécio e Paulo Skaf, o primeiro presidente do PSDB e o segundo, presidente da FIESP. É um bom começo! A estratégia de distribuir cargos, a barganha pela barganha, ficou demonstrado que não funcionou: Dilma e Lula nomearam e prometeram nomeações e o resultado foi o que se viu. A verdade objetiva é que a operação ‘’lava jato’’ (contra a qual tenho algumas restrições, de ordem puramente jurídicas) inaugurou um novo tempo na administração pública: a indicação para um cargo, qualquer cargo, não poderá ser feita em função das vantagens indevidas que possam ser auferidas. Mesmo que renda dividendos políticos, tal indicação obedecerá ao critério da meritocracia. Esta deve ser a linha de raciocínio, a ser seguida por Temer e seus aliados. É claro que Temer enfrentará a oposição raivosa do lulopetismo. Mas este é leão que ruge cada vez menos, com suas mazelas, cada vez mais expostas, à medida que as delações premiadas revelam quão podre era o reino petista. Temer completa seu ultimo ciclo de vida e pode passar à historia como um novo Itamar. Basta querer e esperamos que queira! 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

‘’E agora, José?’’

O sol deste outono, travestido de verão, ilumina a cidade e ainda permite o magnífico espetáculo de coxas torneadas, a alegrar os olhos. Todavia, esta não é uma 2ª feira qualquer, de um outono-verão qualquer. Ontem, o País viveu uma festa cívica, mas a festa acabou e há que se pagar o preço de tão esplendoroso acontecimento. A batalha, travada na Câmara Federal, revelou um Governo esfacelado que, malgrado todo o empenho, distribuindo cargos e verbas, não conseguiu mais do que 27% de apoio dos deputados. Isto, na prática, significa que nenhuma medida por ele, governo, a ser tomada e que dependa do Congresso, logrará êxito. A radicalização foi tão absurda, que impossível falar em um pacto de salvação nacional. Excepcionaliza-se a regra de que, em política, não há inimizades definitivas. Agora, há, principalmente porque o Planalto ameaçou formar milícia armada para fazer prevalecer sua vontade. E, agora, como ficamos, diante desta preocupante ambivalência? Temos uma Presidente, de direito, que não mais governa e um Presidente, que, por ainda não presidir, está impossibilitado de apresentar seu projeto – se é o que tem – de recuperação nacional. Entramos, assim, em um vácuo de poder, com sérias possibilidades de agravar a crise, aumentada, de um lado, porque o Supremo Tribunal Federal, definitivamente politizado, despido está de exercer um poder moderador. Ao contrario, se depender de seu Presidente, petista de carteirinha e do aloprado Ministro Marco Aurélio, pode-se esperar novos antagonismos. De outro lado, a operação ‘’laja jato’’, com novas delações premiadas, provocará novas baixas no petismo e no que, até ontem, era a ‘’base aliada’’ do governo. Volto a perguntar: e nós, a população do País, como ficamos? A Presidente Dilma afirmou que, se fosse derrotada, seria ‘’carta fora do baralho’’, o que, para os ingênuos, como eu, dava a entender que renunciaria. Tolice imaginá-la praticar tal ato de grandeza. Ontem mesmo, consumada a derrota, seu lugar-tenente, José Eduardo Cardoso, com muito ‘’chororô’’, anunciou que ‘’a luta continua’’. Ouça-se: agora é a hora e vez de tentar barganhar com o Senado, ou tentar, através dos Ministros-petistas, que o Supremo tire algum coelho da cartola. Enquanto isto, perdura o clima de incerteza, que subtrai investimentos e gera desemprego. Mas, para este melancólico governo, que agoniza, sem honra nem gloria, os interesses do povo são mero detalhe, sem qualquer relevância. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Hora de Partir, Hora de Chegar.



Deitado, naquela desconfortável cama de hospital, ele apenas via vultos e vozes, que não conseguia identificar. Lembrava-se, apenas vagamente, do caminhão que, surgindo na contra-mão, colidiu com seu carro. Depois do barulho, o silencio. Não sentia dor, apenas a impossibilidade de identificar e ouvir as pessoas que se aproximavam da cama e balbuciavam coisas, meros ruídos. Nem mesmo se esforçava por tentar mover-se. Sabia que era inútil. De quando em vez, mergulhava na inconsciência. Era quando vinham flashes do passado: ele, menino, tomando banho no rio de águas barrentas; ele, naquela manha de verão, salvo de morrer afogado no mar da barra. De repente, as imagens se apagavam e ele voltava a navegar no escuro. De quando em vez, voltava às vozes e aos vultos. Um dia – ou uma noite – sonhou com a mãe, ela, com aquele eterno xale no pescoço, rindo para ele e estendendo-lhe a mão, a chamá-lo. Ele estendeu as suas e as viu esquálidas, pintadas de manchas senis. Pouco a pouco, pôs-se de pé e seguiu sua mãe, que apenas sorria. As mãos recuperaram a juventude e ele, sem esforço ou cansaço, sempre em silencio, andava, pela areia de uma praia sem fim, as ondas quebrando e, suavemente, lambendo-lhe os pés descalços. Um cão negro, de grande porte, correndo, veio a seu encontro. Era Nero, seu companheiro de infância, que dormia ao pé da cama. O cão cheirou-o, enroscou-se entre suas pernas, exatamente como fazia, quando vadiavam pelas ruas da pequena cidade do interior. Quis abraçá-lo, mas ele desvencilhou-se e passou a correr em volta dele, sem emitir qualquer som. Nenhum ruído, apenas o bater suave das ondas do mar. De repente, após fazer uma curva, sempre guiado pelas mãos da mãe, viu varias pessoas que, à medida que se aproximava, formavam uma grande roda. Começou, pouco a pouco a identificá-las: lá estava o tio Mario que, em criança, levava-o, de bicicleta, para o grupo primário; lá estava sua tia Rosa, em cuja casa sempre havia um delicioso frango com batata; e seus irmãos, o que, julgando-se tenor, cantava trechos de ópera e o outro, alma e vida de boêmio, sempre chegando e partindo; lá estava Fred que, impreterivelmente aos sábados, chegava em sua casa para o aperitivo do almoço; e olha seu amigo Newton que, com ele, nas férias escolares, ambos já no colegial, dividiam a mesa de pôquer; e o Nelson, seu amigo desde primeiro ano de Faculdade; e Lídia, a miúda empregada de sua casa, que tinha a estranha mania de vestir varias roupas, umas sobre as outras; e o Frei Brás, com quem todos gostavam de se confessar, porque ele era surdo. Sua mãe – sempre sorrindo – conduziu-o até o centro da roda, onde estava o pai, com o largo pijama listrado e o cigarro pendurado a um canto da boca. A roda se fechou, os três se abraçaram e só então ele entendeu que morrera e chegara a ‘’seu’’ paraíso: pessoas amadas, mortas como ele, reunidas, em uma praia, sob o sol de verão.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Finalmente, a Presidente fala a verdade



Em discurso, pronunciado no Palácio do Planalto, de larga data, transformado em palanque, já que a Presidente, execrada por 90% da população, não pode vir a público, com a desarticulação de sempre (parece que Dª Dilma exagera no ‘’lexotan’’ e no ‘’prosac’’), afirmou ela, com exatidão que ‘’o golpe não é somente contra mim, mas, também, contra nosso projeto de governo’’. Confesso que não tenho qualquer preconceito, quanto ao uso do substantivo ‘’golpe’’. Em 1964, um movimento cívico-militar apeou do Poder um Presidente, cuja incompetência administrativa levava o País para o caos econômico e para a balburdia e esse movimento, apesar de revestido de apoio popular, foi, para diminuí-lo, chamado de ‘’golpe’’. Todavia ele perdurou o tempo necessário para recompor o progresso e a soberania do Brasil, como País democrático e independente. Agora, a grande verdade, dita por essa nefasta Presidente, é que o ‘’golpe’’, que, diga-se de passagem, nasceu de um petista histórico, ‘’é contra nosso projeto de governo’’. Finalmente, reconhecido o objetivo de milhões de pessoas, que saíram às ruas, no último 13 de março. O projeto do lulopetismo – do qual Dilma é instrumento menor – é transformar a ‘’coisa pública’’, em patrimônio particular. E, para viabilizar esse malsinado projeto, vale tudo, até mandar matar correligionários. Não me falem que Dilma é pessoalmente honesta. Aprendi, no 2° ano da Faculdade, que quem, de qualquer forma, concorre para o crime, sujeita-se às penas a ele cominadas. Chama-se, em Direito Penal, de ‘’co-autoria’’. Pois Dilma não presidia o Conselho da Petrobrás, quando esse mesmo Conselho aprovou a compra da Refinaria de Pasadena, dando à Empresa um prejuízo da ordem de 500 milhões de dólares? Não era Dilma Ministra da Casa Civil, quando, na sala ao lado, sua chefe de gabinete, Erenice Guerra, montava incontáveis maracutaias? Com a efetiva ajuda de quem, senão de Dilma, o ex-presidente Lula dava ordens ao BNDES, liberando polpudas verbas para construtoras e empresas, capitaneadas pelo senhor Bumlai? Dilma jamais estranhou que o filho de Lula passasse de limpador de estrume de elefante, no zoológico de São Paulo, a mega empresário, no setor de telefonia? Dilma, nem por curiosidade, perguntou a seus tesoureiros de campanha, de onde vinham os milhões, despejados pelas Construtoras? Dilma, nem por um minuto, perguntou-se a si mesma por que se gastavam bilhões de reais, na construção de estádios de futebol – Manaus, Cuiabá, etc. – onde nem mesmo havia times de ponta? E não estranhou mais que esses estádios estavam sendo construídos em cidades, onde mais da metade da população não dispõe de rede de água e esgoto? Onde estava Dilma, quando o Presidente Lula negociava Medida Provisória com montadora de veículos? Jango era, pessoalmente, honesto. Seu único vicio (que, longe de mim, considerar vicio) era percorrer as vedetes de Carlos Machado. Mas Dilma, pessoalmente, honesta, é pura bazófia. Volto ao Código Penal, mais precisamente, no artigo 18,I: ‘’diz-se o crime: doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo’’. Lula sempre ‘’quis o resultado’’ (apropriar-se da coisa pública); Dilma, na melhor das hipóteses, ‘’assumiu o risco’’. Assumiu o risco, ao aprovar a compra de ‘’Pasadena’’; assumiu o risco quando não questionou a origem dos milhões, despejados em sua campanha; assumiu o risco, ao não questionar os bilhões desperdiçados em inúteis estádios de futebol. Agora, apenas para esclarecer, a pena é a mesma tanto para quem ‘’quer o resultado’’, quanto para quem ‘’assume o risco de produzi-lo’’. Este é o projeto de Poder de Dilma e seus comparsas. E, exatamente, por conta desse criminoso projeto, que gera inflação, desemprego, que subtrai nossa dignidade, como povo e como nação, esperamos – com muita desconfiança – que o Congresso decida pelo impeachment da Presidente. Quanto às ‘’pedaladas fiscais’’, assemelha-se ao caso de ‘’Al Capone’’: não se lhe conseguia punir pelos homicídios praticados, pelo trafico de drogas e bebidas praticados. Finalmente acabou preso por sonegação fiscal. O importante era tirá-lo de circulação. É tudo que precisamos: fazer com os protagonistas desta abominável farsa-projeto de poder, sejam, definitivamente postos para fora.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A Hora e a Vez das Forças Armadas

Em ato político, realizado anteontem, no Rio de Janeiro, Lula, mais uma vez, desrespeitando as instituições, conclamou seus ‘’companheiros’’ a resistirem à possibilidade de o plenário da Câmara Federal aprovar a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma. Protegido pela esdrúxula decisão do Ministro Teori Zavaski, que o tirou da alça de mira do Juiz Sergio Moro, Lula ocupa suíte em luxuoso hotel de Brasilia, de onde negocia cargos e verbas, em troca de apoio a Dilma. Lula não integra o governo, mas fala em nome dele e seria oportuno perguntar quem paga as despesas desse escritório improvisado. Todavia, nada mais que Lula faça causará estranheza: seu nível de desfaçatez e desonestidade chegou a seu ponto máximo e, em país minimamente sério, já teria tido sua prisão provisória, - preventiva ou temporária – decretada. Mas um Ministro do Supremo, com ar de austero, por desconhecidos motivos e pueris argumentos jurídicos, resolveu ‘’blindá-lo, dando-lhe autorização para aviltar o próprio Poder Judiciário e defender, com unhas e dentes, um governo já abatido. Sabe, ele, Lula, que, se o impeachment passar, talvez nem a mão protetora do Ministro Teori salva-lo-á da prisão, tantos foram os atos ilícitos por ele praticados. Ao invés de provar sua inocência, Lula se insurge contra a Imprensa, que noticia seus desvios de conduta. Ao invés de contestar as provas, produzidas contra ele, acusa a operação ‘’lava jato’’ de ser instrumento de interesses internacionais que querem avançar sobre a Petrobrás, logo ele, que mais contribuiu para dilapidar o patrimônio da empresa. Entretanto, o que mais chamou atenção, no ato político do Rio, foi a incitação à luta armada, feita pelo nefasto José Stedile, líder do MST, que convocou seus aliados a ocuparem as praças, as Assembléias Legislativas e até a praia de Copacabana, para deflagrarem ação armada, caso o impeachment seja aprovado. Por certo, as Forças Armadas, que têm o dever constitucional de defender as instituições, garantindo a segurança nacional, devem ficar de prontidão para repelir as agressões anunciadas. Quem é minimamente informado sabe que o lulopetismo tinha e tem um projeto de, a qualquer preço, perpetuar-se no Poder, restringindo as liberdades individuais, o direito de expressão e o interesse publico. O modelo do lulopetismo é o que se acha implantado na Venezuela e, de larga data, em Cuba. As Forças Armadas, que nunca faltaram ao Brasil, em momentos de crise, deverão ficar atentas. Os brasileiros, que não aceitam esses canalhas, que roubaram o dinheiro e a dignidade do País, esperam que as Forças Armadas cumpram seu dever.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Um desgastado debate



O debate, que agora se trava, é saber porque a esquerda vem perdendo força e a direita vem se consolidando, inclusive na America Latina, com Macri, na Argentina e Keiko Fujimori (ou Pedro Kuczynksi), no Peru. A resposta se me afigura bastante simples: a esquerda, onde governou ou governa faz do assistencialismo popular sua marca registrada, violando a regra básica da economia, qual seja a de que, antes de tudo, é preciso implementar o desenvolvimento, ou, em linguagem vulgar, antes de dividir o bolo, é preciso fazê-lo. O ‘’Kerchismo’’ quebrou a Argentina, gerando a maior inflação e o maior desemprego de sua historia. O ‘’chavismo’’ idem, na Venezuela e Cuba continua no século XIX. E, para complementar, esses governos de esquerda pretendem sufocar a liberdade de expressão e se envolveram em rumorosos casos de corrupção. No Brasil, é, pelo menos precipitado afirmar que o lulismo representou um governo de esquerda. Lula, como se sabe, foi criação do General Golbery do Couto e Silva, no final do Governo Geisel, ‘’fabricava’’ greves, quando a indústria automobilística estava com excesso de produção e queda de demanda e, segundo Romeu Tuma Jr., foi informante do DOPS. Seu governo privilegiou os grandes conglomerados, especialmente os bancos, que jogaram as taxas de juros na estratosfera. Por certo, este não é o perfil de governo de esquerda, apesar dos ‘’melancias’’ suspirarem pelo ‘’Barba’’. Quanto à Dilma, difícil é fixar qualquer linha ideológica para seu governo, tal o arco de aliança, obrigada a fazer, como condição de sobrevivência. Pode-se afirmar que foi o governo do fisiologismo, onde couberam, no mesmo cesto, Jaques Vagner, Paulo Maluf e Fernando Collor. Na verdade, esta dicotomia esquerda/direita, apenas sobrevive – e na teoria – nos países subdesenvolvidos. A globalização, principalmente a econômica, fortaleceu o capitalismo, com suas vigas mestras, a livre iniciativa e a propriedade privada. Os países desenvolvidos pensam um ‘’Estado mínimo’’, cuja função é levar bem estar aos menos afortunados. Como afirmava, com bastante propriedade, Margareth Thatcher: a esquerda é muito competente para discursar, mas absurdamente incompetente para administrar. 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Ira Divina Há de Atacar Outra Vez




A TV mostra o homem, a caminhar solitário à margem da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Terá percorrido 13 quilômetros, de sua casa, até o posto de trabalho, respirando a poluição dos carros, que trafegam pelo local e sofrendo as agruras de uma temperatura, que supera os 30 graus. Mas, quem é este extravagante andarilho? Simplesmente, um soldado do Corpo de Bombeiros, daquele Estado, que, sem receber salário há vários meses, não tem dinheiro, nem mesmo para a condução e tem a extravagante dignidade de ir, a pé, para o trabalho. O mesmo programa de televisão mostra trabalhadores da área de saúde, inertes, às portas dos hospitais públicos, porque, além de, também estarem com seus salários atrasados, aqueles nosocômios, sempre pela mesma causa – falta de verba, estão deteriorados, a reclamarem reformas, sujos, a reclamarem limpeza e sem material, para atendimento aos pacientes. E, de cada 05 viaturas policiais – mostra a reportagem – 03 estão paradas, por falta de verba para combustível. Em nossa Capital, a cidade da América Latina que mais arrecada tributos, as escolas publicas municipais suspenderam o  fornecimento de alimentação aos alunos e a empresa, contratada para fazê-lo, justifica-se asseverando que a Prefeitura não paga suas faturas, inadimplência que, também, atinge a área da saúde, onde prestadores de serviço chegam a ficar 05 meses sem receber. Malgrado tudo isto, vamos sediar as Olimpíadas, para o que estão sendo construídas obras faraônicas, por certo, superfaturadas, por certo, com substancial desvio de recursos para contas de corruptores e corruptos. Também foi assim, na Copa do mundo de 2014. Como os governantes continuam achando que o povo se sacia com circo (porque nem o pão eles fornecem), gastou-se fábula de dinheiro para construir estádios de futebol, mesmo em locais, onde nem futebol há. Parte substancial desse dinheiro foi desviado, seja para locupletar os mandriões de sempre, seja para financiar campanhas políticas, inclusive da nefasta Presidente da República. Todavia, como a ira divina (na qual creio e confio) é implacável, a seleção brasileira, medíocre, foi impiedosamente batida e nosso futebol ficou menor, aos olhos do mundo. Não se enganem: a ira divina vai se os abater outra vez. Em respeito àquele bombeiro que, à pé, percorreu 13 quilômetros para chegar ao trabalho; em respeito aos funcionários da área da saúde, que não recebem seus salários; em respeito aos doentes, que não são atendidos, porque os hospitais fecharam suas portas; em respeito às crianças pobres, privadas da merenda escolar, porque o podre poder público não paga aos fornecedores,  por tudo isto competidores brasileiros hão de obter pífios resultados, nessas famigeradas Olimpíadas. 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A visita que alegra o coração



Fim de tarde, boca da noite, recebo, em meu escritório, a visita de amiga queridíssima, amizade consolidada ao longe de mais de meio século de convivência diuturna. Além de profissional de altíssimo gabarito – psicóloga – é guerreira de resistência infinita: em curto espaço de tempo, perdeu seus únicos filhos, ainda jovens, e o marido (meu companheiro de infância) e os pais. Restou-lhe a única neta, como razão de viver. Resistir, quem haveria de? Fiz-me esta pergunta incontáveis vezes e desviava o pensamento, porque era muito peso para meu pouco pensar. Falamos da vida, do tédio da velhice, da necessidade de seguir em frente. Não ousei falar de minhas perdas, ínfimas que as são, comparadas às dela. Ela gasta seu tempo, acompanhando meus escritos e diz preferir os ‘’líricos’’ aos ‘’políticos’’. Invoco Brecht: ‘’que tempo é este em que falar de flores é quase um crime, pois importa em calar sobre tantos horrores?’’ Ela ri, com seu meio sorriso habitual, discordando. Nossa amizade atravessou o tempo, malgrado abismais diferenças ideológicas. Ela crê em uma sociedade justa, digna, igualitária. Eu, cada vez mais cético, confirmo que todo o descaminho se origina no hipócrita conceito de que ‘’todos são iguais em direitos e obrigações’’, demagogia herdada da Revolução Francesa e desmentida por ela própria. Aliás, Rousseau, que foi ‘’guru’’ de Robespierre, apesar de ter falecido antes da Revolução, assevera que ‘’os homens se igualam nos limites de suas desigualdades’’, o que, com outras palavras, foi repetido por Rui Barbosa em sua ‘’Oração aos Moços’’, pronunciada cerca de três séculos depois. Eu e minha amiga pensamos mundos diferentes, o meu mais próximo do real, o dela meio chegado a um ‘’mundo de fantasia’’. Surpreendo-me que ela, que levou ‘’tanta porrada na vida’’, para repetir Fernando Pessoa, ainda acredite no ser humano bom e digno. E nisto reside sua superioridade, não se vergando ao peso de sua cruz (e que cruz!) e seguindo em frente, com a suavidade de quem caminha por estrada florida. Nossas diferenças nos unem, sempre mais e este afeto fez com que nosso papo rolasse, até que a portaria avisasse que o prédio ia fechar. Cheguei em casa de alma lavada pela água benta da inteligência meiga de minha amiga. Mesmo sabendo que ela não crê em Deus, tenho a convicção que é Ele que faz dela esta fortaleza, que aconchega as pessoas. Sou, sem dúvida, um privilegiado, por tê-la em meu mundo. 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Estamos perdendo até para a África


1.     O Presidente da África do Sul sofreu processo de impeachment, porque gastou cerca de 100 milhões de reais, de dinheiro público, na reforma de sua casa. Livrou-se, porque tem maioria no Congresso de seu país. Garante que vai devolver o dinheiro. Por aqui, nossa Presidente utiliza 200 milhões de dinheiro, sabidamente desviado da Petrobrás, para sua campanha eleitoral, além da prática de outras irregularidades, conhecidas de todos. Por certo, vai se livrar do impeachment, porque está comprando, com cargos e outras mercadorias, nossos probos deputados. Utiliza-se de uma estratégia, que me remete a minha cidade do interior: nela havia um político que, nas eleições, distribuía um par de botina a seus eleitores. Só que, para se assegurar que não seria traído, dava um pé da botina antes e o outro, depois da apuração, e apenas se fosse eleito. Na mesma linha, Dilma acertou cargos com seus aliados (Paulo Maluf, do PP; Valdemar da Costa Neto, do PR; Fernando Collor, do PTB), todos honrados e dignos companheiros.

2.     Na última segunda-feira o Ministro Marco Aurélio, o mais novo advogado da Presidente, no Supremo Tribunal Federal, participou do programa ‘’Roda Viva’’ da TV Cultura. Para começar, já é, pelo menos, estranho, juiz participar de programa de televisão, inclusive emitindo juízos de valor sobre fatos que, com toda certeza, serão a eles submetidos. Inimaginável e desconhecido comportamento de Magistrados dos países desenvolvidos. Marco Aurélio criticou o juiz Sergio Moro, detonou a operação ‘’lava jato’’ e disse que, mesmo que o impeachment seja aprovado, Dilma pode contestá-lo no Supremo. As acusações perpetradas, apesar de inconvenientes, são problema do Ministro-advogado. Quanto à possibilidade de Dilma, em sendo declarada impedida, recorrer ao Supremo, passa ele por cima do disposto no art. 52,I da Constituição Federal que assevera: ‘’compete privativamente ao Senado Federal: processar e julgar o Presidente e o  vice Presidente da República...’’ E, processo e julgamento, exatamente para se assegurar que as regras jurídicas serão observadas, são dirigidos pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. É claro que Marco Aurélio, apesar de não ser dos mais brilhantes Ministros daquela Corte, conhece e sabe interpretar o citado artigo da Constituição, todavia, como agora está investido no papel de advogado da Presidente, já começa a mostrar os caminhos para driblar eventual decisão condenatória do Congresso. Para completar, com a maior desfaçatez, Marco Aurélio afirmou que as Instituições estão funcionando, normalmente. Como diria aquele personagem do Chico Anísio: ‘’Só se for na França’’, porque, por aqui, o Poder Executivo não faz outra coisa senão negociar a derrubada do impeachment; o Poder Legislativo não faz outra coisa senão participar daquela barganha e o Poder Judiciário, principalmente representado pelo Supremo, transforma-se em órgão político, rasgando a Constituição, de acordo com a conveniência e os interesses de cada Ministro. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Resposta a um homem digno

Recebo do meu querido amigo e irmão em Cristo, Marcello Pizo, e-mail que me obrigo a divulgar, até porque o ‘’amigo’’, a que ele se refere, sou eu. Obrigo-me, também, porque Marcello mantém a dignidade dos que não abrem mão de seus princípios, nem para obter privilégios. Conheci-o, assim, há 20 ou mais anos e tê-lo entre meus raros amigos, estufa-me o peito de orgulho. Entendo e aplaudo o rigorismo dele, porque, do outro transijo em meus ideais, para obter privilégios ou vantagens. ‘’Vivi’’ 1964 e o segui lado do rio, precisamente em sua margem direita, também sou assim: não vivendo até hoje, razão pela qual coloco, no mesmo saco de desserviço ao Brasil o PT e o PSDB. Gostaria de ter Dilma apeada do Governo, primeiro, porque ainda vejo nela a terrorista, que não deveria ter sido poupada; segundo, porque, muito mais do que as ‘’pedaladas fiscais’’, coloco, na conta dela, este terrorismo econômico e moral, no qual atolou o Brasil. Não me considero ‘’coxinha’’, porque, nos estertores da vida, continuo fazendo o que faço há 60 anos: trabalhando duro, para honrar a confiança que depositam em mim. De igual sorte, nem de longe Marcello pode receber a alcunha de ‘’petralha’’. Não me lembro dele senão como um jovem aguerrido, depois, um maduro homem aguerrido, que não se abate, nem se corrompe e faz do trabalho honesto o único meio de manter sua família. Parabéns, meu caro Marcello, por estar na ‘’contramão’. Como diria Vinicius ‘’se todos fossem iguais a você...”

PELA CONTRAMÃO
Ontem a noite encontrei um querido amigo na esquina de casa. Além de vizinhos da mesma rua, frequentamos a mesma paróquia e nos conhecemos desde os anos 90, quando ele era um dos advogados da empresa do meu pai.
Temos um grande carinho um pelo outro e compartilhamos, além do convívio na igreja, algumas afinidades. Somos apaixonados por cães e pelas respectivas esposas, adoramos literatura e história, fazemos algumas caminhadas juntos no Parque da Aclimação e gostamos de escrever.
As conexões acabam por aí. Na política pensamos profundamente diferente, o que não inviabiliza nossa relação afetuosa e respeitosa.
Voltando à vaca fria: ontem a noite, logo após nos abraçarmos, ele disse que pensara em mim durante o dia, após acompanhar os noticiários. Sabedor da minha relação com o vice-presidente e do meu vínculo com o PMDB, supôs que com a debandada do Partido do governo, eu me daria bem...
Contei a ele que sua suposição era completamente infundada.
Minha relação com o PMDB começou nos meus 14 anos, no longínquo ano de 1981, quando conheci Almino Affonso voltando do exílio. Mais tarde, ao atingir a maioridade, me filiei e “fiz carreira” no Diretório Zonal de Perdizes, onde fui de membro a presidente, além de me eleger para cargos municipais e estaduais, sem NUNCA ter tido emprego no governo.
Há alguns anos, sobretudo após a morte do Quércia, me afastei da vida partidária. Minhas raras participações ocorreram para ajudar alguns companheiros nas montagens das chapas do diretório e em alguns votos esporádicos em candidatos amigos filiados a sigla.
Com os últimos acontecimentos – processos do Eduardo Cunha, apoio ao fechamento das escolas estaduais pelo líder da bancada estadual Jorge Caruso, filiação da Marta, etc – entreguei em 21 de dezembro minha desfiliação ao meu presidente do Zonal, Mauro Calló.
Portanto, NÃO ME DAREI BEM. Não quero me dar bem dessa forma e muito menos fazer parte desse movimento oportunista e golpista.
Mesmo tendo muito respeito pela trajetória do Michel Temer, pelos tantos anos de convívio, jamais apoiarei sua postura e seu eventual governo, caso o golpe se instale no planalto.
Meu amigo, lembrando-se de minhas posições contrárias ao apoio do PMDB ao governo FHC, da minha briga com o Quércia quando ele se juntou aos tucanos e agora com minha desfiliação, às vésperas do Partido vislumbrar a subida da rampa, concluiu “Você sempre está na contramão”.
Assim como para Drummond, o anjo torto, daqueles que vivem nas sombras, me disse: Vai, Marcello! Ser gauche na vida.
Eu fui...





segunda-feira, 4 de abril de 2016

Ainda o Supremo Tribunal Federal




Em discurso, pronunciado na última quinta-feira, Lula colocou sob suspeita todo o Supremo Tribunal Federal, ao declarar que, ‘’se tudo correr como esperado (ou combinado), até a próxima quinta-feira (7) estarei assumindo a chefia da Casa Civil da Presidente Dilma.’’ Que nossa Corte Suprema vem adotando posições, digamos, heterodoxas, quando se trata do ‘’petrolão’’ e do impeachment da presidente, é fato que salta aos olhos. Alguns exemplos? As denuncias contra Renan Calheiros, aliado da presidente, no processo de impeachment, em que pesem a consistência e abundancia – são 9 – restam sepultas, ao contrário daquelas que enlameiam Eduardo Cunha, que apoia o afastamento de Dilma. Coincidentemente, aquela Corte, na esteira do fragilíssimo entendimento do Ministro Barroso (e que levaria à reprovação qualquer aluno em Direito Constitucional), apagou os artigos 5I, I e 52,I, de nossa Carta Magna e concedeu poderes ao Senado para arquivar o pedido de impeachment, mesmo que esse tenha sido aprovado pela Câmara Federal. Mais na frente, depois do Ministro Gilmar Mendes decidir, em sede de liminar, que Lula não podia se tornar Ministro, pois sua nomeação era, apenas, ‘’rota de fuga’’, para escapar da possibilidade real de ter sua prisão preventiva, decretada pelo Juiz Sergio Moro, outro Ministro, Teori Zavaski, com aquele ar impoluto, trouxe Lula para a proteção do Supremo e, a partir daí, ciente da descabida blindagem recebida, achincalhou o Poder Judiciário. Ao final da semana passada, ‘’vazou para a Imprensa ‘’minuta’’ de voto, a ser dado pelo Ministro Marco Aurélio, determinando ao Presidente da Câmara que instaure, também, processo de impeachment contra o vice, Michel Temer. Ora, até o cachorro, que ressona a meu lado, sabe que a minuta vazou do próprio gabinete do Ministro e não se precisa ser inteligente para concluir que tal vazamento objetivou esfriar os ânimos do PMDB e fazer com que os ‘’rebeldes’’ corressem à mesa das barganhas, em que se transformou o Palácio do Planalto. Sugiro que a operação ‘’lava jato’’ passe a observar os novos titulares desses cargos barganhados. Ainda falando sobre o Supremo, não nos esqueçamos que a Ministra Rosa Weber (desconhecida Juíza Trabalhista que chegou à Corte  por influencia do ex-marido da presidente),foi citada, por Lula, como ‘’aliada’’, naquela conversa gravada, entre ele e Jaques Vagner, o ‘’passivo’’. E, para completar, sem estranheza, porque, salvo honrosas exceções, os Ministros do Supremo são pouco afeitos à Constituição, assisto à defesa que o Advogado Geral da União faz da pessoa da presidente da República. Ora, simples leitura do art.131 da Constituição, indica que ‘’a Advocacia–Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União... ‘’não precisa ser jurista para concluir que ‘’representar a União’’ não significa representar a presidente que, se está sendo processada, como qualquer mortal, tem que, a suas expensas, contratar advogado para defendê-la. Vem-me à memória – e eu o adapto – o tema da redação de meu vestibular: ‘’ou o Supremo quer evitar o mal e não pode, ou pode evitar o mal, mas não quer’’.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Chico Buarque ataca outra vez

Chico Buarque de Holanda saiu do sarcófago, foi assombrar ator, proibindo-o de cantar ancestrais músicas suas e, ontem, ressurgiu no Rio, nas manifestações ‘’pró Dilma’’ e ‘’pró Lula’’. Ah, o velho e memorável Chico, hábil e astuto oportunista! Fez fama e fortuna, compondo músicas de protesto ao regime militar e, quando o tempo esquentou, corajosamente refugiou-se na Itália, bebendo bons vinhos e comendo saborosa ‘’pasta’’. Na verdade, nunca incomodou aos militares, pois sua oposição era feita da varanda do ‘’Antonio’s’’, o então mais badalado – e caro – restaurante do Rio, freqüentado por artistas de esquerda e milionários, de todo o gênero. O regime militar foi embora, deixando o Brasil nas mãos dos corruptos civis, à exceção de Itamar Franco e Chico continuou compondo, agora com menos intensidade. Os infames e detratores (sempre os há, em profusão) insinuam que a inspiração de Chico sofreu brutal baque com a morte do pai, o historiador, Sergio Buarque de Holanda. Insinuação pérfida, com a qual não comungo! É que o Chico estava preocupado em defender Fidel e Chavez, tarefa ingente para quem sempre se apregoou paladino da liberdade. Também andou escrevendo uns dois ou três livros, que não decolaram. Depois sumiu e as novas gerações desconhecem a ele e a sua obra, o que é uma pena, porque tem muita coisa boa, à exceção dos ‘’hinos revolucionários’’. A ultima vez que Chico se mostrara ao mundo foi beijando mulher, nas águas do Leblon. O marido da dita cuja deu entrevista, enraivecido, chamando Chico de ‘’velho babão’’. Babão, mas faturou a mulher do cara que, no fundo, deve ter ficado envaidecido pelos chifres levados. Agora, Chico volta a brilhar, em plena Cinelândia, defendendo Dilma, a incompetente e Lula, o milionário, que, ‘’sem querer, querendo’’, colocou seu patrimônio em nome de terceiros. Chico é assim mesmo: sempre escolheu péssimas companhias políticas. Chico é assim mesmo: sempre apoiou – e continua apoiando – ditaduras sanguinárias e, se possível, faturar ‘’algum’’. Não me surpreenderei se se transformar no ‘’muso’’ dos movimentos que chamam de ‘’golpe’’ o despejo de uma presidente, cuja campanha foi movida com o dinheiro do ‘’petrolão’’. O velho e esperto Chico, aproveitando a ocasião, volta à ribalta, mistura-se ao povão, realiza alguns shows, reforça o caixa e retorna a seu uísque de incontáveis anos, a sua confortável residência e a seu particular campo de futebol, onde, por certo, peão não entra.